Aurineide Marques de Lima, uma das personalidades mais estimadas de Timbaúba, postou um texto emocionante em seu Facebook, um depoimento corajoso abaixo transcrito como lição de humildade, coragem, determinação e fé.
Não costumo falar da minha vida pessoal no Face. Hoje abro uma exceção porque sinto a necessidade de falar de um fato da minha infância que teve um efeito funesto na minha vida e só falando para um grande número de pessoas posso dizer que estou livre de um medo irracional e ilógico. Um fato em si não tem importância e sim os efeitos que ele causa no nosso inconsciente, nos nossos sentimentos. Quem tiver paciência de ler, leia, mas sabendo que as opiniões e os julgamentos não me importam.
Até 8 anos a vida para mim era uma festa. Apesar de ter nascido com 850 gramas, isso não me causou lesão cerebral ou déficit de inteligência, o que era de se esperar. Ao contrário, era uma criança muito inteligente. Foi aí que minha mãe adoeceu gravemente, o que não permitia que ela me controlasse como fizera com os outros filhos. Vivia brincando com os moleques, amigos do meu irmão, fato que o desagradava. A tarde estudava no Grupo Escolar, que ficava no centro, perto da Igreja Matriz, como era comum nas cidades do interior.
Até 8 anos a vida para mim era uma festa. Apesar de ter nascido com 850 gramas, isso não me causou lesão cerebral ou déficit de inteligência, o que era de se esperar. Ao contrário, era uma criança muito inteligente. Foi aí que minha mãe adoeceu gravemente, o que não permitia que ela me controlasse como fizera com os outros filhos. Vivia brincando com os moleques, amigos do meu irmão, fato que o desagradava. A tarde estudava no Grupo Escolar, que ficava no centro, perto da Igreja Matriz, como era comum nas cidades do interior.
Não lembro quando, mas o fato é que comecei a observar as crianças ricas, que moravam no centro, filhas de médicos, dentistas, senhores de engenho, etc. Todas tinham lindas bonecas. Comecei a desejar uma, cheguei a pedir a minha mãe, que me explicou que éramos muito pobres e ela não podia comprar. Entendi, mas o desejo permaneceu, transformando-se, diria, em obsessão. Então tive uma ideia que logo coloquei em prática. Procurei meu cunhado e disse que minha mãe mandara pedir uma quantia emprestado. Ele me deu o dinheiro e fui correndo para a loja onde comprei a boneca de cabelos e que chorava. Ora, uma rua pequena onde todos se conheciam não poderia esse fato passar desapercebido.
Escola Santa Maria - 1º ano Pedagógico - 1960 Aurineide está em pé, na extrema esquerda. |
Os dias passaram, as feridas sararam, os hematomas desapareceram. Morria a criança e nascia nela um porco espinho. Fiquei com medo de tudo e de todos. Quando a noite caía, uma angústia tremenda tomava conta de mim. Tinha medo de dormir e até hoje sofro de distúrbios do sono. Outra irmã que ficara como minha tutora resolveu apostar em mim, pagando com a pensão que meu pai deixou os dois melhores colégios de Timbaúba. Primeiro o Timbaubense e depois o Santa Maria. Sabe aquela vontade que dá de cometer suicídio? Nunca tive! Meti a cara nos livros e sempre fui uma das melhores alunas de minha classe. Mas não era por amor aos estudos, era por raiva.
Aurineide e o filho Vinicius
Hoje, tenho uma boa reputação tanto pessoal como profissional e enfim estou livre. "Liberdade ainda que tardia". Meus lábios sorriem, um sorriso convincente, mas minha alma chora. Chora pela vida interrompida, pelos amores não vividos, pelos amigos que não tive, pois não é fácil se relacionar com um "porco espinho". O que resta da minha vida é muito menos do que os anos que já vivi ou sobrevivi. E tudo isso por quê? Porque a criança de 8 anos (eu) queria uma boneca.
