Daslan Melo Lima
Meu telefone celular tocou na tarde cinza de quinta-feira, 24/11/2011. Era a voz do Apolônio Cardoso, conterrâneo-contemporâneo, para me dizer que Francisco de Assis Pereira, um dos referenciais da educação da nossa amada São José da Laje tinha sido convocado por DEUS para uma nova missão em outra dimensão. Apolônio Cardoso disse-me “... eu já sabia que o mesmo estava doente, acamado, mas nós nunca estamos preparados para esse tipo de noticia. Principalmente de uma pessoa que marcou a nossa vida, a vida de nossa família. Sou muito e serei sempre grato a tudo que ele fez por mim e por toda a minha família. Lamento profundamente, apenas peço e rogo a Deus para que conforte a sua esposa Dona Valda e seus maravilhosos filhos e netos.“
Francisco de Assis Pereira nasceu
no dia 18/02/1935, na cidade de Ouricuri, PE, filho de Camilo José Pereira e
Celina das Neves Pereira. Faleceu em São José da Laje, AL, em 24/11/2011. Era casado com
Valda de Oliveira Pereira e deixou cinco filhos: Fabíola de Oliveira
Pereira, Fabian Klaus de Oliveira Pereira (Didiu), Francisco de Assis Pereira
Júnior (Bolinha), Frances Maria de Oliveira Pereira e Flavyanne de Oliveira
Pereira.
De repente, um filme, em nostálgico preto e branco passou em minha cabeça. Eis-me em São José da Laje, aluno da 1ª série ginasial, final de ano. Assis foi meu primeiro professor de matemática, uma matéria que eu não gostava. Fui reprovado em matemática e fiquei para segunda época, ou seja, eu só passaria para o 2º ano do curso ginasial se me submetesse a um cursinho preparatório e depois a uma prova. O valor do tal cursinho custava 200 cruzeiros em moeda da época, um valor muito alto para a precária situação financeira do meu pai, o sapateiro Odilon Gomes da Silva. Deus sabe como foi complicado conseguir aquele dinheiro, que tanta falta iria fazer para comprar alimentos. Na hora que passei o valor para Assis, ele conferiu cédula por cédula, olhou fundo nos meus olhos, balançou a cabeça e disse: “Eu não vou aceitar.Volte com esse dinheiro e devolva ao seu pai”. Que notícia boa! A feira da semana não ia mais deixar de ser feita.
Na semana seguinte, dia da prova, não consegui responder nenhuma pergunta correta. As dificuldades econômicas do meu pai, os problemas que ele enfrentava por causa de bebida alcoólica e os conflitos entre ele e Ana Melo Lima da Silva, minha mãe, estavam prejudicando a minha capacidade de concentração no estudo. Fui reprovado e tive que repetir e primeiro ano ginasial. Felizmente, mais adiante, com fé em Deus, consegui contornar os problemas e cheguei a tirar algumas notas 10 em Matemática durante o restante do curso e, por extensão, consegui ser o primeiro aluno da classe por várias vezes.
Eu nunca esqueci aquele gesto humanitário de Assis. O seu olhar e a maneira como ele pegou no dinheiro denotava carinho e compaixão para o menino pobre que eu era. A forma como ele me olhou quando recebi a notícia de que fui reprovado no exame de segunda época calou fundo na minh'alma. Foi como ele se dissesse “estude, estude, só assim um dia você vai superar as dificuldades da vida.” Assis e outros professores do meu tempo de infância foram anjos do Ginásio São José.
Da esquerda para a direita, Maninho (professor de Matemática), Antônio Aquilino (professor de História), Marcos Pino (professor de Português), Josenira Albuquerque (professora de Português), Amaury Vasconcelos de Andrade (professor de Geografia) e Francisco de Assis Pereira (professor de Matemática).
Fui aluno de quatro deles: Antônio Aquilino, um ex-seminarista que tinha desistido de seguir a carreira eclesiástica. Com ele, tive algumas das mais empolgantes aulas de História da minha vida; Josenira Albuquerque, a Nirinha, Miss São José da Laje 1965; Dr. Amaury, que sabia conciliar as atividades de dentista com as de professor, que elogiava a beleza das mulheres gregas e adorava poesia; e Assis, um anjo do Ginásio São José, meu inesquecível professor de Matemática, que um dia, com um simples olhar, deu-me uma das mais preciosas lições da minha vida.
Fui aluno de quatro deles: Antônio Aquilino, um ex-seminarista que tinha desistido de seguir a carreira eclesiástica. Com ele, tive algumas das mais empolgantes aulas de História da minha vida; Josenira Albuquerque, a Nirinha, Miss São José da Laje 1965; Dr. Amaury, que sabia conciliar as atividades de dentista com as de professor, que elogiava a beleza das mulheres gregas e adorava poesia; e Assis, um anjo do Ginásio São José, meu inesquecível professor de Matemática, que um dia, com um simples olhar, deu-me uma das mais preciosas lições da minha vida.
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3 comentários:
Comentário de Apolônio Cardoso, de Maceió-Al, via e-mail
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Amigo Daslan,
boa tarde!!!!!!
É muito bom ler (embora eu não goste muito), mas o que você escreve
nos dá uma sensação de querer sempre mais, não parar. Porque tudo,
tudo, sem exagero, que você escreve é FANTÁSTICO, é emocionante.
Porque você Daslan, eu o defino não como escritor mais um transmissor
de sentimento puro, verdadeiro, leal e emocionante.É bom ler o que
você escreve...e escrever sobre você é melhor ainda.
Obrigado pela postagem, ficou linda e o seu texto, como sempre, maravilhoso e emocionante.
Um forte abraço.
Apolônio
PS. Mande-me, via e-mail, o que você escreveu sobre "Seu" Assis (na íntegra)
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Muito comovente a homenagem que Você prestou ao Prof. Assis.
O conheci, e sei que a nossa Cidade está de luto.
Que o Eterno o acolha no seu seio.
Abraço.
Marcelo.
Eu queria saber sobe o filho dele o francisco de Assis pereira junior. Bolinha
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