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sábado, 26 de setembro de 2020

A LUA E O MOMENTO



Música ao vivo
num barzinho
do bairro vizinho.
A Lua,
linda,
solitária,
soberana,
majestosa e nua,
parece escutar as canções
de amor e desamor
que inundam a rua.


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Daslan Melo Lima
Timbaúba, PE
23.09.2020
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DE OLHO NO PASSADO - Tiago Alberione, o padre que amava a comunicação

  

O Padre Tiago Alberione nasceu em São Lourenço di Fossano, na província de Cuneo, Itália, no dia 4 de abril de 1884. Morreu em Roma no dia 26 de novembro de 1971. 

Um pouco antes de explodir a primeira grande guerra mundial, Padre Alberione já via com clareza a obra que devia realizar: criar um instituto, cuja finalidade exclusiva fosse o que naquele tempo se chamava "boa imprensa" e que, com o passar dos anos, tornou-se o apostolado através dos meios de comunicação social. 
Editor e fundador da Família Paulista (Família Paulina no Brasil) que agrupa  várias publicações religiosas, Padre Tiago Alberione foi  beatificado em Roma, no dia 27 de abril de 2003, pelo Papa João Paulo II.
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As imagens e textos são reproduções de uma reportagem publicada na revista Família CristãAno 38, número 434, fevereiro de 1972. editada pela Pia Sociedade Filhas de São Paulo. 
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DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - José Inácio Queiroz de Andrade, Zé Inácio, "Major de Macambira"

MAJOR DE MACAMBIRA




Ontem,
22 de setembro de 2020,
o vermelho,
presente na bandeira do Sport Club do Recife
e nas árvores,
foi testemunha da despedida do corpo físico de
José Inácio Queiroz de Andrade,
o Zé Inácio,
"Major de Macambira".



Ele partiu anteontem,
21 de setembro de 2020
depois da chegada da Primavera,
após sofrida luta contra um câncer.
Completaria 66 anos de idade
no dia 8 de dezembro.



No legado que deixou,
destaque para seus valores sentimentais inestimáveis:
o amor ao Sport Club do Recife;
a alcunha de "major";
o apego ao Engenho Macambira;
o carinho pelos filhos Antônio Lamartine de Andrade Neto e Paulo Henrique de Oliveira Andrade e
pela filha Maria Izabella Andrade.



Quais seriam as reflexões do "major" diante do mar?
Imagino que aquela luz,
vestida de outra intensidade,
tenha conduzido sua essência ao encontro de outra missão,
rumo a um dos fantásticos mundos
do Senhor do Universo.
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Daslan Melo Lima
Timbaúba, PE
23 de setembro de 2020

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SESSÃO NOSTALGIA - Lígia Alencar de Azevedo, Rainha dos Jogos da Primavera 1959

 Daslan Melo Lima


O ano era 1959. O concurso que elegia a Rainha dos Jogos da Primavera, a grande festa da juventude carioca, promovido pelo Jornal dos Sports, era destaque nas mais importantes publicações brasileiras e atraía a atenção de milhares de pessoas. Dezenas de estudantes lindas, representando clubes ou educandários do Rio de Janeiro, sonhavam com o título. 

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Morena de Olhos Verdes

 Nova Rainha da Primavera

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Fonte:  revista O Cruzeiro, Ano XXXII, número 7, 28.11.1959. 

Acervo: DML/Passarela Cultural

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Na exuberância dos seus 17 anos, Lígia Alencar de Azevedo,  1,70 de altura,  representante do Copacabana Atlântico Clube, foi eleita Rainha dos Jogos da Primavera de 1959. ----- Fotos: Indalécio Wanderley

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Rosele Torres, Rainha dos Jogos da Primavera 1958, e  sua sucessora Lígia de Alencar Azevedo, a rainha de 1959. ------ Foto: Indalécio Wanderley.