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O texto Aurineide Marques de Lima, tudo por causa de uma boneca foi postado na página Comportamento, na revista TIMBAÚBA EM FOCO, edição de setembro/2015.
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LUTO
LUTO
Timbaúba, PE, sábado, 24/10/2015 - A cidade amanheceu de luto neste sábado, 24. Enquanto dormia, faleceu o Sr. Garibaldi Maranhão, filho de Elvira Maranhão (in memorian), autora do desenho da bandeira de Timbaúba. Casado, três filhos, funcionário aposentado do INSS, Garibaldi adorava Carnaval e era torcedor apaixonado do Santa Cruz Futebol Clube. O corpo será sepultado amanhã, domingo, às 10 horas, saindo o féretro da sua residência, localizada na Praça do Centenário, para o Cemitério de Santa Cruz. À família enlutada, as condolências de PASSARELA CULTURAL.
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DEUS chamou nosso amigo Gariba para se encontrar com Sr.João e D. Elvira; na sua chegada à casa do PAI, sua mãe lhe recebeu com aquele sorriso tímido dizendo MEU SANTO, VOCÊ CHEGOU ! Seu pai deu uma risada gostosa e lhe perguntou: Trouxe o meu dicionário?
Timbaúba perde um grande cidadão, o marido de Maria César, o pai de Saulo e dos gêmeos Diogo e Rafael, o irmão de José de Arimateia, Joel (seu irmão gêmeo) e Terezinha.
Timbaúba não será mais a mesma nos três dias de Carnaval e nos dias dos jogos do Santa Cruz e da Seleção Brasileira.
Vá em PAZ, amigo Gariba, sua alegria e humildade será sempre lembrada por todos nós!
Ana Lygia Bezerra
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Timbaúba, PE, domingo, 25/10/2015 - José Garibaldi de Albuquerque Maranhão, gêmeo com Joel de Albuquerque Maranhão,
filho de João José
de Albuquerque e Elvira de
Albuquerque Maranhão, nasceu em 08/06/1947, em Timbaúba, PE, na Rua Marçal
Emiliano Sobrinho, mais conhecida
como Rua Nova, na casa onde hoje funciona a loja "Cuscuz Motos".
Seus outros irmãos chamavam-se José de Arimateia
e Terezinha de Jesus. Era casado
com Maria César da Costa
Maranhão, mãe dos seus filhos Saulo e dos gêmeos Diogo e Rafael. Garibaldi adorava esportes e Carnaval. Estudou nos Colégios Timbaubense e Cenecista. Era funcionário público federal aposentado do INSS. Deixou três netos. Causa da morte: infarto
fulminante. Seu corpo estava coberto com as
bandeiras do Santa
Cruz Futebol Clube e de Timbaúba.
2 comentários:
Lindo depoimento de Aurineide!Se as crianças fossem ouvidas...Jap.
Dra. Aurineide, que história de vida! Somente DEUS para fortalecer a alma sofrida de uma criança que aos 08 anos sofreu tamanho castigo, cuja mágoa carregou por grande parte de sua vida, mas que soube vencer o inimigo (o trauma) que trazia dentro de si e voltar a sorrir para o mundo. Os amigos, com certeza são poucos mas sinceros que a fazem seguir essa fase da existência sorrindo... sorrindo...! Que o grande mestre do Universo a mantenha firme e forte marcada pelo estigma do perdão.
Agora abro um lapso para falar aos familiares do amigo GARIBALDI. Um grande pensador disse: "pouco pode ser dito ou feito perante o único adeus que é definitivo, e nestas horas sobram palavras assim como se multiplicam a dor e a saudade".
A todos os familiares desejamos que tenham muita força e muita coragem perante a ineficácia de qualquer consolo pela perda. Relembrem a pessoa de GARIBALDI com carinho e, na lembrança, memória e amor de vocês que ficaram, temos certeza de que ele viverá para sempre.
Um abraço.
José Antônio Lopes Dias
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