Daslan Melo Lima
Esta secção é a reedição da Sessão
Nostalgia “Há corrupção nos concursos de
misses?”, de 11 de dezembro de 2010. Repaginei a matéria e postei as páginas e
fotos da revista que serviu de fonte, dando uma feição mais fiel de
documentário.
PRÓLOGO
Ano de 1958. A carioca Adalgisa Colombo
(1940-2013), Miss Botafogo, tinha sido coroada Miss Distrito Federal embaixo de
vaias e protestos, pois a preferida do público era sua vice, Ivone Richter, Miss
Riachuelo. Logo em seguida, Adalgisa Colombo venceu o Miss Brasil e recebeu a
faixa de sua antecessora Terezinha Morango (Miss Amazonas, Miss Brasil,
vice-Miss Universo 1957), também sob vaias e protestos, já que a predileta do Maracanãzinho era
Sônia Maria Campos, Miss Pernambuco, segunda colocada.
Pegando carona naquele
cenário tumultuado, a revista MORAL, edição nº 4, especialista em focalizar
assuntos polêmicos, circulou em todo o Brasil com uma capa onde a atriz Kim
Novak aparecia em foto principal, mas na imagem menor estavam Adalgisa e
Terezinha com a legenda "Corrupção nos Concursos de Misses !!" Abaixo, na íntegra, a reportagem da Moral, com pequenos ajustes, a fim de adequá-la à ortografia atual.
O LADO IMORAL DOS CONCURSOS DE
BELEZA
As competições de beleza plástica existiram em todos os tempos, mas em outros tempos idos, que se perdem e se esfumam num passado muito longínquo, havia um único propósito: a eugênia! Desde então, os cânones de beleza plástica foram estabelecidos, mas com o evoluir dos povos, com a intromissão da civilização no campo complexo da eugênia, que tinha por escopo primacial o aprimoramento das raças, outros métodos e princípios, objetivos e sistemas, foram adotados na seleção e respectiva eleição das mais belas mulheres existentes entre os homens.
O povo norte-americano se habituou,
rapidamente, a essa espécie de “bolsa de valores”, plásticos, bem entendido,
sendo matéria corriqueira a escolha de uma “miss” qualquer, para representar
até mesmo a melhor marca de manteiga ou de uísque, como se apenas às mulheres
fossem outorgadas prerrogativas de possuírem um melhor físico ou mesmo uma
melhor “fachada”.
Em Long Beach, praia mundialmente
conhecida das costas do Pacífico, cenário obrigatório de quantas “estrelas” e
“astros” existam no firmamento
cinematográfico de Hollywood, realizam-se, todos os anos, esses prélios de
beleza universal, no qual disputam mulheres, de todas as idades, até mesmo
matronas respeitáveis, o cetro de Miss Universo.
O Brasil, como não poderia deixar de
acontecer, também participa do desfile. Também envia sempre a sua
representante, embora sem a esperança, que nunca morre, de vermos, um dia, o
nosso “belo sexo” coroado com o ornamento consagrador, no alto da cabeça. Houve
uma época, que se repetiu por muitos e muitos anos, que apenas as “beldades”
ianques eram galardoadas com o cobiçado título, mas com o advento, cada vez
mais forte do panamericanismo, a política entrou no meio, e os “ juízes”
tiveram que modificar seus veredictos, em benefício de outros povos, e mesmo de
outras raças!
Assim é que vimos a América Central e do
Sul fazendo força, impondo suas representantes aos olhos nem sempre abertos dos
“experts”, dos “juízes”, da imprensa e finalmente da opinião pública, a quem
tinham seus organizadores que dar satisfações.
Lá,
como aqui, sempre houve “marmeladas”, mas essas “marmeladas” eram trabalhadas
secretamente, quase que via diplomática, sem que das mesmas participassem,
direta ou indiretamente, as interessadas e seus acólitos.