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Ângela Zimbardi, candidata do Colégio Anglo-Americano, segunda colocada. Se tivesse ganho, seria o quinto ano consecutivo de conquista do cetro pelo Anglo. --------- Foto: Hélio Passos.
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LÍGIA, 

ETERNAMENTE RAINHA DA PRIMAVERA

 


Lígia de Alencar Azevedo, ou simplesmente Lígia Azevedo, é hoje uma bem sucedida empresária do setor de SPAs. Está solteira, mas foi casada três vezes, tem uma filha e um casal de netos e mora em Búzios, Rio de Janeiro.  Faz nove anos que ela lançou o seu primeiro livro, onde fala sobre suas aventuras e receitas. 

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Linda e em ótima forma física, Lígia Azevedo conserva aquela jovialidade que a fez eterna Rainha dos Jogos da Primavera 1959. ---- Fotos: Natalia Melo/CARAS.

http://ligiaazevedorecomenda.blogspot.com/

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     Certas coisas têm sabor de eternidade e não deveria nunca acabar. Coisas como o concurso Rainha dos Jogos da Primavera. 

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sábado, 19 de setembro de 2020

PRA NUNCA MAIS CHORAR

As notícias sobre os graves problemas de saúde de Vanusa parecem ironia do destino. É setembro e uma das mais lindas canções populares brasileiras, "Manhãs de Setembro", autoria da cantora em parceria com Mário Campanha, diz:


"Eu quero sair / Eu quero falar / Eu quero ensinar o vizinho a cantar nas manhãs de setembro."

Também gosto muito do seu primeiro sucesso musical, "Pra nunca mais chorar", de Carlos Imperial e Eduardo Araújo. "Vem, traz teus abraços pros meus braços / As tuas mãos quero beijar / Viver pra sempre junto a ti / Oh! Pra nunca mais chorar. "

Eis uma das mais gratas recordações da minha adolescência: Vanusa chegando ao Hotel São Domingos, na Praça Maciel Pinheiro, Recife, e eu no meio de dezenas de pessoas, ansioso para conhecer a estrela pessoalmente.

Peço a Deus que as vibrações positivas do meu carinho de fã cheguem até ela e revertam seus problemas de saúde, "pra nunca mais chorar".

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https://www.youtube.com/watch?v=kU3ebqfv7KA

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Daslan Melo Lima, enquanto chove lá fora. / Timbaúba, PE / 14.09.2020 / Foto: detalhe da capa do primeiro vinil de Vanusa, RCA Victor, 1968.

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DE OLHO NO PASSADO - Isaura Bruno ("Mamãe Dolores"), a Estrela Negra

A ESTRELA NEGRA

Por Dema de Francisco
Editor da revista Ponto Jovem, autor roteirista, dramaturgo, jornalista e memorialista
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Isaura Bruno
(1926-1977)
Imagem: quiabodoido.com
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Ás 21h30min na distante noite daquela sexta feira, 13 de agosto de 1965, no Brasil que engatinhava no processo de industrialização com a migração dos trabalhadores do campo para a zona urbana, homens e mulheres, em vilas e cidades, arrastavam apressadamente por ruas descalças suas cadeiras, banquinhos, latões e tudo o que pudesse servir de apoio, postando-se frente às portas e janelas abertas da vizinhança onde disputavam espaço para assistir ao último capítulo de uma telenovela que havia conquistado um milhão e meio de telespectadores de norte a sul do país. A história de O Direito de Nascer, escrita pelo cubano Felix Caignet (1892-1976) e adaptada para a televisão por Thalma de Oliveira (1917-1976) e Teixeira Filho (1922-1984) já tinha sido sucesso estrondoso na forma de radionovela nos anos quarenta e o público, embora conhecedor do enredo , acompanhou com interesse incomum a saga dos personagens Albertinho Limonta e Mamãe Dolores, vividos por Amilton Fernandes (1919-1968) e Isaura Bruno (1926-1977), respectivamente. O sucesso foi tão impactante que nos dois dias seguintes àquela noite de sexta feira, o último capitulo foi reencenado "ao vivo” para um público de dez mil pessoas no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, e depois para um público ainda maior no Maracanãzinho, Rio de Janeiro, havendo festa de encerramento também no Mineirão, Belo Horizonte.

