Daslan Melo Lima
Era o final de uma quarta-feira fria e chuvosa, 26 de
julho de 1978, no centro do Recife. Numa banca de revistas, o jornal paulista Noticias
Populares estava bem exposto, trazendo na
capa a foto de Margaret Gardiner, Miss África do Sul, eleita Miss Universo dois
dias antes, em Acapulco, México. A
chamada dizia:
Miss Universo é poetisa e
tem livros publicados
Logo pensei: se depender de mim e dos seus admiradores,
os livros da nova Miss Universo irão daqui a pouco para as listas dos mais vendidos do mundo. Segundo o Notícias Populares, as medidas de Margaret eram as seguintes: 1,76 de altura, 96 centímetros de busto, 71 de cintura, 96 de quadris e 61 quilos.
Margaret Gardiner, uma das minhas Misses
Universo favoritas, nasceu na Cidade do Cabo, África do Sul, em 21 de agosto de 1959, filha de
um gráfico e de uma dona de casa. Era modelo e, além das passarelas do seu
País, já tinha desfilado nas de Paris, Argentina e Brasil, quando esteve em Foz
do Iguaçu e Rio de Janeiro.
Quando a revista Manchete saiu nas
bancas falando da vitória de Margaret Gardiner, no que se refere à sua carreira literária, a informação dizia assim: Depois deste ano de Cinderela, ela
pretende se dedicar à literatura, pois já tem um conto publicado na revista Darling,
da África do Sul. Margaret Gardiner não se considera feminista: “Prefiro um
homem que se encarregue do trabalho enquanto me torno escritora.” Antes ou
depois do reinado, sem dúvida encontrará esse príncipe. Disse ainda a Manchete: Margaret tem o saudável físico de camponesa, embora tenha nascido na Cidade do Cabo.
Em 1978, a África do Sul vivia sob o regime do apartheid. Usando de
diplomacia e inteligência, ao ser perguntada por um jornalista se seria capaz de
casar com um negro, a Miss Universo 1978 respondeu:
Casaria com qualquer homem que amasse.
De hoje a 15 dias fará 36 anos que conservo as imagens acima num álbum de recortes. Margaret Gardiner atualmente é jornalista de televisão, radicada nos Estados Unidos, esposa de Andre Nel, professor de Medicina
na Universidade da Califórnia, em Los
Angeles. Conforme podemos constatar através das imagens abaixo, o tempo tem sido um ótimo aliado da sua beleza. As fotos são recentes e foram extraídas do Facebook.
Neste final de sábado frio e chuvoso, enquanto encerro esta crônica, admiro a excelente forma física de Margaret Gardiner e fico meio chateado com o tempo. Acho que só eu estou envelhecendo. Por isso, em silêncio, declamo um trecho de Retrato, aquele poema famoso de Cecília Meireles (1901-1964).
Eu
não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que
espelho ficou perdida
A minha face?
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