Daslan Melo Lima
RAIOLANDA, AQUELE 11 DE JUNHO
O ano era 1966 e o Brasil vivia há dois
anos sob o regime miliar. O presidente da república era o marechal cearense Humberto de
Alencar Castelo Branco (1897-1967). Naquela noite de 11 de junho, no Sport
Club do Recife, sete jovens disputaram o título de Miss Pernambuco: Raiolanda
Castelo Branco, Miss Circulo Militar do Recife, primeiro lugar; Sônia Queiroz,
Miss Vitória de Santo Antão, segunda colocada; Leda Maria Pontes, Miss Clube Sargento Wolff, terceiro lugar;
Leda Helena Martins Medeiros, Miss Sport Club do Recife, semifinalista; Ednalva Lima de
Araújo, Miss Caruaru; Wilma Biondi, Miss Clube dos Universitários, eleita Miss Simpatia;
e Maria da Conceição Alencastro Cavalcanti, Miss Clube Líbano Brasileiro.
O evento teve caráter beneficente, com renda
destinada ao Lions Club de Boa Viagem. Apresentadores: Carmen Towar e Cicero
Moraes. Na comissão julgadora, Oswaldo Múcio Vasconcelos, Cid Sampaio, José
Ramos Lopes, Fernando Milanez, José Sales Filho, Edward Rowel, (cônsul dos Estados Unidos), Francisco de
Paula Acioli Filho e Célia Ferreira.
Alda Maria Simonetti Maia, Miss Pernambuco 1965, e sua sucessora, Raiolanda Castelo Branco. ***** Crédito das imagens: blog do Fernando Machado.
Raiolanda Castelo Branco, que usou um modelo rosa
desenhado por Jurandir e confeccionado por Inês Peixe, tinha 1m72cm de altura, 91cm
de busto, 100cm de quadris, era natural do Rio de Janeiro e tinha sido eleita Rainha das Piscinas
de Pernambuco, conforme escreveu o jornalista Fernando Machado em seu blog, numa matéria de 11/06/2011,
recordando os 45 anos do certame.
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Raiolanda em foto de 1995.
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RAIOLANDA, VALEU A PENA
Acervo DML/Passarela Cultural |
No Jornal do Commercio, Recife, edição de
02/12/1991, Fernando Machado teceu o comentário abaixo, ao
apresentar Raiolanda como sua entrevistada da secção Perfil do Consumidor.
O peso do sobrenome foi seu maior
inimigo. Antes de ingressar na imensa passarela do Maracanãzinho, em forma de ferradura, Raiolanda Castelo Branco foi recebida com vaias pelo
público carioca. Mas o o alvo não era a Miss Pernambuco-66, considerada pela
imprensa como a melhor plástica do concurso naquele ano, e sim o primeiro governo
do regime militar, o do presidente Castelo Branco. Quando Raiolanda, usando um
belíssimo modelo criado por Marcílio Campos e maquiada por Múcio Catão chegou à metade da passarela, não se ouvia mais ruídos de vaias e sim de aplausos. E quando
trocou o vestido pelo maiô, confirmara o prognóstico da imprensa, saiu do Maracanãzinho
consagrada, sob aplausos e assobios de aprovação.
Raida como é carinhosamente chamada pelos
mais íntimos, nasceu no Rio, num dia 3 de maio, e entrou no Miss Pernambuco por
acaso, atendendo o convite do coronel Ivan Ruy de Andrade e do major Alcione Melo, presidente e diretor social do Círculo Militar. A festa aconteceu no
Sport e a torcida rubro-negra queria que a vencedora fosse sua convidada Leda Helena Martins e, por conta disso, Raiolanda foi coroada sob aplausos e vaiais. (...)
Concorda que a mulher está emancipada, apesar de admitir que isso devia ter
acontecido bem antes. “Emancipação implica em juízo e há milhares de anos que a
mulher tem demonstrado inteligência e capacidade. A História cita inúmeras mulheres célebres que evidenciaram o seu valor”, confessa.
Raiolanda Castelo Branco confia na mulher
fazendo política e diz que o dia mais feliz como Miss Pernambuco foi "quando ao
término do meu reinado tive a maravilhosa certeza de que meus amigos continuavam
os mesmos e que também tinha adquirido outros. Digo isto porque ao
entrar para o concurso as pessoas falavam tantas historias que fiquei
preocupada com o que poderia acontecer. Graças a Deus, tudo foi bom demais e
hoje sou uma mulher feliz, tanto profissional como socialmente."
Abaixo, algumas das perguntas feitas por
Fernando Machado à Miss Pernambuco 1966, e suas respectivas respostas sobre o assunto Miss.
Uma Miss Brasil – Ieda Maria Vargas
Uma Miss Pernambuco – Sonia Maria Campos
Uma Miss que a
influenciou – Nenhuma. Tudo aconteceu inesperadamente.
Uma Miss Pernambuco que
merecia ser Miss Brasil – Ana Maria Guimarães, Miss Pernambuco de 1988
Uma jovem que
merecia ser Miss Pernambuco - Fabiana Pirro
Sua maior
alegria como Miss – A vitória no Miss Pernambuco, pois não esperava sair do Sport com
a faixa e a coroa
Sua maior
decepção como Miss – Só tive alegrias
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Detalhe: Na época dessa entrevista, a atriz pernambucana Fabiana Pirro tinha sido eleita Rainha do Baile Municipal. No ano seguinte, representou o Estado da Paraíba no Miss Brasil 1992.
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Robert Perman e Raiolanda Castelo Branco Perman, um dos casais mais queridos da sociedade pernambucana.
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RAIOLANDA CASTELO BRANCO PERMAN,
O MESMO PERFUME
Numa tarde cinzenta de junho de 1966, ao
passar na praça da Independência, na frente do Diario de Pernambuco, conheci
Raiolanda Castelo Branco, mas não ao vivo, através de uma exposição fotográfica
mostrando as candidatas ao título de Miss Pernambuco, exposta na vitrine da loja Dias
Junior. Eu sonhava assistir ao concurso, mas
aquilo fazia parte de um mundo mágico e glamouroso, muito distante da minha realidade social e econômica.
Acervo DML/Passarela Cultural |
Isso está lá, na revista Realidade, Ano 1, número 5,
mês de agosto, uma publicação da Editora Abril, em cuja
capa aparece a chamada instigante PORQUE CHORAM AS MISSES. Detalhe: a revista citou o nome da Miss PE 66 como Raiolândia e não Raiolanda.
Conheci Raiolanda Castelo Branco Perman pessoalmente em 1994, quando coordenei o concurso
Rei e Rainha dos Estudantes de Pernambuco, etapa Timbaúba. Ela veio compor a comissão julgadora como convidada do Fernando Machado, coordenador geral do certame estadual. Quando anunciei o seu nome para fazer parte da mesa do júri, o público aplaudiu a Miss Pernambuco 1966 com um carinho e um entusiasmo impressionantes. Com a palavra o poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616): "Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume."
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2 comentários:
Daslan, é sempre bom rever as misses do passado.
Raiolanda Castelo Branco foi uma, marcou época como rainha da beleza pernambucana. E continua desfilando sua classe nos salões sociais.
Muciolo Ferreira
Perfeito o encerramento desta crônica com a citação de Shakespeare.
C.Rocha de Floripa
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