Os atores da novela viviam dias de glória que pareciam não ter fim. A televisão no Brasil era ainda uma frágil adolescente de quinze anos, aprendendo a dar os primeiros passos na construção de sua história. Tudo era precário e artesanal, menos o talento, a garra, a determinação e a dedicação dos nossos pioneiros. Na trama original, a protagonista da história é a personagem Maria Helena de Juncal, que na versão brasileira para a TV, foi vivida pela grande estrela da época Nathalia Timberg, mas por esses mistérios e desígnios insondáveis do destino, o público acabou se encantando e se identificando com a personagem Mamãe Dolores, vivida de forma magistral por Isaura Bruno que se tornou ainda que involuntariamente a primeira protagonista negra de nossas telenovelas, fato que demorou décadas para ser devidamente registrado e creditado.

Ao apagar das luzes dos cenários e descartadas as folhas datilografadas do capitulo 160 que encerrava a novela, saiam de cena os personagens de ficção e cada um dos atores passou a viver os seus próprios dramas, e estes, ao contrário da trama, não apresentavam finais felizes. Mas aqui, concentro-me em Isaura Bruno, a nossa primeira Estrela Negra que nascida no interior paulista, órfã de pai aos três anos e de mãe aos onze, criada pela avó materna até a morte desta, migrou para a capital ainda jovem à procura de dias melhores. Dormiu em albergues, pensões, bancos de praça, hotéis baratos de frequências duvidosas e jamais desistiu de sonhar com uma vida mais digna. Empregou-se em várias casas como doméstica, até chegar pelas mãos do destino na residência do escritor Orígenes Lessa (1903-1986), autor de O Feijão e o Sonho, onde foi contratada como cozinheira. Novamente, pelo acaso ou pela mão do universo, fez sólida amizade com a empregada da casa vizinha e esta um dia comentou que seu patrão estava procurando uma negra para um pequeno papel em um filme que iria rodar. O patrão da amiga era um dos mais importantes pioneiros das nossas artes, Walter Forster (1917-1996). Ele ficou encantado por Isaura e deu-lhe o papel de Flausina, no filme Luar do Sertão (1949), uma empregada que guardava muitas semelhanças com a Mammy de Hattie McDaniel (1895-1952) no filme E o Vento Levou (1939). A partir de então, Isaura conciliava o trabalho de doméstica com todas as oportunidades que apareciam para exercer o seu oficio de atriz. Fez isso por longos anos até ser contratada, sem registro, sem nada, para viver mais uma empregada, desta vez, a Dolores Limonta na versão para televisão de O Direito de Nascer. Fez dessa oportunidade o seu pulo do gato. E brilhou como nunca.
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Amilton Fernandes e Isaura Bruno
Foto: r7.cartaodevisita.com.br
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Mas a vida é uma caixa de armadilhas e quando menos esperamos, somos surpreendidos por golpes impiedosos que nos afligem sem que saibamos como nos defender. O sucesso alcançado por O Direito de Nascer não foi suficiente para manter Isaura no topo ou pelo menos dar-lhe o conforto de ter contratos de longa duração ou trabalhos contínuos. Os convites rarearam e nos anos seguintes ela fez apenas mais três novelas, até sair de cena para sempre. Incansável que era, voltou à luta e tentou tudo o que pôde. Lançou livros de culinária, vendeu exemplares de porta em porta, foi trabalhar novamente como doméstica e como diarista e nem assim o destino lhe fez o carinho de oferecer-lhe novas oportunidades. Os amigos sumiram. O público agora se encantava por outros rostos e torciam por outros heróis e heroínas. A televisão entrava no frenético ritmo industrial e as pessoas perdiam a identidade tornando-se apenas produtos do veículo. Era a época do milagre brasileiro tão anunciado pelos governos militares. Não havia mais tempo a se “perder” com os dramas pessoais de cada um.

