Inspirado nas lives que o missólogo pernambucano Josenildo Batista tem produzido sobre misses, o jornalista, e também missólogo pernambucano, Muciolo Ferreira (mucioloferreira2013@gmail.com), criou dez crônicas significativas, abaixo reproduzidas por ordem alfabética das nossas eternas misses. Nos rodapés de cada crônica estão os links das respectivas lives.
------ Daslan Melo Lima, editor
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UM CISNE CHAMADO DEISE NUNES
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Falar que Deise Nunes de Souza foi eleita Miss Brasil em 1986 como a primeira negra a romper a barreira do racismo e do preconceito, seria o mesmo que lembrar o milésimo gol do Pelé: todo mundo já sabe. Prefiro falar sobre a gauchinha de Porto Alegre como um dos pilares de sustentação dos concursos de misses pós fechamento da TV Tupi em 1980. Até porque com o fim da Tupi o Miss Brasil deixaria de ser um produto de interesse do mercado publicitário estando fadado ao fracasso mesmo com a nova concessionária TVS, de propriedade de Silvio Santos, assumir o certame.
Foi a partir da eleição de Deise Nunes que o Miss Brasil voltou ao noticiário nacional e internacional pelo ineditismo de sua vitória renascendo das cinzas como uma Fênix. Deusa de Ébano, Cisne Negro deslizando nas passarelas, a miss estrangeira de maior torcida no Miss Universo realizado no Panamá. Tudo isso é muito pouco para falar da Miss Canelas que venceu com unanimidade todas as etapas do Miss Rio Grande do Sul e chegando ao Miss Brasil como franca favorita, a candidata a ser batida.
No Miss Universo tinha amplas possibilidades de conquistar o titulo. O que faltou então? Perguntam até hoje os especialistas. Nada. Deise esteve bem em todas as etapas, considerando ter entrado na competição com apenas 18 anos. Ah, foi a entrevista? Não foi. O vestido? Também não. Na verdade ninguém sabe o que se passa na cabeça de um jurado. As vezes nem eles sabem. Uma coisa é certa: se vivo fosse, o pintor Di Cavalcanti colocaria Deise Nunes entre as suas musas-modelos preferidas, cuja beleza estaria imortalizada nas telas cuja pintura dispensaria qualquer retoque. Acho que o escritor baiano Jorge Amado, se vivo fosse, também não hesitaria em criar um personagem inspirado nela para um dos seus livros. Até o internacional Júlio Iglesias se encantou com o seu sorriso.
Além de tudo que Deise representa na história dos concursos de beleza, destaco sua importância no contexto sociológico de uma Nação que, apesar de miscigenada, poucas mulheres da sua etnia conseguiram notoriedade e respeito. Dirce Machado, Miss Clube Renascença 1960, foi a pioneira a participar de um concurso de beleza no então recém- criado Estado da Guanabara. Ficou entre as oito finalistas. Um marco numa época de poucas oportunidades para jovens da cor de sua pele. Em seguida vieram, pelo mesmo Renascença, Aizita Nascimento, em 1963, sexta colocada no mesmo certame estadual, e Vera Lúcia Couto dos Santos que, finalmente, em 1964, era eleita a primeira Miss Guanabara negra. No Miss Brasil, Verinha ficou em segundo lugar. Representou o país no Miss Beleza Internacional que até 1967 acontecia em Long Beach, Califórnia obtendo a terceira colocação.
Só depois de 32 anos do segundo lugar de Vera Lúcia Couto o Brasil indicaria uma afrodescendente para representá-lo no Miss Universo. Deise levantaria a bandeira da diversidade e da autoestima de milhões de outras jovens de sua etnia encorajando-as a participarem de qualquer competição em pé de igualdade com morenas, louras e ruivas. "Mulher brasileira em primeiro lugar", diria Benito Di Paula nos versos do samba.
Assistindo ao vídeo da live 34 anos depois de sua coroação, parece que o tempo não passou. Revejo Deise Nunes de Souza com o mesmo sorriso perfeito, com os dentes iguais ao marfim, o olhar brilhante irradiando simpatia de uma brasileira com B maiúsculo. Na live foi transparente e lúcida nas respostas; brincalhona, de bem com a vida e dizendo está realizada na vida pessoal, profissional e familiar, e agora estreando como avó.
