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SEJA BEM-VINDO ! SEJA BEM-VINDA! VOCÊ ESTÁ NO BLOG PASSARELA CULTURAL, cujas postagens, na maioria das vezes, são postadas aos sábados e domingos. Nossa trajetória começou em 02/07/2004, com o nome de Timbaconexão, como coluna sociocultural do extinto site de entretenimento Timbafest. Em 12/10/2007, Timbaconexão migrou para blog com o nome de PASSARELA CULTURAL, quando teve início a contagem de visitas. ***** Editor: DASLAN MELO LIMA - Timbaúba, Pernambuco, Brasil. ***** Contatos : (81) 9-9612.0904 (Tim / WhatsApp). E-mail: daslanlima@gmail.com

sábado, 27 de abril de 2013

VAREJÃO TIMBAUBENSE, VISÃO EMPREENDEDORA E SENSIBILIDADE


(Timbaúba, PE) - O empresário Marcelo Barbosa inaugurou na quinta-feira, 25, mais uma unidade do supermercado Varejão Timbaubense, na Rua Marechal Dantas Barreto, 226. ***** O imóvel foi construído no final da década de 1910, por Pinto Alves & CiaAdquirido depois pela Sanbra, Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, passou em seguida para as mãos da Fiação e Tecelagem Timbaúba, a popular Algodoeira, desativada há anos.  ***** As instalações do  Varejão Timbaubense são modernas, amplas, confortáveis. No interior há uma farmácia e uma loja de informática. Junto ao estacionamento funciona um salão de beleza e no primeiro andar será instalado outro empreendimento e a administração de todas as unidades da empresa. ***** PASSARELA CULTURAL parabeniza Marcelo Barbosa pela sensibilidade em ter preservado a arquitetura do imóvel.  Adaptações foram feitas, obviamente, mas não foi necessário destruir o prédio e nem mutilar a memória arquitetônica da cidade.

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RIOS E AFETOS NO ALTAR DO DIVINO


AS ÁGUAS CORREM PARA OS RIOS

Daslan Melo Lima

           Lembro-me de uma canção romântica dos anos 60 que diz assim:

“As águas correm para os rios. / Os rios correm para o mar. / Só o pranto dos meus olhos eu não sei, não sei onde vai parar. / Chora toda natureza, no inverno e no verão, / só não chora neste mundo quem não tem um coração. / As águas correm para os rios. / Os rios correm para o mar. / Só o pranto dos meus olhos eu não sei, não sei onde vai parar.”

          No Recife, às margens do Rio Capibaribe, o vento me diz que toda aquela água que corre para o mar simboliza o choro da natureza e da humanidade.  Há poesia e oração às margens do Rio Capibaribe. Minha intenção é ajoelhar-me solenemente, mas as pessoas que passam podem pensar que sou louco. Por isso, prefiro que pensem que sou turista, e sorridente canto em silêncio, como se fosse porta-voz dos que choram neste momento:

“As águas correm para os rios. / Os rios correm para o mar. / Só o pranto dos meus olhos eu não sei, não sei onde vai parar.”
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Recie-PE, 26/04/2013
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NO ALTAR DO DIVINO 

Daslan Melo Lima

          
       O altar-mor da Igreja do Divino Espírito Santo, uma joia da arquitetura pernambucana do Século XVI, localizada na Praça 17, no Recife, lembra um belo bolo de noiva.
          Entro na igreja para respirar história: o Imperador D. Pedro II visitou este lugar em 1859 e a cerimônia fúnebre do abolicionista Joaquim Nabuco aconteceu aqui, em 18/04/1910.  Entro na igreja para respirar poesia: imagino quantas cerimônias românticas de casamentos foram realizadas na frente deste altar.
          Depois de respirar história e poesia, sinto necessidade de respirar religiosidade, independente de religião, e ao lado de anjos invisíveis recito o sexto mistério da Coroa do Divino Espírito Santo: 

”Vinde, Espírito de Piedade, vinde morar em nossos corações, tomai conta deles e santificai todos os seus afetos.” 
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Recife-PE, 26/04/2012.
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DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - UM LEGADO PRECIOSO

