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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

SESSÃO NOSTALGIA - Verônica Maria Castro Leicht, Rainha dos 450 anos do Recife

Por Daslan Melo Lima

          O Recife completou 450 anos em 12 de março de 1987. Dentro das comemorações, na noite de 21 de fevereiro, durante a realização do 23º Baile Municipal, no Clube Português, foi eleita a Rainha dos 450 Anos do Recife, uma promoção da Prefeitura Municipal com a coordenação de Assis Farinha e Francisco Pacheco e renda destinada à Legião Assistencial do Recife.

          Cinquenta e seis candidatas se inscreveram. Uma semana antes do evento, uma comissão julgadora composta por Maria Helena Collier de Melo (presidente do júri), Ana Margarida, Silvana Ferreira, Luciano Teixeira, Elvira Correia, Fátima Siqueira, Raul Henry e Eduardo Cavalcanti selecionaram doze delas para a final:


Ana Cláudia de Souza

Ana Paula Leite Cortez
Carla Rios Melo
Claudia Alves Queiroga
Cristina Fátima Machado
Dilma Ferreira
Edriane Batista dos Santos
Gilcéia Queiroz
Josiane Lopes
Roseane Lázaro de Almeida
Sabrina Araújo Feitosa Pacheco
Verônica Maria Castro Leicht


          A apresentação do concurso ficou sob a responsabilidade de Carmen Peixoto e a coreografia a cargo de Reynaldo Zimmermann. A comissão julgadora foi composta por Geralda Farias (ex-primeira dama do Recife, presidente do júri), Emerson Leão, Geraldo Torreão, José Jardelino da Costa Junior, Paulo Neves, Hênio Siqueira Santos, Celeste Farinha, Milita Ferreira Lima e Laís Monte Teixeira.


As finalistas do Rainha dos 450 Anos do Recife. Da esquerda para a direita: Gilcéa Queiroz, 4º lugar (Miss Vitória de Santo Antão, quarta colocada no Miss Pernambuco 1989); Ana Paula Leite Cortez, 3º lugar; Cláudia Alves Queiroga (Miss Paulista, semifinalista no Miss Pernambuco 1985) e Verônica Maria Castro Leicht, 1º lugar. (Foto: Diário de Pernambuco)

          Verônica Maria Castro Leicht foi Rainha duas vezes, se levarmos em conta que a vencedora do concurso de beleza do 23º Baile Municipal acumulou os títulos de Rainha do Baile e Rainha dos 450 anos do Recife. Verônica teria sido uma ótima candidata ao Miss Pernambuco, mas preferiu ficar na história como Rainha dos 450 anos da Veneza Brasileira. Dois anos depois, no mesmo Clube Português do Recife, sua irmã Andrea Castro Leicht, Miss Clube dos Oficiais da Polícia Militar de Pernambuco, obteve o terceiro lugar no Miss Pernambuco 1989, perdendo para Ana Cristina de Medeiros, Miss Gravatá, primeira colocada, e para Rosivan Rodrigues da Silva, Miss Petrolina, segunda colocada.


Verônica Maria Castro Leicht, Rainha dos 450 Anos do Recife. (Foto: Diario de Pernambuco)

          Antes do concurso Rainha dos 450 anos do Recife, Verônica Maria Castro Leicht tinha ficado conhecida em todo o Brasil através de uma matéria publicada na revista VEJA, de 27/08/1986, abaixo reproduzida.

A pernambucana Verônica Maria Castro Leicht, 17 anos, confia na sua própria plástica. Aplaudida informalmente como uma das melhores coisas que aconteceram na praia de Boa Viagem, no Recife, Verônica aposta numa moda que promete arrebentar no verão de 1987: o adesivo colorido sobre os seios em substituição à já sumária tira de tecido que costuma acompanhar o biquíni fio-dental.


Verônica com o adesivo nos seios: moda para poucos. (Foto: Manoel Novaes, revista VEJA, 27/08/1986)

Trata-se de uma moda para poucos: afinal, o adesivo, feito de uma espécie de plástico poroso, não dá sustentação e firmeza a seios que não estejam em sua melhor forma. Verônica, ao contrário, tratou de comprar vários pares do adesivo para estender seu sucesso por todos os próximos dias de sol. “Nunca pensei que fosse agradar tanto”, exulta ela.


Verônica Maria Castro Leicht - Foto: Fernando Gusmão, Diario de Pernambuco

          Estamos no verão de 2009 e a moda dos adesivos nos seios faz parte do passado, assim como tantas outras coisas dos anos oitenta. Mas entre as coisas que não fazem parte do passado estão: o sol da praia de Boa Viagem e a magia daquela noite carnavalesca em que Verônica Maria Castro Leicht foi eleita Rainha dos 450 Anos do Recife.