Passa um filme na minha memória e volto ao dia 1° de abril de 1989, tarde de um sábado no antigo Teatro Silvio Santos, na Vila Guilherme. Antes da gravação do Miss Brasil, após a coletiva de imprensa concedida por Silvio Santos aos coordenadores estaduais e aos jornalistas que vieram de outros estados para cobrir o Miss Brasil, dirigia-me ao auditório quando de repente passou por mim um cisne deslizando num vestido de jérsei vermelho com bolas pretas. Tentei me aproximar mas não havia tempo, pois era chamado para sentar no meu lugar na plateia. Eis que surgiu uma simpática senhora que me cumprimentou entregando um cartão com os contatos . Era dona Ana Nunes, mãe da Deise. E ficou nisso. Foi a primeira e única vez que vi pessoalmente a Miss Brasil que mudou a história do concurso. Não desculpo o Josenildo Batista por só agora, quatro meses depois, enviar essa live. Mesmo porque eu teria a curiosidade de fazer a Deise Nunes a seguinte pergunta: "Em qual dessas passarelas você foi mais feliz ? Na passarela do Centro de Convenções do Anhembi, na do Miss Universo ou na passarela da Marquês de Sapucaí?"
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LIVE:
https://www.youtube.com/watch?v=hQr7MhOwGVw&feature=youtu.be
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JACQUELINE MEIRELLES, UM EXEMPLO DE SUPERAÇÃO
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Se existe uma miss em nosso país cuja palavra "superação" sempre esteve presente na sua vida, essa pessoa é a Miss Brasil de 1987, Jacqueline Meirelles. Isso a partir do momento em que ela provou "não existir limite de idade para a beleza ser premiada e coroada". Com 24 anos - a mais velha das candidatas - venceu o mais importante concurso de beleza do país deixando para trás 26 outras misses mais jovens do que ela. -
Assim, aquele bebê de olhos verdes que nasceu em Cuiabá sob o signo de Aires, mas aos seis meses iria morar em Brasília, tornaria primeira e única representante do Distrito Federal até hoje a colocar na cabeça a coroa de Miss Brasil. Isso no limite da idade limite exigido pela coordenação do certame.
Esses fatos e outras histórias de superação estão no livro "Da Coroa ao Cajado", uma autobiografia escrita por ela onde narra tudo o que aconteceu em sua vida, de positivo e negativo, sem omitir nenhum detalhe, desde a frustração com os bastidores do Miss Universo até o momento de superar uma forte depressão emocional que a levaria a três tentativas contra sua própria vida. Segundo Jacqueline "consequência de escolhas ruins já superadas". Em uma hora de live, a empresária respondeu as perguntas dos fãs, de colegas ex-misses, de missólogos e amigos.
Numa conversa bem franca, Jacqueline "abriu sua alma e o seu coração " narrando as experiências do seu reinado até os dias atuais. Não ficou nenhuma pergunta sem resposta. Na tela do meu celular eis que surge uma mulher sorridente, bem humorada, segura e tranquila, com os mesmos olhos verdes brilhantes e os cabelos bem cuidados que certo dia encantaram os jurados e uma nação inteira num dia de sábado, 4 de abril de 1987.
O semblante dela transpareceu "o mesmo sol de 1987", como bem definiu o Josenildo Batista, ao destacar a beleza da Jacqueline no inicio da live. Vou além das palavras do entrevistador: a beleza da eterna miss e ex-modelo, atriz e apresentadora, atual designer de joias e acessórios, escritora e palestrante, não mudou com o tempo. Mantém a pele aveludada que começou a ser lapidada em meio ao sol da paisagem acinzentada e concretada do poeirento cerrado do Planalto Central . O rosto continua bem esculpido parecendo ter sido planejado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, desenhado e traçado pelo urbanista Lúcio Costa e milimetricamente calculado e erguido pelo engenheiro pernambucano Joaquim Cardozo.
Daqueles tempos dos anos 80 das passarelas do Anhembi e de Cingapura, onde representou o Brasil no Miss Universo, foram incorporados à sua beleza estética novos elementos que não podem ser vistos aos olhos, mas podem ser sentidos através das narrativas das histórias contadas no seu livro autobiográfico "Da Coroa ao Cajado", publicação que ainda não li, mas já recomendo aos leitores e aos internautas.
