Adalgisa Colombo, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1958, faleceu no dia 18/01/2013, aos 73 anos de idade. Luz Marina Zuluaga, Miss Colômbia, Miss Universo 1958, faleceu no começo deste mês, dia 02, aos 77 anos de idade. Como tributo póstumo a ambos os ícones da beleza universal, estou reeditando nesta secção a SESSÃO NOSTALGIA de 07/03/2009, certo de que as duas Misses estão cumprindo uma nova missão em um dos fantásticos mundos criados por DEUS.
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SESSÃO NOSTALGIA - Adalgisa Colombo e Luz Marina, o cisne e a pombinha
Daslan Melo Lima
Setembro de 1958. A redação da empresa Diário de Notícias, responsável pela edição da revista Mundo Ilustrado, recebeu a visita de Luz Marina Zuluaga, Miss Colômbia, eleita Miss Universo 1958. Entre a chegada e o coquetel, Luz Marina percorreu as dependências do moderno parque de arte gráfica, acompanhada de Adalgisa Colombo, Miss Brasil, vice-Miss Universo 1958.
A viagem de catorze dias de Luz Marina ao Brasil foi patrocinada por Max Factor, um dos promotores do concurso Miss Universo. Luz Marina veio divulgar a nova linha de produtos de beleza de Max Factor, inclusive o lançamento de um batom com o nome Luz Marina.
Simples, com um sorriso sem formalidades e uma naturalidade que encantou a todos, Luz Marina posou para os fotógrafos Campanella Neto e Adir Vieira. A revista Mundo Ilustrado de 04/10/1958, circulou com quatro páginas e nove fotos dedicadas à bela colombiana. O texto abaixo e as fotos em preto e branco foram extraídas da reportagem Luz Marina Quer Voltar Ao Seu Mundo De Verdade, de Maria de Lourdes Pinhel.
As duas mulheres mais belas do mundo de 1958 posando para Campanella Neto. Luz Marina usava um colar de contas brancas que dava três voltas no pescoço. Adalgisa Colombo portava um colar de cores variadas que dava sete voltas no pescoço.
Luz Marina é simples, recatada, meiga, possui um charme que a todos cativa. Vendo-a é que podemos compreender – pondo-nos no lugar dos juízes de Long Beach – o porquê da sua vitória, o segredo do pontinho que tirou o cetro da nossa Adalgisa.
É que Adalgisa é bela - mas sabe que o é - tem classe, experiência, sabe posar, agradar aos fotógrafos, mas cada movimento seu é calculado, cada palavra estudada com antecedência, para produzir efeito. Ela é, sempre, a modelo profissional, com o sorriso e o andar da passarela.Luz Marina, ao contrário, é a moça que nunca sonhou ser eleita e encara o que lhe está acontecendo como uma aventura maravilhosa. Nada espera conseguir de vantajoso com a sua coroa e no próximo ano, quando for escolhida sua sucessora, voltará à sua casa, à sua vida, aos seus amigos – exatamente como era antes.
Luz não tem ambição: tudo que aspira é casar-se, ser uma ótima dona de casa e ter muitos filhos. Daqui a alguns anos terá alguns quilinhos a mais, uma família numerosa e um lar muito feliz.
A diferença entre elas é que Adalgisa é altaneira como um cisne, e Luz humilde como uma pombinha. mas os juízes preferiram a sua espontaneidade e modéstia aos gestos estudados da nossa Miss Brasil.
Luz Marina nasceu no dia 31 de dezembro, há 19 anos, na localidade de Pereira Caldas, na Colômbia. Estudava no Colégio de Religiosas de La Presentation, em Manizales, e sempre foi ótima aluna; freqüentava festinhas – sempre em companhia da sua Mama, a simpática D.Margarita – jogava tênis e montava a cavalo.
Jura que nunca teve namorado. Tem 4 irmãos: Herman, o mais velho, tem 25 anos e é o chefe da família desde a morte do pai; Oscar tem 22 e é o mais alegre; Jorge é o caçula, com 15. Amparo, de 16, é muito parecida com Luz - o que quer dizer que é belíssima, também. “No mais, no mais! Miss Universo, na família, basta uma” – diz-nos D.Margarita, assustada, quando lhe perguntamos se Amparo se candidataria ao título, daqui a alguns anos.
Luz Marina é perfeita mignon – 1,63 de altura – bem proporcionada, tem a pele de uma linda tonalidade trigueira, olhos brilhantes e escuros, um pequeno sinal junto do lábio superior e uma boca bem desenhada, que está sempre entreaberta num sorriso. É a Miss menos Miss que se possa imaginar. Temos a impressão de que se sente envergonhada com tantas atenções e homenagens. Durante a visita às oficinas – onde assiste, encantada, à impressão do novo número do MUNDO ILUSTRADO – Luz interessa-se por tudo e conversa animadamente, sem demonstrar fadiga, embora esteja cumprindo um exaustivo programa que não lhe permite descanso algum.