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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

SESSÃO NOSTALGIA - Julia Katia Araujo, a vedete do Miss Pernambuco 1976

Daslan Melo Lima

          Quando Fernando Bandeira Diniz convidou Julia Katia Araujo para representar o Grupo Jovem e Artístico de Boa Viagem no Miss Pernambuco 1976, ela já era uma das manequins mais requisitadas do Recife.


Julia Katia na passarela do Miss Pernambuco 1976. Foto: Arquivo Pessoal

     - “Você devia ter me dito que tinha interesse de participar do Miss Pernambuco. Se você tivesse falado comigo, eu teria lhe apresentado como candidata do Clube Internacional do Recife. Você vai queimar sua imagem!” - disse o inesquecível Marcílio Campos ao saber que Julia Katia ia disputar o Miss Pernambuco 1976 pelo Grupo Jovem e Artístico de Boa Viagem.

     O Clube Internacional do Recife tinha tradição no Miss Pernambuco, ao contrário do Grupo Jovem de Boa Viagem, que até então só tinha ficado em evidência com os dois quintos lugares obtidos: Rita de Cássia Dutra Monteiro, em 1974, e Martha Waleska Vasconcelos, em 1975. O Grupo Jovem Artístico de Boa Viagem era dirigido por Fernando Bandeira Diniz e fazia um belo trabalho cristão, dando suporte às ações do Padre Osvaldo, pároco da Igreja Católica de Boa Viagem.

     Há seis anos fui apresentado a Julia Katia Araujo por Fernando Bandeira Diniz e desde então a amizade estabeleceu-se entre nós. Recentemente, encontramo-nos no Recife, no Shopping Center Tacaruna, e de lá fomos para a casa da minha sobrinha Darlene Gomes Campos, localizada em frente a uma das poéticas ladeiras históricas de Olinda, onde Julia Katia abriu seu coração para PASSARELA CULTURAL. Julia Katia estava acompanhada do sobrinho Ricardinho Araujo, vestia lilás, usava uma belíssima tiara de prata e uma tornozeleira by Beto Kelner, sapatos altos e cílios postiços.

     Julia Katia Araujo de Melo Lopes nasceu em 24 de dezembro de 1956. Filha de José Jorge Vieira de Araujo e Maria Nadeje de Araujo, ambos funcionários públicos federais, residentes no bairro popular recifense de Estância. Sua mãe exercia atividades burocráticas e seu pai era ascensorista do antigo INPS. Quando a situação econômica da família melhorou, seus pais foram morar em Boa Viagem, zona sul do Recife, área nobre, perto do mar.
     - “Eu era quase uma menina e gritei: Estou rica! Vou morar em Boa Viagem! Deixei de estudar no Colégio Independência, na Estância, e passei a estudar no Colégio Sagrado Coração, dirigido por freiras.” – confessa dando uma gargalhada.

     O nome Julia Katia foi uma homenagem da sua mãe ao Presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976). D. Maria Nadeje tinha grande admiração pelo então Presidente do Brasil e queria que as iniciais do nome da filha formasse "JK", abreviatura adotada pela imprensa para se referir a Juscelino Kubitschek. Julia, além de ser o nome da mãe de Juscelino, era também o da mãe de D. Maria Nadeje.

     Foi D. Maria Nadeje quem incentivou a filha a abraçar o mundo das passarelas. No dia em que conheceu pessoalmente a famosa manequim Germana Siqueira, D. Maria Nadeje pediu que ela apresentasse Julia Katia a Marcílio Campos. Julia passou um ano sendo treinada pelas figuras inesquecíveis de Marcílio Campos e Léa Pabst Craveiro.

     Na época, o que hoje as pessoas chamam de estilistas, eram tratados pelos termos de figurinistas ou costureiros. Marcílio Campos, costureiro, um ícone da moda pernambucana, ensinou a Julia Katia os segredos das passarelas. Léa Pabst Craveiro, jornalista, integrante da lista das mulheres mais elegantes de Pernambuco, gente finíssima, ensinou a Julia Katia todas as regras de etiqueta para que a jovem se portasse com classe e categoria em todos os ambientes. Em maio de 1971, aos 15 anos, Julia Katia iniciou sua vitoriosa carreira de manequim que duraria até 1982, quando desfilou na FENIT, em São Paulo, a coleção da estilista mineira Lucia Tavares.