Jacqueline, ainda não tive o privilégio de conhecê-la pessoalmente. Só por fotos ou vídeos. Mas aproveito para corroborar com o nosso amigo Josenildo que lhe outorgou o título de "Miss Brasil Forever", acrescentando que por essa live percebe-se ser você, hoje, um ser humano mais iluminado e espiritualizado cuja alma transcende a beleza estética. Porque é a alma a essência da beleza; o que não se vê mas é sentido por meio de gestos, palavras e ações solidárias. Considero a alma, o interior das pessoas o verdadeiro "Imponderável da Beleza" - o que a faz hoje bem melhor e mais bonita do que nos tempos das passarelas.
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LIVE:
https://www.youtube.com/watch?v=LjE2erS1qwk&feature=youtu.be
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MÁRCIA GABRIELLE, A ARTE DE IMPROVISAR DE UMA MISS
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Problemas de conexão com a internet à parte, a live com a Miss Brasil de 1985, Márcia Gabrielle, foi, de longe, um show de como se sair bem diante das dificuldades geradas pela tecnologia. Com improvisos que não constavam da pauta, Márcia Gabrielle usou e abusou de caras e bocas enviando beijos e abraços verbalizados de uma boca sensual que tem como rival os cabelos dourados de causar inveja até no Sansão, o herói dos hebreus. A filha de dona Enedina Canavezes e seu Irineu de Oliveira divertiu os internautas como eu, os missólogos amigos e algumas misses vencedoras de várias épocas. Márcia se comportou como se estivesse num palco de teatro ou no programa ao vivo de televisão e, de repente, faltasse luz ou o som não deixando o show ser interrompido. No linguajar popular, não deixou a peteca cair. A live continuou.
Extrovertida, em todos os momentos, a ex-Garota Carinho, Rainha Internacional do Café, Miss Barão de Melgaço e Miss Mato Grosso lembrava mais uma atriz de Hollywood no melhor estilo Marilyn Monroe, do que uma ex-modelo fotográfico e de passarela. Essas improvisações e truques diante da tela do celular ou de um computador falando ou respondendo sem ouvir as perguntas exige muito talento e criatividade. É o que se conhece como "a arte de improvisar ". E nisso a Miss Brasil de 85 foi mestra. É o resultado de sua experiência como ex-apresentadora de televisão e jurada de programas de auditório que, ao se vê diante do inesperado, diante de um microfone, das câmeras tem que saber tirar de letra e corrigir o que não estava previsto no script.
Em certos momentos parecia que a Miss Brasil de 85 tinha trocado de lugar com o "Mago das Lives das Misses Forever ", Josenildo Batista , assumindo a condição de entrevistadora. Foi divertido e interessante porque nenhum dos dois perdeu a verve, principalmente quando Márcia não ouvia a pergunta e contava histórias dos bastidores dos concursos até responder a última pergunta enviada pela Miss Brasil de 86, Deise Nunes. Foi o maior desafio que tive para escrever sobre a live de Márcia Gabrielle. Até porque não sabia por onde começar.
Com relação a miss propriamente dia, considero o seu biótipo um dos mais modernos para os padrões que exigiam de uma candidata. Um tipo tipicamente brasileiro conhecido no exterior de mulheres de quadris com centímetros maiores que o busto. O sucesso Márcia conquistou em todos os concursos dos quais participou e nas atividades profissionais. Nas entrevistas ela sempre demonstrou ser uma mulher antenada e há 200 à frente da mulherada e com atitude. Melhor prova foi sua resposta à Miss Brasil 1991, Patrícia Godoy: " A mulher sempre foi empoderada; elas é que nunca souberam".
A primeira e única vez em que vi a Miss Brasil de 1985 foi no Carnaval de 1992 como destaque a mais de 10 metros de altura do solo defendendo o vermelho e branco da Escola de Samba Estácio de Sá. Até na passarela da Marquês de Sapucaí Márcia Giagio Canavezes de Oliveira tirou o 1° lugar sendo campeã com o enredo "Paulicéia Desvairada "...Me dê, me dá, me dá, me dê. onde você for eu vou com você...." refrão do samba, lembra, Márcia?
Acredito que o sucesso que Márcia Gabrielle conquistaria ao longo desses 35 anos já estava predestinado a ela desde que nasceu, cresceu e viveu por muitos anos num bairro que já carrega a vitória no próprio nome, Bonsucesso.