Isaura Bruno jamais perdeu a fibra que tinha, construída em anos de lutas solitárias. Soube digerir a vergonha íntima de após ter sido catapultada à estrela de primeira grandeza, ser lançada novamente com o rosto em terra junto aos mortais, lutando por um pedaço de pão. Tinha a dignidade de uma rainha e peregrinou vendendo doces na Praça da Sé em São Paulo, com a altivez de quem conhece os motivos pelos quais está lutando. Um dia, sem ter onde morar, aceitou o convite da filha adotiva Penha Marise e foi viver com ela em Campinas; onde continuou vendendo seus doces nas praças da cidade. Ninguém mais se lembrava dela. Transitava invisível e desconhecida entre os passantes que olhavam mais para os doces no tabuleiro do que para a conformada vendedora. Cumpria-se o vaticínio de uma das ultimas entrevistas que dera ao Jornal do Brasil, em 24.05.1972 onde dissera. “O negro na tevê nunca passa de papéis secundários. Todos sabem disso. O pior é que alguns colegas, poucos sensatos, disseram que depois de Mamãe Dolores já não haveria outro papel para mim”. Infelizmente, seus colegas tinham razão.

Em primeiro de maio de 1977, aproveitando o feriado do Dia do Trabalho, Isaura saiu para vender seus doces nas ruas e praças de Campinas. Estava na sua lida até que um ataque cardíaco a fez perder os sentidos. Levada a um hospital público, por não portar documentos, foi internada como indigente. No dia seguinte, já identificada, morreu aos sessenta anos de idade.

Nesta semana em que se comemorou os setenta anos da televisão no Brasil e quando tantos e tantos pioneiros simplesmente foram esquecidos ou já não são mais lembrados, escolhi Isaura Bruno para, através dela, homenagear todos aqueles que fizeram e ainda fazem a história da nossa televisão, construída na raça, com o suor, o sangue, o talento, o trabalho, a dedicação e o empenho de gente fantástica como Isaura Bruno, a nossa Estrela Negra de ontem e de hoje, que continua fazendo parte da imensa constelação de astros e estrelas que esse país já produziu.
Bravo!
Muito obrigado queridos pioneiros.
Bravo!
Muito obrigado Isaura Bruno, você ainda é uma estrela! .

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A NEGAÇAO DO BRASIL, trecho do filme de Joel Zito Araujo com as cenas de encerramento da novela,
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NOTA DO EDITOR
Texto originalmente postado no Facebook e editado para o blog com autorização do autor.
Daslan Melo Lima / daslan@terra.com.br / 
WhatSapp: (81) 9-9612.0904 
PASSARELA CULTURAL, edição número 752, semana de 20 a 26 de setembro de 2020 / Timbaúba, PE, Brasil.
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DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - Para uma terça-feira de setembro

PARA UMA TERÇA-FEIRA DE SETEMBRO


Dia santificado.
Dia da padroeira
Nossa Senhora das Dores,
a quem chamo de
Senhora das Dores,
dos Amores
e Desamores.


Diante do seu altar,
só peço a Deus uma coisa:
que Ele torne leve nossa caminhada
por esse planeta conturbado,
mesclado de dores,
possíveis amores
e insensatos desamores.


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Daslan Melo Lima
Timbaúba, PE
15.09.2020
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Imagens:
Jorge Do Pitako
(fachada da Igreja); Daslan Melo Lima (interior do templo) e Facebook/
Everson Bezerra
(escultura de N.S. das Dores).
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SESSÃO NOSTALGIA/ESPECIAL - Vedetes do Brasil, “Tem Bububú no Bobobó"

Por Muciolo Ferreira

mucioloferreira2013@gmail.com

Corpo exuberante e um pouco de talento, necessariamente não era preciso ser bonita. Bastava ser "gostosa" para atrair os homens. Eram esses os atributos de uma girl para se tornar na vedete de "teatro rebolado", a estrela principal dos teatros de revistas brasileiros, cujo apogeu ocorreu nas décadas de 1940, 1950 e até o início dos anos 1960. Icônicas, Angelita Martinez, Anilza Leoni, Carmem Verônica, Dercy Gonçalves, Dorinha Duval, Elvira Pagã, Esther Tarcitano, Íris Bruzzi, Luz Del Fuego, Mara Rúbia, Marly Marley, Renata Fronzi,  Sônia Mamede, Virgínia Lane, Wilza Carla e Zaquia Jorge, entre outras, souberam como ninguém incendiar o imaginário sexual dos homens e, algumas delas, influenciar a política e os costumes da época. As vedetes também ficaram famosas pelo poder e força que tiveram em mostrar nos palcos “quando o menos é mais", no caso o figurino.