Julia Katia na coluna de Alex, Jornal do Commercio, Recife, 28/02/1978


Julia Katia na coluna de João Alberto, Diario de Pernambuco, 22/03/1978


Julia Katia na coluna de José Rodolpho Câmara, revista Fatos & Fotos, 26/09/1977

     Suas aparições nas passarelas eram badaladas em todas as colunas sociais pernambucanas e foram notícias nas revistas Manchete, Fatos & Fotos e Ele & Ela. Uma vez, ao telefonar para Léa Pabst Craveiro, a fim de agradecer por ter sido focalizada em uma reportagem, ouviu a seguinte observação:
- “Julia, você é notícia. A imprensa tem que ir ao seu encontro. Você é a vedete de todas as coleções!“


Julia Katia e seu esposo Mario de Melo Lopes, durante uma festa em Paris. (Foto: Arquivo Pessoal)

     Julia Katia está viúva. Foi casada com Mario de Melo Lopes, cirurgião buco-maxilo-facial do Hospital da Restauração e professor da Universidade Federal de Pernambuco, falecido em 07/06/1998, vítima da doença de Alzheimer. Ao lado do seu grande amor, Julia Katia viajou pelo mundo inteiro. Por opção, não teve filhos, mas é muito ligada à família. Faz questão de ressaltar a figura maravilhosa da Mãe e da ótima convivência com os irmãos Ricardo, Fernando, Bianca e Fabíola e o apego à Thais, sobrinha-neta.

Coisas que adora: Camarão, vodka com limão, maça, vermelho, sinceridade, noite, navegar na internet...
Coisas que detesta: Traição e mentira
Filme: O Rei e Eu
Programa de TV: Jô Soares
Canção: New York, New York
Cantor: Emílio Santiago
Cantora: Maria Bethania
Compositor: Chico Buarque de Holanda
Uma palavra bonita: Amor
Uma mania: Cílios postiços. Adoro! Uso diariamente, desde o tempo de manequim e miss
Viver é... Amar
Motivo de orgulho: Meu casamento de 16 anos, 5 meses e 19 dias com Mario de Melo Lopes, meu “preto”
Uma saudade: Os mergulhos em alto mar que eu dava com meu marido, eu e ele nus, completamente nus
Um lugar inesquecível: Ushuaia, capital da Terra do Fogo
Se o mundo fosse acabar amanhã... Eu não acreditaria e cairia na farra
Santo de devoção: São Francisco de Assis

Uma Miss Pernambuco: Suzy Rêgo, vice-Miss Brasil 1984
Uma Miss Brasil: Marta Jussara, Miss Rio Grande do Norte, Miss Brasil 1979
Uma Miss Universo: a baiana Martha Vasconcellos, Miss Brasil, Miss Universo 1968
Você incentivaria uma sobrinha sua a concorrer a um título de Miss? Sim, desde que o concurso tivesse a magia do meu tempo de Miss
Quem deveria ter vencido o Miss Pernambuco 1976? Todas as garotas que estavam disputando o Miss Pernambuco 1976 tinham condições de vencer
Qual o maior diferencial da Miss do seu tempo para a Miss de hoje? Antigamente, as misses ou eram belas ou eram feias. Hoje, elas parecem que são todas iguais, pois é fácil transformar uma moça comum numa mulher linda. Basta operar o nariz, colocar silicone no busto, tirar costelas... Das misses atuais que conheço pessoalmente, cito o nome de Amanda Marques, Beleza Pernambuco 2005, como exemplo perfeito de beleza natural, sem nenhuma intervenção cirúrgica
Qual a maior recordação que ficou do tempo das passarelas?: São muitas as boas recordações. A convivência com o inesquecível Marcílio Campos foi a maior de todas. Guardo lembranças maravilhosas, entre elas, do aprendizado com a inesquecível jornalista Léa Pabst Craveiro. Quando eu ria alto e gargalhava, Léa me corrigia com aquela sua classe e elegância e dizia: - Katia, não sorria assim, ria mais baixo. Outras coisas boas que restaram daquele tempo foram as amizades sólidas com o estilista Paulo Carvalho e com Fernando Bandeira Diniz, coordenador do Beleza Pernambuco e do Miss Brasil Latina

Livro: O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupèry
O maior sonho de sua vida: Ver a minha sobrinha-neta Thais, que nasceu com paralisia cerebral, ter uma vida totalmente independente. Com os recursos da medicina e com a minha fé em DEUS, sei que vou conseguir realizar este sonho!

     Julia Katia estava careca quando disputou o Miss Pernambuco 1976. “Topei raspar o cabelo para desfilar uma coleção, gostei do visual e durante um ano raspei a cabeça toda semana. Na época do concurso Miss Pernambuco, desfilei de peruca.”