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LIVE:
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MARIA CAROLINA PORTELLA OTO, SINÔNIMO DE MISS, MUSA E MÚSICA
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É verdade que o nome Carolina remete a uma famosa princesa herdeira do Principado de Mônaco e à música de Chico Buarque de Holanda composta em 1968. Mas a palavra também significa "mulher doce", segundo o Dicionário de Nomes Próprios. Bem que o nosso poeta Chico poderia compor uma nova canção Carolina trocando os versos dos olhos tristes da antiga Carolina de 68 por uma estrofe mais doce e alegre. Para isso, bastaria que o carioca do bairro do Catete assistisse essa live se inspirando na doçura do olhar, nas palavras amáveis e no sorriso da Miss Brasil de 1992, Maria Carolina Portella Otto. Musica e letra da "Nova Carolina" estariam concluídos pelo cantor, músico, dramaturgo, ator e escritor depois da entrevista da Miss Paraná e Brasil concedida ao "Mago das Lives das Misses Forever ", Josenildo Batista.
Foi assim que me inspirei para escrever essa crônica-homenagem ao ver as imagens da nossa representante no Miss Universo, ocorrido na Tailândia. Me nego a acreditar que isso ocorreu há quase 30 anos. Porque comparando fotos da época e vídeos do concurso com a imagem dela na tela do meu celular a realidade é uma só: Carol, como é carinhosamente tratada por misses, familiares e missólogos, conserva a mesma beleza. Agora acrescida pela dedicação à profissão de jornalista; maturidade como mãe e esposa, e pela alegria de viver ao conservar as amizades dos tempos de miss.
Se nos anos 50 ser Miss Brasil era garantia de um bom casamento e virar dondoca e figurinha das colunas sociais como patronesses de tardes filantrópicas e desfiles de moda, com a Miss Brasil Maria Carolina foi diferente: formou-se em Jornalismo, apresentou programas de televisão e atualmente exerce a profissão produzindo vídeos. Ao responder a um internauta, comprova que o empoderamento das misses, tão em moda e propalado pelas candidatas com "respostas fabricadas e clichês" nos atuais concursos de miss, vem de longe. O empoderamento sempre esteve presente na vida de uma dona de casa.
Lamento que na década de 90 o Miss Brasil perdeu prestígio em nosso país a tal ponto de não ser transmitido por nenhum canal de televisão aberto. Ficamos privados de assistir sua eleição ocorrida na casa de espetáculos Olympia de São Paulo, assim como sua participação no Miss Universo. Mas graças às novas tecnologisa e a paixão de pessoas como Josenildo Batista pelos concursos de misses, as histórias dessas verdadeiras deusas estão sendo resgatadas e revisitadas por elas próprias com essas lives.
Agradeço ao Jô pelo envio do vídeo, pois só assim pude conhecer um pouco da trajetória da curitibana Maria Carolina Portella Otto integrante do multifacetado Grupo Misses do Brasil que me motivou a homenageá-la. Como jornalista, caso tivesse interagido na noite da live em agosto, teria feito à nossa Miss Brasil Forever de 1992 e confreira a seguinte pergunta: "Para que time você torce? Atlético do Paraná ou Coritiba? Dependendo da resposta ficaria bem contente, rsrsrsrs...
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LIVE:
https://www.youtube.com/watch?v=O6LoLXHT2tE&feature=youtu.be
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PATRÍCIA GODOY, BELEZA E INTELIGÊNCIA DE MÃOS DADAS
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"A vida é um grande presente" , afirmou, categoricamente, a Miss Brasil de 1991, Patrícia Godoy. Sobre isso ninguém tem dúvida. Mas presente mesmo foi assistir a live que ela concedeu ao Josenildo Batista, que assisti após o almoço do Natal.
Foi prazeroso ouvir Patrícia relatar alguns fatos que os missólogos desconheciam sobre os títulos de beleza conquistados. Tudo ao longo de uma trajetória nas passarelas iniciada lá atrás, sendo eleita Rainha do Clima, Estudantil, Miss Sudamérica até chegar a Las Vegas, onde disputou o Miss Universo, num ano atípico em que os brasileiros foram privados de torcer por ela, porque o concurso não foi televisionado.
Durante a live, a advogada e professora universitária mostrou que seria uma candidata a ser batida em qualquer concurso em que fossem contempladas ao mesmo tempo beleza e inteligência. Até porque essas duas qualidades sempre andaram de mãos dadas na sua vida. Isso ficou comprovado no Miss Universo ao conseguir a maior pontuação no quesito entrevista. Logo no início da live ela deu uma aula de conhecimentos ao defender mudanças significativas no Código de Defesa do Consumidor e nas relações de consumo.
