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sábado, 11 de outubro de 2014

SESSÃO NOSTALGIA - Recife, uma Miss em cada esquina

Daslan Melo Lima

      Na nublada manhã do nono dia de outubro de 2014, de mãos dadas com o Vento e a Poesia, caminho sem pressa alguma pelas ruas do centro do Recife. Entre tantas coisas para admirar e recordar, o adolescente que um dia eu fui mergulha no túnel do tempo e vai ao encontro de algumas misses que conheceu nas esquinas do Recife.

Praça  Maciel Pinheiro,
  esquina com a rua do Aragão
Era 1968. A baiana Martha Vasconcellos tinha sido eleita Miss Universo e veio ao Recife para um desfile no Clube Português.  A multidão tomava conta da Praça Maciel Pinheiro, sob o olhar atento de dezenas de policiais posicionados na frente do Hotel São Domingos, um dos hotéis mais chiques de Pernambuco. Martha Vasconcellos usava imensos óculos escuros. Centenas de pessoas gritavam: Tira ! Tira ! Tira !  Com muito esforço, consegui aproximar-me da porta principal do prédio, ao tempo de ver de perto Martha abrir um sorriso encantador e tirar os óculos.  Da sacada do seu apartamento, no segundo andar, ela jogou beijos e acenou para a multidão. 
Antes de deixar a praça, vi saindo do São Domingos Maria Eunice Mergulhão Maciel, Miss Pernambuco 1968, e Nadia Lins de Albuquerque (1949-2012), Miss Sport Club do Recife, finalista no Miss Pernambuco 1968, e que meses depois seria eleita Miss Objetiva do Brasil e vice-Miss Objetiva Internacional 1968.
Martha Vasconcellos, Miss Universo 1968, com o penteado que usava ao chegar no Recife.
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Eunice Mergulhão, Miss Pernambuco 1968
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Naida Lins de Albuquerque, Miss Objetiva do Brasil 1968
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Rua da Palma,
 esquina com a Matias de Albuquerque 

Neste imóvel funcionava o cinema Art-Palácio. No final de uma tarde muito movimentada, vi passar Virgínia Helena Gomes, Miss Clube Náutco Capibaribe, terceiro lugar no Miss Pernambuco, Miss Paraíba e quarto lugar no Miss Brasil 1981. A morena passou flutuando, como se estivesse numa mágica passarela imaginária. Ela ia em direção à filial da loja Ele & Ela, onde fazia parte da equipe de modelos. Eu estava ao lado de uns amigos que cumprimentaram a beldade e com ela conversamos por alguns minutos.  
Virgínia Helena, Miss Paraíba 1981
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Avenida Dantas Barreto,
 esquina com a Rua Nova 
Lembro que era início de noite. Eu vinha pela rua Nova e, ao dobrar à esquerda, encontrei  Alda Maria Simonetti Maia, Miss Pernambuco 1965,  entrando na Igreja Matriz de Santo Antônio.  
Alda Maria Simonetti Maia, Miss Pernambuco 1965

E foi na rua Nova, na filial da cadeia de lojas Casas Pernambucanas,  que recebi das mãos de Lucia Tavares Petterle, Miss  Guanabara, vice-Miss Brasil e Miss  Mundo 1972, o poster abaixo.
Lúcia Tavares Petterle, Miss Mundo 1968 
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Praça da Independência, 
esquina com a rua Duque de Caxias 
No térreo deste prédio existia a loja Dias Junior, umas das empresas parceiras do concurso Miss Pernambuco.  Lembro de ter visto Cortadora de cana, o belo e singelo traje típico que Alda Maria Simonetti Maia, Miss Pernambuco, usou no Miss Brasil 1965, exposto por dias e dias na vitrine.
Alda Maria Simonetti Maia, Miss Pernambuco 1965, em traje típico

Na praça da Independência, também conhecida como pracinha do Diario, encontra-se o prédio onde funcionou a redação e oficinas do Diario de Pernambuco, o mais antigo jornal em circulação na América Latina,  órgão dos Diários e Emissoras Associados, principal patrocinador do concurso Miss Brasil até o ano de 1980.
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              A tarde nublada deu lugar à noite e o adolescente que fui  emerge do túnel do tempo. De mãos dadas com ele, o Vento  e a Poesia,  continuo caminhando sem pressa alguma, cantarolando Tocando em Frente, a bela canção de Renato Teixeira que tem tudo a ver com o outono da minha caminhada. 

                              Ando devagar por que já tive pressa
e levo este sorriso por que já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,
só levo a certeza de que muito pouco sei e nada sei. 

Conhecer as manhas e as manhãs,
o sabor das massas e das maçãs.
É preciso amor pra poder pulsar.
É preciso paz pra poder sorrir.
É preciso a chuva para florir.

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
compreender a marcha e ir tocando em frente.
Como um velho boiadeiro levando a boiada,
eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou. Estrada eu sou.

Todo mundo ama um dia, todo mundo chora.
Um dia a gente chega, no outro vai embora.
Cada um de nós compõe a sua história.
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz.

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4 comentários:

Anônimo disse...

Belos e saudosos relatos, Daslan.

Eu também tive um encontro casual com a Miss Pernambuco de 1972 e quarta colocada no Miss Brasil, Maria Madalena Tavares Jácome da Costa Brito.

Era quase meio-dia de um dia ensolarado, num meio de semana. Estava defronte aos Correios da Av. Guararapes. Madalena vestia um conjunto blazer listrado e calças na tonalidade marfim. Portava várias cartas que acredito deveriam ter por destino a cidade de Natal, onde residiam seus parentes. Minha timidez foi maior do que a coragem que não tive para pedir um simples autógrafo. Mas valeu o encontro com uma das minhas misses da adolescência e que tive o prazer e assistir "in loco" sua eleição no Geraldão.

Uma ótima semana.

Muciolo Ferreira

Anônimo disse...

Lindas misses!Em especial a candidata de SE para o MBL;gostaria que transmitissem pela internet.Lbemro bem de Nádia!Abraços,Japão

Anônimo disse...

Eu assisti a toda essa movimentação, pois trabalhava ali na Praça Maciel Pinheiro, n.º 363 - DROGARIA D MARQUES, e todo e qualquer evento que houvesse no São Domingos, na época um dos mais importantes hotéis do Recife, eu e meus colegas presenciávamos: Chegada de artistas, equipes de futebol como o Santos e Botafogo, MISS, grandes orquestras e os ídolos da Jovem Guarda. Momentos bons aqueles e que no tempo não apagará de nossa lembrança.
Jeová Barboza de Lira Cavalcanti

Manuel Tomaz disse...

Era o ano de 1968-abril. Cheguei ao aeroporto de Guararapes às 4 h da madrugada, vindo de Lisboa, no mesmo avião que trouxe Don Hélder Camara, bispo de Olinda que tinha feito uma visita a Lisboa. Os meus amigos portugueses que me esperavam no aeroporto levaram-me ao Hotel São Domingos. O meu objetivo no Recife era trabalhar para os irmãos Dias, donos deste hotel, do Restaurante Leite, entre outros empreendimentos. Fui gerenciar uma loja de charcutaria chamada Arcádia, na rua Aurora, bem perto do cinema São Luís. Recife, cidade linda com gente muito simpática, não me motivou para me fixar em Terras Brasileiras. Assim, passado um ano, regressei a Lisboa, onde reiniciei a minha vida. Durante um ano vivi no Hotel São Domingos, que, penso eu, não existe mais. Passaram 50 anos, mas ainda hoje recordo Recife e as suas gentes com imensa nostalgia!