Daslan Melo Lima
Adalgisa Colombo
Está prevista para o próximo mês,
na Globo e no Gloplay, a estreia da minissérie Se eu Fechar os Olhos Agora, escrita por Ricardo Linhares, com direção artística
de Carlos Manga Jr, inspirada no
livro homônimo de Edney Silvestre. A
atriz Mariana Ximenes viverá o papel
de Adalgisa Colombo (1940-2013),
Miss Distrito Federal, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1958.
Adalgisa Colombo, Miss Brasil
1958
No livro “Feliz 1958 – O Ano Que Não
Devia Terminar”, de Joaquim Ferreira dos
Santos, Editora Record – Rio de Janeiro – 1997, há várias revelações que dizem muito da personalidade irreverente da carioca Adalgisa Colombo, a manequim da Casa Canadá que se tornou um ícone da beleza brasileira.
“Fui a primeira miss produzida
em laboratório da história. Eu sabia que não tinha os olhos azul-turquesa da
Marta Rocha: precisava inventar um diferencial, uma armação que superasse as outras.
”
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“O maquiador oficial do concurso
enchia de pancake as pernas de todas as candidatas, para esconder imperfeições.
Aquilo dava um tom horrível à pele, morto. Deixei que o maquiador fizesse o trabalho,
mas antes de desfilar fui ao banheiro e tirei tudo, no lugar coloquei óleo
Johnson. Deu brilho, sensualidade, um aspecto mais saudável e atraente. ”
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“Para que as pernas ficassem
mais compridas ainda dei uma cavadinha no saiotezinho do maiô. Não era uma peça
inteiriça como as de hoje. Vinha com um meio saiote para não deixar muito
definido o desenho do sexo da mulher. Com a cavada, a sexualidade também ficou
mais evidente e agressiva. ”
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“As misses adoravam o
cabelão nos ombros porque dava um clima mais romântico. Eu desfilei de coque. Era
a maneira de valorizar o pescoço, uma parte muito sensual do corpo, e também os
ombros. ”
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“Um dos momentos mais tensos do desfile é
quando a candidata vai ao microfone. Desde o ano anterior eu já estava
trabalhando na Rádio Globo, com um programa de entrevistas, que era uma maneira
de me preparar para o concurso. Me saí bem no teste do microfone, embora tenha
sido um pouco agressiva no discurso. Disse que cada um devia se comportar do
jeito que a educação lhe recomendasse. ”
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“Pela primeira vez o concurso tinha uma
diretora de desfile, a Maria Augusta, da Socila, uma casa de curso de etiqueta
que estava começando naquele ano. Só que eu era uma profissional de desfile,
desfilava no estilo francês, e a Maria Augusta inventava umas coisas muito estranhas
pras misses. Umas rodadinhas, uns pivôs, que faziam a arquibancada vibrar, mas
muito cafonas. Me recusei a fazer as marcacões dela. Desfilei como se estivesse na
Canadá.”
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Adalgisa tinha 1,65m de altura, 56
quilos, 89cm de busto, 61cm de cintura, 21 de tornozelo e 89 de quadris, além de todos aqueles truques que já vimos, mas o concurso de Miss Brasil exigia mais.
Exigia uma avaliação, digamos, intelectual das moças nos bastidores. Os juízes
passavam por elas e faziam perguntas de conhecimentos e sagacidade gerais.
Adalgisa ainda se lembra do momento em que foi sabatinada por Nazaré.
- "Se
o fecho-ecler do seu vestido abrisse no meio do desfile, o que você faria?" –
perguntou o ilustre costureiro. Adalgisa de início boquiabriu-se, depois
pasmou-se. Enfim respondeu: - "Deixaria aberto,
Nazaré. Decotado ficaria bem melhor.''
Ouçam o discurso que ela fez, em inglês, of course, para Robert Kealer, o prefeito de Long Beach, a quem acabara de entregar um chapéu de cangaceiro:
“Dizem que este chapéu foi usado por um
pistoleiro chamado Lampião, que nossa policia militar matou no interior do
Brasil. Mas não tenha medo, senhor prefeito, como o senhor vê, a cabeça dele
não foi alvejada, somente o corpo. Coitado! Parecia um paliteiro.”
Depois das gargalhadas,
Adalgisa pediu que Kealer desse uma voltinha. Por alguma associação de imagens,
lembrou do prefeito carioca, Negrão de Lima, que usava uma piteira toda
empertigada e um chapéu gelô. “O senhor é elegante como o prefeito da minha
cidade”, encantou Adalgisa. Virando-se para a plateia americana, ela encerrou
no mesmo tom. “Colombo descobriu vocês. Espero que agora vocês descubram a Colombo."
Os organizadores do Miss Universo levavam as misses para um tour por Hollywood, sempre uma boa
oportunidade de fotos para as revistas e, quem sabe, um romance consagrador para
alguma moça. Adalgisa já estava comprometida com um empresário e alto funcionário
da embaixada americana. De repente, um dos atores, o mais paparicado de todos,
virou-se incomodado para aquela moça blasê.
- Você não vai me pedir um autógrafo?
- Quem é você?
- Eu sou Hugh O’Brien, o Wyat Earp. Todo mundo me conhece.
- Nunca ouvi falar, mas escreve aqui.