Deputado Rodrigo Maia, Vossa Excelência bem que poderia conceder uma audiência a nossa advogada. Garanto que após ouvir seus argumentos e ponderações colocaria o tema em pauta para votação antes de Vossa Excelência entregar a Presidência do Congresso. Veja com atenção e responsabilidade o que sugere nossa Miss Brasil de 1991 sobre o assunto.
Como jornalista e ex-coordenador do Miss Pernambuco em 1988/89 muito lamentei nenhum canal de televisão ter transmitido o Miss Universo no ano de Patrícia Godoy. Como lamentei também não entendendo como uma miss que atingiu a maior pontuação na entrevista das preliminares ter ficado de fora das 10 finalistas. No meu entendimento não tenho a menor dúvida de que a Organização Miss Universo retaliou o Brasil pelo fato da franquiada local não ter comprado as cotas de patrocínios para pagar ao canal de televisão americano para transmitir o evento. Tudo é dinheiro. Só pode ter sido esse o motivo.
O que muito me chamou a atenção nessa entrevista foi a tranquilidade e serenidade da Miss Brasil Forever. Sua facilidade e o poder de comunicação com o entrevistador e as misses amigas. Ela falou com muito carinho do Grupo Misses do Brasil que criou com Deise Nunes, Flávia Cavalcante, a conterrânea Adriana Collin, além da amizade cultivada até hoje com algumas misses estrangeiras, dentre elas a mexicana que venceu o MU, Lupita Jones. Demonstrou nobreza e sabedoria, algo inerente a poucas pessoas.-
Embora nunca a tenha visto pessoalmente, vendo a live até parece ser Patrícia Godoy uma antiga conhecida pela naturalidade de se expressar, mesmo virtualmente. Essa simpatia chega a ser cúmplice de quem nunca a viu. Há dois anos aqui no Recife, em conversa com Roberto Macêdo, o maior especialista brasileiro dos concursos de miss, ele disse: "Muciolo, você precisa conhecer a Patrícia Godoy: é uma pessoa incrível, humana e inteligentíssima."
Vou encerrar essa crônica encaminhando ao Josenildo Batista uma pergunta que faria caso tivesse entrado ao vivo na live esperando ter a resposta: "Patrícia , o que você não repetiria caso voltasse àquele Miss Universo de 1991?" -------------------- LIVE: |
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RAFAELA ZANELLA, DE MISS A MÉDICA
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Vou começar essa crônica em homenagem a Miss Brasil 2006, Rafaela Zanella, com a seguinte pergunta: "O que existe em comum, além da beleza física e o fato de terem sido misses, entre Rafaela Zanella, Sandra Mara Ferreira e Lúcia Tavares Petterle? Acertou quem respondeu que são médicas e agora, ao invés dos glamourosos vestidos dos tempos das passarelas, passaram a usar jalecos brancos a maior parte do dia.
Cotada nas Bolsas de Apostas de Los Angeles como favorita ao Top 3 do Miss Universo de 2006, a médica Rafaela Zanella é pós-graduada em Dermatologia; tem outras pós-graduações; especializou-se na Tricologia (a parte da Dermatologia que cuida de tudo relacionado ao couro cabeludo, cabelos e pelos) e atualmente faz o Doutorado. Já a Miss Brasil de 1973 e Top 15 no Miss Universo, na Grécia, Sandra Mara Ferreira, é médica assistente dando aulas no Hospital das Clínicas da USP, especialista em endocrinologia e metabologia com atenção à obesidade. Por sua vez, a Vice- Miss Brasil e Miss Mundo de 1971, Lúcia Petterle, é médica neuropediatra com consultório próprio no Rio de Janeiro.
Fiz questão de iniciar o comentário incluindo também Sandra Mara e Lúcia Tavares Petterle nesta crônica que destaca a gaúcha de Santa Maria para mostrar ao público em geral que concurso de miss sempre foi cultura e não apenas um evento de beleza física. Mesmo porque as três já estavam na faculdade cursando medicina quando participaram dos certames. Diferentemente do que pensam os incautos, desinformados e preconceituosos quando, ironicamente, rotulavam as misses de leitoras de apenas um único livro, no caso " O Pequeno Príncipe".