UM LEGADO PRECIOSO




          Timbaúba dos Mocós, “Princesa Serrana” de todos nós, perdeu neste Abril que logo mais está dando adeus a 2013, envolvido em azul e cinza, dois cidadãos que marcaram época: Luiz Gonzaga da Cruz e Manoel Matias Barbosa.  
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Na missa de sétimo dia pela alma do Sr. Luiz Gonzaga da Cruz, realizada na Igreja Matriz de N.S.das Dores, no domingo, 21, o momento mais emocionante aconteceu quando foi cantada a música “Paz do meu Amor”, de Luiz Vieira. Para Lucimere Andrade, filha primogênita, seu pai foi tudo aquilo que diz a letra da música:

Você é isso: Uma beleza imensa, toda recompensa de um amor sem fim.  
Você é  isso: Uma nuvem calma no céu de minh'alma, é ternura em mim. 
Você é isso: Estrela matutina, Luz que descortina um mundo encantador.  Você é isso: É parto de ternura, lágrima que é pura, paz do meu amor.
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Na missa de sétimo dia pela alma do Sr. Manoel Matias Barbosa, realizada na Igreja de N.S.da Conceição, em Mocós, na terça-feira, 23, o momento mais emocionante aconteceu quando sua neta Fabiana Barbosa Andrade Lima Vasconcelos começou a ler “Vô, Vovô, Vozinho”,  texto de sua autoria. Em determinado momento, Fabiana não conseguiu continuar e pediu que o pai Marcos Vasconcelos prosseguisse com a leitura.


       Que o carinho de Lucimere Andrade e Fabiana Vasconcelos para com Luiz Gonzaga da Cruz e Manoel Matias Barbosa, respectivamente, possam ficar na memória das gerações futuras como lembrança de duas personalidades timbaubenses que deixaram um legado de honradez e dignidade.

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TIMBAÚBA, UMA RAZÃO PARA SONHAR





A LUA NA PASSARELA - Na última sexta-feira azul de Abril, na passarela do céu pernambucano de Timbaúba, desfila a Lua, linda, soberana e nua. Feminina e fotogênica, ela se sente à vontade diante da minha câmara e fica bela de qualquer ângulo. *****  -Daslan Melo Lima.
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A VIDA É COMO UMA DANÇA - Timbaúba, a "Princesa Serrana", amanheceu silenciosamente envolvida em tom cinza neste último domingo de abril, mas nada de melancolia em sua alma. O cinza está combinando com o céu nublado e as folhas do meu pé de acácia dançam ao som da abençoada chuva que lá fora cai. Sou parte deste baile e os meus pensamentos dançam com o Vento frio, enquanto declamo em silêncio doces versos do poeta Théo Drummond: "Baila, baila, bailarino, / a vida é como uma dança / e a gente, desde menino, / baila, baila e não descansa." -  Daslan Melo Lima.
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SESSÃO NOSTALGIA – CORINA BALDO, MISS ELEGANTE BANGU 1952


Por Daslan Melo Lima

PRÓLOGO


          Era 09/06/1951. A famosa revista semanal O Cruzeiro estava no seu 23º ano de circulação e colocava nas bancas de todo o pais 320.000 exemplares. Na capa, o rosto expressivo de uma jovem da sociedade do Rio de Janeiro, Corina Baldo, fotografada por Peter Scheler. Dois anos depois, precisamente em 07/02/1953, Manchete, uma publicação criada há poucos meses e que se tornaria a principal concorrente de O Cruzeiro, saía nas bancas trazendo uma encantadora Corina Baldo com a faixa de Miss Elegante Bangu 1952.

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 MISS ELEGANTE BANGU 1952 - Reportagem de Ibrahim Sued - Fotos de Nicolau Drei e Yllen Kerr  - Revista Manchete, 07/02/1953.