“O que mais queria era poder andar nas lojas e comprar algumas coisas lindas, de “recuerdo”. Mas não posso! Ontem, tentei sair, usando uns óculos escuros e um turbante. Mesmo assim, reconheceram-me logo! Tive de voltar correndo para o Hotel. Não sei como fazer1” – queixa-se, desanimada. Conta-nos que nunca, nem sonhando, imaginou ser eleita; estava felicitando Adalgisa pensando que ela fora a escolhida, quando recebeu a notícia. Quase desmaiou. Adora viajar, e gostou imenso dos Estados Unidos, mas não queria viver lá ,e muito menos tentar o cinema.
“O que mais queria era poder andar nas lojas e comprar algumas coisas lindas, de “recuerdo”. Mas não posso! Ontem, tentei sair, usando uns óculos escuros e um turbante. Mesmo assim, reconheceram-me logo! Tive de voltar correndo para o Hotel. Não sei como fazer1” – queixa-se, desanimada. Conta-nos que nunca, nem sonhando, imaginou ser eleita; estava felicitando Adalgisa pensando que ela fora a escolhida, quando recebeu a notícia. Quase desmaiou. Adora viajar, e gostou imenso dos Estados Unidos, mas não queria viver lá ,e muito menos tentar o cinema.
“Tudo o que pretendo é voltar a ser eu mesma, casar-me e ter muitos “niños”. Gosto da vida de casa, de ler romances de amor, de dançar - e aqui no Rio aprendi o samba – de usar roupa esporte, de jogar tênis e andar a cavalo”.
Luz Marina não é supersticiosa nem tem medo de andar de avião. Usa perfume “Nuit de Noell” e uma maquiagem muito suave. O seu hobby é colecionar caixas de fósforos, e tem predileção por anéis.É profundamente católica e o santo de sua devoção é São Judas Tadeu. O que mais detesta é ir ao dentista. Acha os “muchacos brasilenõs” maravilhosos diz-nos, sorrindo, que o seu futuro marido terá de ter bons sentimentos, ser trabalhador... e ganhar dinheiro. Para uma Miss Universo, até que não é muito exigente, não acham?
Por fim, embora sempre amável, Luz Marina mostrava sinais visíveis de cansaço. Tirou os sapatos para repousar os pés, segurou a cabeça nas mãos, fechou os olhos.
“Estou exausta! Daqui a pouco adormeço, nesta poltrona! Desde manhã ando nesta roda viva, e hoje ainda tenho três compromissos e à noite serei entrevistada na televisão. Quem me dera estar de volta á casa, descansando na fazenda...”
Luz diz-nos que espera voltar ao Rio, quando não for mais Miss Universo, para poder apreciar as belezas da nossa cidade e, como qualquer turista anônima, sair e fazer compras sem ser importunada pelos fãs. Mas isso será difícil, pois a uma moça tão bonita como Luz Marina - mesmo não tendo mais a coroa - é impossível passar despercebida. E terá de suportar, pelo menos, os galanteios e os ”fiu-fius” dos seus admiradores cariocas.
E explica-nos que essa fazenda, que a sua família possui nos arredores de Manizales, é o seu refúgio; lá é que vai repousar dos compromissos extenuantes e esconder-se dos admiradores.
Prometeu aos irmãos que estará de volta no dia 31 de outubro para poderem apagar, juntos, as 20 velhinhas do seu bolo de aniversário.
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Adalgisa Colombo em foto recente,extraída do site de Leila Schuster
Adalgisa Colombo preparou-se intensamente para ser Miss Brasil. Perdeu a motivação para conquistar a coroa de Miss Universo quando se apaixonou pelo empresário Jackson Flores e com ele casou antes de terminar o seu reinado de Miss Brasil. No ano passado, recebeu uma homenagem durante a realização do Miss Brasil, pelos 50 anos do título. Na ocasião, declarou que estava muito emocionada mas que não ia chorar.
Um cisne é um cisne.
Luz Marina em foto recente - Jornal El País
Luz Marina foi até o final do seu reinado, casou tempo depois com o médico Enrique Vélez e teve quatro filhos. No ano passado, em sua Colômbia querida, deve ter recebido várias homenagens pelos 50 anos do título de Miss Universo. Nessas ocasiões, deve ter declarado que estava emocionada e se permitiu chorar.
Uma pombinha é uma pombinha.
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3 comentários:
Sempre achei injusta a vitória da colombiana sobre a brasileira, mas lendo esse post minha opinião mudou. Luz Marina mereceu ser a Miss Universo 1958.
Poeta/Missólogo, bela homenagem àquela que é a minha Miss Universo predileta ("uma vez Miss, sempre Miss"), apesar de ter vencido, a brasileira, Adalgisa Colombo, não menos bonita, a grande favorita do certame, em 1958.
Você poderia postar a capa dessa Mundo Ilustrado? Muito obrigado.
Adalgisa marcou o Mundo Miss. Luz Marina deu a Colombia uma vitória, que levou, injustamente, devido a atuação de suas Misses, a nova vitória só em 2014. Outras ficaram várias vezes em 2º, 3º ou 4º lugar.
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