Assistindo os relatos de Rafaela sobre o Miss Universo do seu ano fica a certeza de que ela estava preparadíssima para contemplar os brasileiros com a quarta coroa da beleza universal e a terceira que uma gaúcha conquistaria depois de Yolanda Pereira, em 1930, e Ieda Maria Vargas, em 1963. A 13ª colocação foi muito pouco para a brasileira que estava cotada no Top 3. Assisti ao concurso e concordo com Rafaela e com o "Mago das Lives das Misses Brasileiras Forever ", Josenildo Batista. A Miss Universo deveria ter sido a japonesa ou a Suíça. A vaga da americana deveria ter sido da Miss Brasil. Eu já disse e repeti algumas vezes diante de câmeras de televisão a seguinte afirmação ao ser entrevistado:
"Cabeça de jurado do Miss Universo é igual a bumbum de nenê; não se deve confiar, pois pode sujar sem ninguém esperar".
Voltando a Rafaela, descobri um fato curioso que não lhe foi perguntado na live : ela nasceu em agosto de 1986, justamente no mesmo ano em que sua conterrânea Deise Nunes entrava para a história do Miss Brasil como a primeira jovem de etnia negra a vencer a competição. Esse fato me chamou a atenção e contente pelo fato das duas manterem até hoje uma sólida amizade. São tão amigas que não deixam de acompanhar a live uma da outra.
Outra revelação feita por Rafaela que mexeu com uma das minhas paixões, o futebol , é ser gremista. É o time pelo qual torço no Rio Grande do Sul. Aqui no Nordeste é tradição e comum os torcedores terem um time do coração nas regiões sul e sudeste.
Pelo que ouvi na live, depois de ter conquistado a "tríplice coroa" vencendo os estaduais Soberana das Piscinas, Garota Verão e Miss Rio Grande do Sul, só resta agora para coroar o seu reinado de sucesso a "Tríplice Coroa de Mãe ". Mas isso vai depender do voto de um único jurado, o cirurgião plástico Denis Valente. Personalíssima e determinada como ela é e demonstrou em todos os concursos de beleza que participou, acredito que ele será voto vencido.
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LIVE:
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SIMONE AUGUSTO, A LADY DI DAS MISSES
Se é verdade que Pernambuco já teve uma princesa que foi miss, sua majestade tem nome e sobrenome: Simone Augusto da Silva. Isso a julgar pela semelhança física da Miss Pernambuco 1985 e Miss Brasil Mundo 1987 com a famosa Princesa de Gales, Dayane Spencer, casada com o Príncipe Charles, herdeiro da Coroa Britânica. A semelhança entre Simone e Lady Di ia muito além da simples estética facial e do porte. Simone tinha a mesma elegância e o jeito amável de uma realeza, demonstrados por gestos, modos e palavras, quando aparecia em público ao se comunicar com as pessoas individualmente ou nas entrevistas.
Foi um imenso prazer e alegria revê-la tantos anos depois nessa live histórica proporcionada pelo querido "Mago das Lives das Misses do Brasil Forever", Josenildo Batista. E justamente na Semana do Advento, quando aguardamos um novo renascer do Menino Jesus que trazemos dentro de cada um de nós.
A eterna Miss Brasil Mundo 1987 mantém o mesmo sorriso amável e sincero do qual sempre vi nas ocasiões sociais, dentre elas os desfiles filantrópicos no Recife Palace e no Mar Hotel dos quais ela participou como patronesse das boas causas em prol dos doentes portadores do vírus HIV.
Percebe-se que Simone não guardou nenhuma mágoa daquele Miss Brasil de 1985, ao não ser incluída no Top 12. Com toda a sua humildade Simone respondeu a uma pergunta que "Não tinha que ser". O que importa é saber que a Cinderela pernambucana deu a volta por cima em 1987, vencendo o Miss Brasil Mundo. Viajou, conheceu dois países num mesmo concurso, a Ilha de Malta e a Inglaterra, e ainda representou nosso país em outro concurso internacional realizado na Costa Rica.
O melhor da live foi saber que a alegria de ter sido Miss foi substituída pelas tintas e pincéis. Bem-vinda à nova artista plástica. Vamos nos reencontrar nas vernissages e nas exposições, na certeza de que seus quadros irão decorar cada ambiente do mesmo jeito que sua beleza encantou as passarelas.
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LIVE:
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SUZANA ARAÚJO, UMA MISS FIEL ÀS ORIGENS
Sensacional! Maravilhosa! Incrível! É o mínimo que posso dizer dessa live depois de conhecer uma pessoa de um coração aberto e simplicidade que vão além da beleza estética. Ou da estampa, como ela própria repetiu várias vezes durante a entrevista.