     Julia Katia passou um tempo treinando as concorrentes ao título de Miss Pernambuco e Miss Rio Grande do Norte. "Ensaiadora de Misses", esse era o termo usado para designar sua função.

     No auge da carreira de manequim, recebeu convite para apresentar um programa de televisão no Rio de Janeiro. Recusou e explicou o porquê :
     - "Eles queriam lançar uma beleza nordestina diferente para apresentar um programa de televisão. Recusei. O produtor insinuou que eu teria de namorar com importantes figuras masculinas cariocas. Eu não quis pagar o preço de ficar milionária e famosa nacionalmente em troca da minha dignidade"


Julia Katia posando em uma das ladeiras poéticas e históricas de Olinda. (Foto:DML)

     Julia Katia está muito acima do seu peso ideal, devido a um problema na visão esquerda, diagnosticado como glaucoma. Ela precisou fazer uma cirurgia e a medicação causou efeitos colaterias, provocando excesso de peso. Na época, ela não se preocupou em reverter a gordura, mas agora está sendo obrigada a isso, com o propósito de manter o nível desejado da sua pressão arterial.


Julia Katia e um dos seus filhos do coração, o sobrinho Ricardinho Araujo. (Foto: DML)

     Na hora de nos despedirmos, pedi a Julia Katia que definisse quem ela era para os leitores de PASSARELA CULTURAL. Eis sua resposta: "Sou uma pessoa feliz. Agradeço a DEUS por tudo que já vivi e aprendi na minha vida. Não tenho o direito de reclamar de nada."

     Eu era uma das 22 mil pessoas presentes no Ginásio de Esportes Geraldo de Magalhães Melo, no Recife, naquele maio de 1976, na noite do Miss Pernambuco, quando a linda Matilde de Souza Terto levou para Serra Talhada o tricampeonato da beleza pernambucana. “É o tri, Serra Talhada!”, gritou o apresentador. A imagem é forte na minha lembrança, sem dúvida, mas há outras muito fortes:

1- A beleza da Miss Clube Náutico Capibaribe, Pompéia Farias, vice-Miss Pernambuco;
2- A classe de Maria Betânia Magalhães Albertin, Miss Pesqueira, semifinalista. Maria Betânia foi a primeira concorrente a tomar a iniciativa de parabenizar Matilde Souza Terto pela conquista do título, uma vez que outras se omitiram, descontentes com o resultado;
3- A atitude e o porte altivo de Julia Katia Araujo, Miss Grupo Jovem e Artístico de Boa Viagem. Julia Katia recebeu muitos aplausos. Também recebeu vaias por causa do seu biótipo e estilo de desfilar, fugindo do padrão das Misses tradicionais, desfilando com uma postura similar às modelos da atualidade. Linda, magérrima e cheia de atitude, Julia Katia foi classificada entre as dez semifinalistas e em momento algum ficou perturbada quando alguém mal-educado gritava: Tra-ves-ti!

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terça-feira, 13 de outubro de 2009

SESSÃO NOSTALGIA - SÔNIA REGINA SCHULLER, UMA SEREIA NO MISS GUANABARA 1965

Daslan Melo Lima

Maracanãzinho, Rio de Janeiro, maio de 1965.


"Vinte e cinco mil pessoas aplaudiram as misses que desfilaram numa feérica passarela reproduzindo o símbolo do IV Centenário. O público e os jurados ficaram unidos em torno de Raquel. Os onze jurados do Maracanãzinho tiveram que escolher a mais bela entre trinta candidatas. Mas não houve dificuldade; o público consagrou Maria Raquel antes de ser conhecido o veredicto."  (Revista MANCHETE, 03/06/1965)


Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Botafogo, Miss Guanabara 1965. (Foto: MANCHETE, 03/06/1965)


Sônia Regina Schüller, Miss Clube Caça e Pesca, vice-Miss Guanabara 1965. (Foto: MANCHETE, 03/06/1965)

     Naquela mesma noite, outra loura, a Sônia Regina Schüller, do Clube Caça e Pesca, ao fazer seu desfile individual num maravilhoso vestido amarelo, recebeu uma das maiores ovações da história do Maracanãzinho e acabou conquistando o segundo lugar.


