Diante do rio, eu ficava embevecido, horas a fio. Em sua eterna caminhada para o mar, ele mudava de fisionomia, influenciando minhas emoções e minha poesia. E seguia em frente, ora vazio, ora caudaloso, ora bravio, ora dengoso.
Ao vê-lo assim, mais uma vez desejando ser mar, suplico a Deus que o rio Canhoto continue apenas sendo rio, pois parte do menino que fui continua diante dele, embevecido, horas a fio.
---------Daslan Melo Lima - Memórias de São José da Laje, a cidadezinha alagoana onde nasci.
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Um comentário:
Feliz é você, Daslan, que pode contemplar ainda a beleza do Rio Canhoto, às vezes lento, às vezes furioso, mas sempre buscado o mar, fazendo com que possa rememorar os tempos de menino em sua terra natal, a pequena São José da Laje, que foi adotada pelo grande timbaubense Carlos Lyra. Eu já não posso dizer e fazer o mesmo, o rio (Capibaribe Mirim) que antes cortava as terras de "Araruna", sitio onde nasci, e tinha suas águas límpidas e nós quando meninos podíamos nos banhar à vontade sem qualquer perigo de ser acometidos por doenças, hoje está contaminado pela poluição provinda dos dejetos que nele são despejados porque não temos um serviço de saneamento básico adequado; e a área do sítio virou loteamento e do antigo nada resta, nem mesmo o açude que abastecia a cidade antes de ser instalado o serviço de água encanada em Timbaúba, pois foi aterrado. Portando tudo hoje são ruas e casas que ao contemplar me magoam o coração e me fazem entristecer. Mas são as marcas do progresso, pois segundo Cazuza "o tempo não pode parar"! Enquanto puder, curta seu Rio Canhoto, amigo, pois feliz é aquele que pode apreciar o belo e, mais ainda, quando esse belo nos faz reviver nossos sonhos de menino na terra que nos viu nascer! Um abraço. Jeová Barboza.
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