Dayvid Lucas, sobrinho-neto, aproximou-se de mim com uma folha de papel e num segundo, com muita habilidade, construiu um barquinho, coisa que eu nunca aprendi a fazer. Foi meu primeiro presente de 2020. Adorei!
Agradecido, declamei para ele um soneto de Guilherme de Almeida que decorei no meu tempo de garoto, às margens do rio Canhoto, na minha alagoana São José da Laje.
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Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.
Fazia de papel toda uma armada,
e estendendo meu braço pequenino,
eu lançava os barquinhos, sem destino,
ao longo da sarjeta na enxurrada...
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, são como aqueles,
perfeitamente, exatamente iguais...
- Que meus barquinhos lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!
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Quero aprender a construir barquinhos de papel com o Dayvid Lucas.Tenho que aprender, preciso aprender, mesmo que, tentando administrar velhas emoções inacabadas,
venha a perder todos num dia de chuva.
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Daslan Melo Lima
Timbaúba, PE
07.01.2020
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