Daslan Melo Lima
“Você precisa acabar com esse jeito de menino sentimental! Vou levar você para jogar futebol!”, disse-me um dia meu amigo Dagoberto Souza Caldas. E lá fui eu, sem preparo físico e psicológico, rumo ao “Cento e dez”, um terreno baldio da São José da Laje dos anos 60.
“Vamos colocá-lo para jorgar como goleiro", ordenou alguém, o que me pareceu muito fácil, pois seria só ficar atento para não deixar a bola do adversário passar. No início, anjos invisíveis ajudaram-me e consegui evitar alguns gols, mas quando começou a entardecer , um belo por do sol desviou minha atenção. De repente, uma bolada na barriga me fez ver estrelas e caí contorcendo-me de dor. “Acabou a carreira dele!" "Adeus, revelação do futebol alagoano do ano!”, gritavam os meninos. Foi minha primeira e última pelada. Na ensolarada manhã deste domingo, aceitei o convite do Vento para reviver aquele momento. Sorrindo, o menino que fui agarrou a bola consciente de que estava administrando com humor e sabedoria as ilusões e desilusões de um tempo que se foi.
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No Clube Verde Campo, em Timbaúba, PE, 26/01/2014.
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