"Quando os povos fazem quatrocentos anos sentem uma irresistível atração pelas louras. Esta é uma verdade que não se encontra em nenhum compêndio, mas foi definitivamente comprovada no Rio de Janeiro. A Rainha do IV Centenário é loura; a Sereia das Praias Cariocas também. E agora, no Maracanãzinho festivamente iluminado, surgiu a substituta da mulata Vera Lúcia no trono de Miss Guanabara: Maria Raquel Andrade é louríssima e tem olhos azuisissimos." 
(Revista MANCHETE, 03/06/1965)


Sônia Schüller (vice-Miss Guanabara 1965)Vera Lúcia Couto Santos (Miss Guanabara, vice-Miss Brasil e terceira colocada no Miss Beleza Internacional 1964) e Maria Raquel (Miss Guaanabara 1965).  (Foto: Capa da revista MANCHETE, 03/06/1965).


Sônia Regina Schüller, capa da revista O CRUZEIRO, 08/01/1966, em foto de Jean Solari.

     Maria Raquel Helena de Andrade foi ainda mais longe depois daquele maio de 1965: conquistou o título de Miss Brasil e ficou entre as quinze semifinalistas do Miss Universo.

     Sônia Regina Schüller, a sereia do Miss Guanabara 1965, não foi tão longe quanto Maria Raquel, mas também deixou seu nome registrado nas lembranças mais gratas dos que viveram nos mágicos anos 60,  um tempo que se foi, para sempre se foi.

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terça-feira, 6 de outubro de 2009

SESSÃO NOSTALGIA - ANA GLITZ, UMA ALEGRIA PARA SEMPRE

Daslan Melo Lima

               Sou um cultivador nostálgico de fantasias e sonhos. Concordo com o poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994), quando ele diz no seu poema “Uma alegria para sempre“ : “As coisas que não conseguem ser olvidadas continuam acontecendo.”

               Parece que foi ontem. Parece que estou vendo pela televisão o rosto e os olhos lindos de Ana Glitz, Miss Brasil Beleza Internacional 1984. Ela passava beleza, charme, sensualidade e doçura. Adorava sol, praia, mar e as poesias do poeta gaúcho Mário Quintana.



               A trajetória de Ana Glitz nas passarelas começou em 1983, quando foi eleita Miss do Futebol Carioca, representando o Vasco da Gama, seu clube de coração. Em 1984, como Miss do clube que a lançou, foi a segunda colocada no Miss Rio de Janeiro; semifinalista do concurso Garota do Fantástico e representante do Brasil no Miss Beleza Internacional, realizado no Japão, onde se destacou entre as quinze semifinalistas. Em 1985, no carnaval, Ana Glitz recebeu o título de Miss Clube Sírio Libanês e em outubro disputou o Miss Mundo Brasil, onde voltou a brilhar, embora não tenha conseguido um lugar no Top 3.



               As fotos que ilustram esta matéria foram publicadas na extinta revista First Class, número 2, 1985. “Corpo de Mulher”, assim era o título do ensaio fotográfico de Ana Glitz, no esplendor dos seus 22 anos de idade. Entre uma foto e outra, a revista publicou alguns versos de Mário Quintana, selecionados pela própria Ana Glitz.





“Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...
Trago-te estas mãos vazias
Que vão tomando a forma do teu seio”



"A menina dança sozinha por um momento
A menina dança sozinha com o vento,
com o ar, com o sonho de olhos imensos...
A forma grácil de suas pernas
ele é que as plasma,
o seu par de ar, de vento,
o seu par fantasma..."

"Menina de olhos imensos,
tu, agora, paras,
mas a mão ainda erguida
segura ainda no ar
o hastil invisível deste poema!"





“Minha vida é uma colcha de retalhos,
todos da mesma cor.”



               De vez em quando, abro um dos meus álbuns de recortes sobre concursos de misses e me transporto para os anos oitenta, dos quais Ana Glitz é um ícone. Fecho os olhos. Tendo o silêncio e o vento como companhia, recito diante de uma passarela imaginária "Uma alegria para sempre", de Mário Quintana.



               Sou um cultivador eterno de fantasias e sonhos, pois “as coisas que não conseguem ser olvidadas continuam acontecendo.”

UMA ALEGRIA PARA SEMPRE

Mário Quintana



As coisas que não conseguem ser olvidadas
continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre
onde as datas não datam.
Só no mundo do nunca existem lápides...



Que importa se - depois de tudo - tenha "ela" partido
ou que quer que te haja feito, em suma?
Tiveste uma parte da sua vida que foi só tua e, esta,
ela jamais a poderá passar de ti para ninguém.



Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte de tua vida presente
e não do teu passado.
E abrem-se no teu sorriso mesmo quando,
deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.



Ah, nem queiras saber o quanto deves à ingrata
criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
- disse, há cento e muitos anos,
um poeta inglês que não conseguiu morrer.

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