No momento, por exemplo, em que já
elejemos nossa representante para o grande prélio de beleza, surgem os
descontentamentos, os insultos, as intriguinhas, as maledicências, contra esta
ou aquela candidata ao “passeio” e aos presentes, pelo fato de não serem suas
acusadoras contempladas como esperavam.
E a fita métrica entra em cena, depois,
nas redações dos jornais, para comprovar a “marnelada”, a qual tanto pode ser
“Colombo” ou “Pesqueira”. A marca não interessa para nós, mas sim a natureza de
sua manipulação, de seu paladar, de sua “embalagem” em suma.
Acreditamos, mas não endossamos a atoarda
que se fez em torno da escolha de Miss Distrito Federal. A senhorita Adalgisa
Colombo merecia o galardão que recebeu, mas se houve ou não “marmelada” na dita
eleição, bem como na prova final, não temos provas para acusar, cabendo-nos
apenas fazer eco do acontecimento mundano e registrá-lo devidamente em nossas
colunas, com a respectiva crítica que o programa de MORAL nos autoriza.
Aqui fica apenas uma pergunta aos srs.
moralistas e falsos puritanos: Que se procura alcançar, hoje em dia, com esses
concursos de beleza? Que objetivos visam seus promotores? Que resultados
práticos poderão obter essas jovens que tão impensadamente se entregam a tais
maratonas de nudez?
Raríssimas são as exceções em certames de
tal natureza em que as candidatas derrotadas saiam imunes da batalha, e essa
batalha é travada nos vestiários, nos dancings, nos clubes, nas reuniões de
gente bem, onde a “ronda dos abutres”
faz descer a sua sombra tétrica, à espera de carniça.
Os departamentos de polícia dos Estados
Unidos possuem em seus arquivos inúmeros casos que tiveram sua origem e motivo
nos concursos de beleza. Há até uma organização de traficantes de “carne humana”
que se mantem sempre vigilantes sobre as misses eliminadas, sendo essa
“mercadoria" para eles de grande valor.
Se uma candidata ao cetro de beleza não se
faz acompanhar de uma pessoa da família, seu fim será triste, caso não tenha
forças suficientes para vencer ou afugentar os “vampiros” que voejam a sua
volta.
Triste época, caricata época das grandes
festas florais dedicadas à Deusa Vênus da velha Grécia de Apolo!
EPÍLOGO
A expressão "marmelada" Colombo
remete ao sobrenome de Adalgisa e à célebre Confeitaria Colombo, enquanto marmelada Pesqueira é uma alusão aos doces pernambucanos de uma
marca que homenageava a cidade de Pesqueira.
De vez em quando, surgem especulações de
favorecimento, notícias envolvendo tramas e manipulações para que o resultado
de um concurso de Miss seja de uma forma e não de outra.
Sei que é muito difícil um resultado
agradar a todos. Um concurso de beleza não é apenas glamour, também é suor,
tensão, determinação, disciplina, risos, lágrimas, etc. Seja como for, um título de Miss perdura por
toda a vida e ninguém tem o direito de brincar com o destino de lindas jovens
sonhadoras. Um voto, um ponto, um cochilo, uma fofoca, podem mudar para sempre a rota da
caminhada de uma garota.
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4 comentários:
Mto bom!!!!11kkkk!Eu comi ,muito,marmelada Peixe...A história das misses garfadas e favorecidas sempre foram uma constante nos concursos.Em geral,acho q não!Revendo os concursos com mais calma,a gente vê o antes a paixão não deixava ver;mas Adalgiza não tinha nenhuma fotogenia,mas um vídeo,do concurso,ela estava deslumbrante.Abraços,Japão
Boa noite,
Adalgisa Colombo faleceu de quê? Qual a causa?
A matéria é de 1958, mas as reflexões sobre o assunto permanecem atuais.
C. Rocha de Floripa
Adalgisa Colombo morreu no Rio de Janeiro, na madrugada do dia 17 para o dia 18 de janeiro de 2013.
A causa da morte não foi divulgada pela família.
O corpo foi enterrado no Cemitério Israelita de Vilar dos Teles, na Baixada Fluminense.
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