O rapaz, que só faria sucesso no Brasil a partir do ano seguinte, com
a mesma série, subitamente animou-se e tascou lá o autógrafo no papelzinho.
Acreditem no que vem em seguida, porque aconteceu e está sendo contado aqui por
primeira vez – e pela própria autora da façanha. “Eu pequei o papelzinho e
piquei tudo bem pequenininho na cara dele" – relembra Adalgisa gargalhando. - "Onde já se viu homem tão convencido!"
Evidentemente, nem todos
estavam preparados para tanta autossuficiência. Pelo menos um dos juízes do
Miss Universo confessou que foi por aí, por causa dessa arrogância, que o júri
preferiu dar o título à colombiana Luz Marina, deixando Adalgisa com o segundo
lugar. Foi o desenhista Vargas, famoso pelos desenhos de falsas pin-ups no
início da Playboy americana. "Adalgisa perdeu porque
deixou a naturalidade de lado" – admitiu Vargas. Marta Rocha já tinha perdido
porque tentara imitar os gestos e o andar de Marilyn Monroe. Agora é a vez de
Adalgisa. Ela desfilou como se fosse a Gisa, modelo internacional. Não pode. A
Miss Colômbia era mais espontânea e acabou ficando mais bonita com isso.
Vargas queria mulheres de
papel. Adalgisa era difícil de dobrar.
A recomendação de Adalgisa Colombo para Sônia Maria Campos,
Vice-Miss
Brasil 1958
Sônia Maria Campos
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Sônia Maria Campos e Adalgisa Colombo
Fotos de Gervásio Batista - Manchete, Ano 6, nº 325, 12/07/1958
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Ainda do livro de Joaquim Ferreira dos Santos: Em 1958, segundo a reportagem de Luís Edgar
de Andrade, texto, e Indalécio Vanderley, foto – uma das duplas de ouro do incrível
escrete de O Cruzeiro - , a grande concorrente de Adalgisa foi a morena Sônia
Maria Campos, Miss Pernambuco, dona de grandes predicados físicos e que ainda
por cima, como se não bastasse tal glória, “lê Shakespeare no original”. Sua eleição
em Recife tinha ganhado contornos antropológicos: as adversárias, apesar do
sotaque arretado da gota, eram todas louras. Foi preciso que Gilberto Freyre,
com seu zelo genético, saísse de Apipucos para discursar veemente contra a
excentricidade.
Sônia tirou o segundo lugar no Miss
Brasil, o que lhe dava o direito de disputar o concurso Miss Mundo em
Londres. Antes de viajar, está em O Cruzeiro, Adalgisa lhe fez uma
recomendação muito catita: - "Não deixe de ir à Holanda. Lá tem as tulipas, e as
vaquinhas no inverno vestem um casaquinho abotoado na cintura.”
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Mariana Ximenes - Foto: Maurício Fidalgo / TV Globo
“Ela tem um humor ácido
e preciso, tem uma sagacidade absurda, mas, ao mesmo tempo, tem uma amargura
bem profunda, mas que ela não revela. Tem tiradas absolutamente inteligentes. É
uma mulher irreverente e se expressa desta forma na hora de se vestir, no
cabelo, na maquiagem, nas unhas e na própria atitude. A Adalgisa é como
borbulhas de champanhe”, ressaltou Mariana Ximenes sobre sua personagem ao
gshow.globo.com.
Espero que a minissérie Se eu fechar os Olhos Agora focalize com fidelidade a personalidade e a trajetória de Adalgisa Colombo, Miss Distrito Federal, Miss Brasil e Vice-Miss Universo 1958, entre irreverências e borbulhas de champanhe.
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3 comentários:
Dsaslan,
Adalgisa Colombo só tinha, 1,65m ? Pensei que fosse mais alta. No mínimo 1,72m. Não gosto do biotipo da Mariana Ximenes para o papel.Acho que cairia melhor se a atriz escolhida tivesse sido a Juliana Paes que tem personalidade mais forte nos personagens que interpreta. Mas vamos aguardar pra ver onde isso vai dá.
Muciolo Ferreira
Olá, Muciolo, eu também pensava que Adalgisa Colombo fosse mais alta.
Me desculpem a sinceridade , mas sempre omitem verdades . Os concursos de miss Universo de 1957 e 1958 , foram na verdade influenciados por uma espécie de golpe de estado , liderados por Vargas , que queria um boicote latino americano ao concurso que até então não alegia latino americanas . Em 1957 , a verdadeira campeã foi miss Alemanha , não miss Peru , que levou o titulo ( que de tão magra , a coroa desceu à cabeça e foi parar na garganta ). E com isso Terezinha Morango , pegou um vácuo e abocanhou um injusto segundo lugar , pois a rigor nao merecia nem estar entre as 15 finalistas . Adalgisa também foi favorecida , ( aliás o Brasil ) , que emplacou no sistema de Vargas , e em 2 anos seguidos os países latinos americanos , pegaram os primeiros lugares . Quem perdeu com isso foi o Brasil , que acabou perdendo o miss Universo de Maria José Cardoso , por culpa desta política imbecil de Vargas , e que o Brasil foi cúmplice . Adalgisa era linda , porém lhe faltava muito carisma e humildade . jose vagner - cubatao - sp - 13 - 988595800
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