A nossa Miss Brasil Forever 1978, Suzana Araújo dos Santos, mostrou que a educação e os valores morais herdados, fruto da boa formação familiar recebida, foram suficientes para que ela não se deixasse enganar pela falsa ilusão das luzes da cidade grande. Embora com o titulo da Mais Bela Brasileira, Suzana se manteve fiel com o pé firme, fincado nas raízes. E percebe-se logo de cara que o glamour e a beleza dos tempos de miss permanecem na alegria de viver. Agora dividindo com as pessoas mais necessitadas, por meio de um notável trabalho filantrópico e de acolhimento aos excluídos da sociedade.
Josenildo, transmita a ela essa minha opinião enviando esse comentário que não é de um jornalista, escritor ou missólogo. Mas de um simples espectador que até então desconhecia esse lado humanista dela, demonstrado pela transparência das respostas num momento de muita emoção pela homenagem recebida.
E já que Suzana possui a biografia da Miss Universo 1968, Martha Vasconcellos, diga que tem um depoimento meu ilustrado com minha foto juntamente com a Martha e o Fernando Machado.
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LIVE:
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SUZY RÊGO, VITÓRIA NAS PASSARELAS E NOS PALCOS DA VIDA
Coragem, determinação e ousadia sempre marcaram a personalidade de Suzy Sheila Rêgo, antes mesmo de eleita Miss Pernambuco, em 1984, aos 18 anos incompletos. Representando a Ilha de Itamaracá, Suzy venceu o concurso estadual e foi Vice-Miss Brasil duas vezes num mesmo ano com uma beleza inquestionável, plástica perfeita e uma passarela impecavel. Carisma, simpatia e uma excelente oratória eram os quesitos a serem batidos pelas outras concorrentes. Esses atributos a perseguem até hoje. Venceu a competição estadual e chegou à etapa nacional sem ajuda de ninguém que custeasse as despesas com roupas e acessórios. Teve apenas o incentivo dos pais, dona Diva e Massilon Rêgo, ele um oficial da Marinha Brasileira que tinha sido transferido do Rio de Janeiro para servir numa unidade militar do Recife quando Suzy ainda era criança.
Faço esse preâmbulo sobre a Vice-Miss Brasil Universo e Vice-Miss Brasil Mundo de 1984 ao assistir ao vídeo de sua live enviado pelo Josenildo Batista com quatro meses de atraso do dia da entrevista. A culpa pelo atraso do envio do material não deve ser creditado ao Jô. É que não tínhamos os contatos um do outro.
Lembro que na época em que conheci Suzy - irmã de Yuri e Yana - ela já era uma adolescente obstinada e persistente em tudo que fazia. Desfilava para marcas famosas de jeans na mesma loja onde trabalhava num shopping, concorreu ao concurso Senhorita Recife até chegar ao Miss Pernambuco, realizado em Caruaru. Suzy quase era "rifada" por um júri com maioria dos membros da cidade-anfitriã que também tinha uma candidata.
Eleita a mais bela pernambucana, era hora de sair em busca de patrocínio para fazer bonito no Miss Brasil. Não lembro se ela conseguiu alguma ajuda da Prefeitura de Itamaracá. Certeza mesmo é que a ajuda veio dos pais e de um amigo comum para o qual desfilava, o estilista Jan Souza. O figurinista confeccionou o modelo vermelho usado na final em São Paulo. Os tecidos, as fitas e outros acessórios do traje típico de passista de frevo foram comprados pela família; a proprietária de uma fábrica de sapatos, Yara Dubeux, deu este acessório. E lá foi Suzy apenas com sua beleza marcante representar seu estado adotivo.
No Miss Brasil ficou em segundo lugar, livrando Silvio Santos de passar pelo primeiro vexame de um grande escândalo internacional antes nunca ocorrido na história do Miss Brasil, caso tivesse vencido. Até porque sua inscrição não seria aceita pela Organização do Miss Universo por um simples detalhe: ela não tinha 18 anos, a idade mínima exigida. Não poderia tirar passaporte para viajar sozinha aos Estados Unidos a fim de participar de uma competição, na cidade de Miami, onde as jovens são obrigadas a desfilar de maiô ou biquíni. Então, por um voto de diferença da vencedora, Suzy Sheila Rêgo, mesmo involuntariamente, livrou Silvio Santos de uma grande confusão.
