"A sala está repleta. O vozerio é enorme. Impecáveis garçons servem
uísque e champanha. Ela, porém, parece distante. É Marta Rocha, a mais bonita,
dentre todas a mais sediada."
Assim começa o texto da reportagem A beleza também chora, escrita por
Ronaldo Bôscoli (1928-1994), com fotos de Jankiel, na revista Manchete, nº 438,
Ano 8, 10/09/1960. Confissões de Marta Rocha, diz uma das chamadas da capa.
A foto na página dupla mostra uma mulher linda que em 1954
conquistou o segundo lugar no concurso Miss Universo e virou um ícone, um mito.
Seria dela o título de mulher mais bela
do mundo se não tivesse duas polegadas a mais nos quadris, reza a lenda. Martha
Rocha estava viúva do empresário argentino
Álvaro Piano, morto em um acidente aéreo.
"Moro a 50 anos metros do mar
e não me arrisco a ir à praia com meus filhos. Faz pouco tempo tinha de entrar
no cinema quando o filme já tivesse começado e, para sair tranquilamente, sem
atropelos, devia fazê-lo antes do final da fita."
"Olhe, eu não acredito em
felicidade sem esforço, nem em amor sem um certo sofrimento. Mas não posso me
conformar que o destino me apunhalasse tão profundamente. Tenho que proteger
meus filhos e na realidade quem precisa de proteção sou eu, tenho que fazer
quase tudo que não me agrada e essa constante contrariedade está minando minha
vida. Tenho que ser outra pessoa quando minha vontade é ser a verdadeira Marta
Rocha."
Quem foi que disse que a beleza é um
passaporte para uma vida sem problemas? Martha Rocha casou novamente, teve uma
filha, descasou, ilustrou outras capas de revistas, colheu óutros aplausos, conheceu problemas financeiros, enfrentou um câncer...
Como será o Natal de 2015 de Martha Rocha?
Seja como for, acho que ela diria hoje o que disse ao Ronaldo Bôscoli há cinquenta e quatro anos:
"De qualquer maneira valeu a pena ser Marta Rocha. Sendo a Miss Brasil, eu fui Madame Álvaro Piano, a mulher mais feliz do mundo."
"De qualquer maneira valeu a pena ser Marta Rocha. Sendo a Miss Brasil, eu fui Madame Álvaro Piano, a mulher mais feliz do mundo."
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4 comentários:
Daslan,
embora estejamos a dois dias do Advento, tempos de alegria, de celebração do nascimento do Filho de Deus, nunca é tarde para lembrar que a morte é a coisa mais democrática que existe no mundo. Porque vem para todos. E com Martha Rocha não foi diferente, quando perdeu o grande amor de sua vida.
Um Feliz Natal a todos os leitores do Passarela Cultural, especialmente ao seu editor.
Muciolo Ferreira
A dor de Martha,foi nossa também.Particularmente,eu era criança e ainda ficou marcado na memória de muitos...MB54 vive às custas da ajuda do filho,em Volta Redonda.Lá encontrou abrigo,prestígio e diminui,quem sabe, a solidão.Jap>PS: com os diários associados,MB era celebridade,hoje?
Marta Rocha não é apenas uma mulher belíssima; Marta Rocha é um exemplo incomparável de dignidade, virtude e honra;mesmo nas horas mais difíceis, jamais se prostituiu ou renegou os seus valores neste mundo devastador em que vivemos; que Deus abençoe essa notável criatura !
O BRASIL SEMPRE SERÁ APAIXONADO POR ELA SUA BELEZA SEU CARISMA E DIGNIDADE TD EMOLDURADO POR FAISCANTES OLHOS AZUIS
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