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ANGELITA MARTINEZ (1931-1980)

Rainha das Vedetes 1958 - Foto: baudomago.com.br

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ANILZA LEONI (1933-2009)

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Anilza Leoni canta a música "Brigitte Bardot", de Miguel Gustavo, no filme "Bom Mesmo é Carnaval", direção de J.B. Tanko,  1962. https://www.youtube.com/watch?v=JkeE1u57Z10
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      Em minúsculos biquínis ou maiôs rebordados em paetês, miçangas e cristais, elas surgiam no palco ao som de uma orquestra, cenário luxuoso e um corpo de baile com outras girls, bailarinos e coristas. Como o próprio nome vedete sugere, tinham que cantar, dançar, interpretar e ter muito jogo de cintura para driblar com muito fair-play as cantadas e piadinhas que surgissem da plateia por algum engraçadinho mais afoito. Era aí que estava a diferença entre a vedete e uma atriz de teatro. A última já recebe o texto pronto, enquanto a outra tem que saber improvisar e sem constranger o público. A participação delas em cada espetáculo repercutia no dia seguinte na imprensa e na política, ditando modismo e influenciando a cultura popular com uma linguagem nacional, livre da indústria estrangeira dos musicais da Broadway.

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DERCY GONÇALVES (1907-2008)

i

Imagem: teatrobr.blogspot.com

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ELVIRA PAGÃ (1920-2003)

Foto: revista O Cruzeiro.
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     Enquanto Virgínia Lane recebeu ao vivo do presidente Getúlio Vargas o título de “A Vedete do Brasil”, Mara Rúbia era ovacionada "Rainha das Escadarias", alusão   às suas chegadas triunfais nos palcos e em locais públicos onde houvesse alguma escada. Também foi apontada como o símbolo sexual da época em que atuou em oito espetáculos na Companhia de Teatro de Revista do produtor Walter Pinto. Todavia é Carmem Verônica quem as colegas de profissão são unânimes ao afirmar ter sido a vedete do corpo mais perfeito.

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LUZ DEL FUEGO (1917-1967)

Foto: aventurasnahistoria.uol.com.br
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MARA RÚBIA (1919-1991)

Capa da  revista Manchete, 07/11/1953.

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     Pessoas extremamente desejadas por 10 entre 10 homens, as vedetes brasileiras souberam aproveitar o auge da fama. Ganharam muito dinheiro nos shows que fizeram no Brasil e no exterior ou de quem tivesse disposição e muita grana para iniciar um romance. Até hoje não se tem notícia de casos em que alguma delas tivessem morrido na miséria os nos corredores dos hospitais públicos. Zaquia Jorge, por exemplo, ganhou tanto dinheiro que aos 30 anos de idade já tinha o seu próprio Teatro de Revista no subúrbio de Madureira. Morreu tragicamente aos 33 anos, no auge da beleza e do sucesso, por afogamento, na praia da Barra da Tijuca.

      O início da derrocada do Teatro de Revista começou com a popularização da televisão e dos filmes estrangeiros. O gênero artístico brasileiro, que satirizava com humor os costumes da época e a política, agonizava sem patrocínios e plateia. A instalação do Regime Militar com uma censura rígida em todos os segmentos artísticos e culturais também contribuiu para a decadência e o esvaziamento dos teatros. E quando tudo parecia perdido, eis que é montada em plena ditadura militar o espetáculo "Les Girls", estrelado por um time de travestis de primeira linhagem, com Rogéria, Valéria e outras. O espetáculo percorreu todo o país no melhor estilo do Teatro de Revista. Aportou até aqui, no Recife, no Teatro de Santa Isabel. Os travestis sempre se espelharam na atriz americana Marilyn Monroe e nas vedetes como suas ídolas. Souberam tirar proveito disso usando o nome de algumas delas, a exemplo de Eloína e Brigite Blair, com muito talento e disposição para correr da polícia e driblar a censura. Não tendo muito apoio, devido ao preconceito e à perseguição crucial da polícia, tanto Rogéria, Valéria e Marquesa, estrelas do “Les Girls”, tiveram de sair do pais e buscar trabalho na França, Espanha e Alemanha.