Quis o destino que ela fosse residir em São Paulo e lá tivesse as oportunidades com aparições esporádicas nos programas do SBT. Depois conheceu o ator Paulo César Grande, e no próprio meio artístico conheceu autores e diretores famosos até chegar à TV Globo, onde estreou em novelas do horário nobre. Hoje Suzy é uma atriz aplaudida pelo público e reconhecida pela crítica especializada. É sucesso nos palcos e na televisão.
Considero essa live um reencontro de amigos, de pessoas que não se veem há quase três décadas. Mesmo virtualmente se observa que Suzy está mais bonita. A maternidade dos gêmeos lhe deixou com o semblante mais iluminado de uma mulher realizada. O sorriso cativa todos por onde passa. Na live foi muito brincalhona ao revelar fatos da viagem de volta do concurso que venceu na Colômbia. Brincalhona e extrovertida, respondeu sem rodeio a todas as perguntas. Pena eu não ter interagido da brincadeira sem poder ter feito a minha pergunta. Mas aproveito para fazer agora, "Suzy, como você sente o seu coração? Ele é mais carioca ou pernambucano?
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LIVE:
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VALÉRIA FREIRE, A PAULISTA AMADA PELOS CARIOCAS
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Josenildo, você me disse que a live que fez no dia 11 de setembro foi com a Miss Rio de Janeiro de 1984, Valéria Freire. Me enganou, porque ao abrir a live me deparei com uma deusa emergida dos templos da Grécia Antiga do deus Apolo, da deusa Athena, de Zeus, do arqueiro Aquiles e de Helena de Tróia. A primeira impressão é a que fica. Por isso, como jornalista, especialista no tema e ex-coordenador de concursos de Miss Pernambuco na era Silvio Santos, falo de cátedra que Valéria Freire ostenta o título de A Mais Bela Miss Rio de Janeiro dos Anos 80, 90 e 2000.
Antes de falar da live tenho que fazer algumas considerações como jornalista e crítico. Valéria Freire só perdeu o Miss Brasil em 1984, porque naquele ano o titulo tinha que ficar no Estado de São Paulo. Até Martha Rocha se tivesse participado teria perdido. Havia uma pressão muito grande dos grandes patrocinadores sobre Silvio Santos para eleger a representante paulista. Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais já tinham vencido. E São Paulo que banca todas as despesas de patrocínio, quando terá uma Miss Brasil? Era a voz do mercado publicitário exigindo, pressionando o "Dono do Baú". Até porque a Miss Rio de Janeiro era a candidata do mais belo corpo, rosto e uma passarela impecável. Não é à toa que Suzy Rego falou na live que torcia pela carioca.
Bem, estética como beleza à parte, um fato marcante naquele Miss Brasil até hoje trago comigo foi a primeira prova do concurso travestida de entrevista. Silvio Santos com sua inconveniência para a ocasião tentou constranger Miss Rio de Janeiro requentando fatos lamentáveis ocorridos nos bastidores da final do Miss Rio de Janeiro, inapropriado ao momento. Altiva, mas sem perder a humildade, e inspirada pelo Deus da Justiça, sem demostrar embaraço ou nervosismo, Valéria Freire respondeu: " O povo do Rio de Janeiro está muito feliz e contente com minha vitória e em poder representá-lo". Foi a mais suave bofetada dada com luvas de pelica já vista num concurso de miss.
Então, para encerrar esse comentário do Miss Brasil de 1984, sou da mesma opinião do diretor do Miss Mundo Brasil, Henrique Fontes, caso fosse eleita Miss Brasil, a Miss Rio de Janeiro teria pegado um Top 10 ou 5, a julgar pelas candidatas dos outros países. Surpreendeu-me seu carisma, espontaneidade e inteligência nas respostas. Espero poder um dia vê-la num palco sob as luzes da ribalta contracenando com Suzy Rego numa mesma peça. Pode ser no Rio ou aqui no Recife. Vou pedir permissão a Valéria para dá uns cascudos no Josenildo por ele só agora, após três meses, ter enviado essa pérola de entrevista.
A pergunta que gostaria que você respondesse é essa: "A produção do Miss Brasil (leia-se Marlene Brito) enviou você para disputar alguma competição fora do país?"
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LIVE:
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Esta página é parte da edição de 29.12.2020,
do blog PASSARELA CULTURAL,
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Ao término da última SESSÃO NOSTALGIA de 2020, desejamos a você, leitor, leitora, FELIZ 2021.
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