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VIRGÍNIA LANE (1920-2014)

Imagem: salalatinadecinema.blogspot.com
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Virgínia Lane canta "Sassaricando", marchinha composta por Luís Antônio, Zé Mário (Jota Junior) e Oldemar Magalhães, o maior sucesso do carnaval de 1952. https://www.youtube.com/watch?v=mFnj0WZLQUE
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ZAQUIA JORGE (1924-1957)

Foto: riodejaneirodehontem.blogspot.com
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Joel de Almeida canta o samba "Madureira Chorou", de Carvalhinho e Júlio Moreira, sucesso do carnaval de 1958, composto em  homenagem à Zaquia Jorge. 
https://www.youtube.com/watch?v=mcTLbXZ7lt8&list=RDeEQit02Iiw8&index=15
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     A atriz Leila Diniz, no auge da carreira, montou uma revista musical num teatro de Ipanema intitulado “Tem Banana na Banda", mas ficou poucos meses em cartaz. Cláudia Raia também montou o espetáculo "Não Fuja da Raia", com razoável sucesso. Nenhuma dessas, porém, conseguiu tanto fascínio e sedução como as pioneiras. O poder e sedução que exerciam nos homens esvaziaram muitas contas bancárias e cofres numa época em que donzelas de famílias de bem sussurravam ao pé do ouvido das matriarcas: "Mamãe, Quero ser Vedete". Cai o pano.

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Notas do Editor

1 -  A inspiração do Muciolo Ferreira para escrever esta matéria surgiu após ele ter assistido na TV Cultura ao documentário "Mamãe, Quero ser Vedete”, produzido por Neyde Veneziano, escritora e pesquisadora do tema.

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2 - “Tem Bububú no Bobobó” é o título de uma revista musical de Walter Pinto, Luís Iglezias, J. Maia e Max Nunes, protagonizada por Virgínia Lane, Walter D’Ávila e José Vasconcelos, encenada no Theatro Recreio, Rio de Janeiro, em outubro de 1959, e depois no Theatro Paramount, São Paulo.

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3 - Em 1960, um dos grandes sucessos do Carnaval foi a marchinha "É Bububú no Bobobó", de Armando Cavalcanti e Ivo Santos, na voz de Marlene (1922-2014). Imagens: Mercado Livre. Vide:  https://www.youtube.com/watch?v=-md1huEnBHI

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4 - Das dezesseis vedetes pioneiras citadas, apenas três estão vivas: Carmem Verônica, Dorinha Duval e Íris Bruzzi. Em 2011, muitos anos depois do fim dos teatros de revista, o jornalista Muciolo Ferreira teve a sorte e o privilégio de conhecer pessoalmente Virgínia Lane, “A Vedete do Brasil”, num show do Polo de Carnaval da Cinelândia, Rio de Janeiro. No alto dos seus 91 anos de idade, envolta em plumas, boá vermelho, paetês, maiô comportado e chapeuzinho preto no estilo dos sapateadores da Broadway,  Virgínia Lane ainda empolgava o público cantando “Sassaricando”, com orquestra e coral.***** “Sa-sassaricando! / Todo mundo leva a vida no arame! / Sa-sassaricando! / A viúva, o brotinho e a madame! / O velho na porta da Colombo / é um assombro! Sassaricando /// Quem não tem seu sassarico, / sassarica mesmo só! / Porque sem sassaricar / esta vida é um nó!

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Daslan Melo Lima / daslan@terra.com.br  
WhatSapp: (81) 9-9612.0904 
PASSARELA CULTURAL, edição número 752, semana de 20 a 26 de setembro de 2020 / Timbaúba, PE, Brasil.
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