          A ideia foi do sr. Joaquim Guilherme da Silveira e vinha sendo trabalhada há algum tempo. Realizar um concurso (patrocinado pela sua fábrica Bangu) em que pudesse ser realçada a elegância da mulher brasileira. Um concurso sem objetivos comerciais, sem finalidade de lucro, com a renda total revertendo em benefício da Pequena Cruzada. Era a primeira vez que um concurso de tal importância se realizava no Brasil e logo o maquinismo técnico da Bangu foi movimentado para o seu completo sucesso. O figurinista José Ronaldo, como já vinha fazendo, foi mais uma vez chamado para desenhar os vestidos, e a ideia inicial foi ampliada para permitir a todos os clubes esportivos do país indicar as suas candidatas.
         Logo depois dos primeiros dias de lançamento o concurso foi ganhando adeptos, empolgando o país, e em todos os clubes, quando se realizavam eleições para indicar a sua candidata, verdadeiras multidões compareciam.  Era a vitória completa da ideia original dos Silveirinhas.
         Finalmente selecionadas 32 candidatas marcou-se a escolha final da Miss Elegância Bangu de 1952, para a noite de 24 de janeiro. A procura de mesas já garantia um sucesso antecipado. Todos os salões do Copacabana estavam lotados na noite quente daquele sábado. Toda a alta sociedade compareceu. Um júri composto de 13 nomes consagrados nas artes, no jornalismo, na elegância brasileira, iria escolher aquela que poderia usar durante todo o ano o título de Miss Elegância Bangu 1952. Todas as jovens (de grande beleza e elegância) cobiçavam esse título. Nada mais natural, acrescente-se.
          Terminado o desfile, aguardou-se o veredictum do júri. A espera demorou 15 minutos, mas a ansiedade durou muito mais. As candidatas não tiravam os olhos da mesa onde os juízes discutiam, manipulavam notas, gesticulavam. Mas todos compreendiam a tremenda dificuldade enfrentada por aquele júri de fato: escolher a mais elegante do país entre tantas elegantes. Mas o júri demorava para realizar uma escolha criteriosa. E realmente outra coisa não se podia esperar de um júri presidido por Herbert Moses e composto do colunista Jacinto de Thormes, o pintor Santa Rosa, o figurinista Alceu Pena, o cronista social Gilberto Trompowsky, o príncipe Dom João de Orleans, o autor desta reportagem e as elegantíssimas senhoras Carlos Eduardo de Souza Campos, Álvaro Catão, Francisco Rosemburgo, Carlos Guinle Filho, João Savedra, George Hime e a senhorita Marilu Montenegro.
       Uma tremenda salva de palmas premiou a escolha dos jurados. Os fotógrafos e cinegrafistas movimentaram-se, todos correram para o lado da srta. Corina Baldo. Ela acabava de ser escolhida Miss Elegância Bangu 1952. Emocionada, recebia o abraço dos srs. Joaquim Guilherme da Silveira e Roberto Marinho ao mesmo tempo que lhe era colocada a faixa com os dizeres: “Elegante Bangu 1952”.

Ninon Seiller, terceira colocada, representante do Clube Curitibano, desfila com um vestido organdi rosa pálido em babados plissados.
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Maricy Camargo, segunda colocada, desfila com um vestido de fustão Bangu branco, estampado em azul e vermelho. Prêmio: uma viagem a Buenos Aires, Argentina. 
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Corina Baldo, primeira colocada, recebe a faixa das mãos de  Joaquim  Guilherme da Silveira. Seu vestido foi confeccionado em organdi permanente "Mauve" plissado e bordado a canutilhos prateados. Prêmio: uma viagem a Paris e um guarda-roupa completo.

       Novamente desfilaram as três primeiras colocadas recebendo uma verdadeira consagração. Ao lado da primeira colocada passaram as srtas. Maricy Rodrigues, segunda colocada e Ninon Seiller, terceira colocada.  A terceira colocada recebeu a sua faixa das mãos do Príncipe Dom João de Orleans e Bragança. A segunda do sr. Roberto Marinho, diretor do vespertino “O Globo” e que apoiou francamente o concurso. E, finalmente, a vencedora recebeu a faixa consagradora das mãos do Sr. Joaquim Guilherme da Silveira, Diretor Comercial da fábrica Bangu.


Da esquerda para a direita, Ninon Seiller, terceiro lugar; Maricy Camargo, segunda colocada; e Corina Baldo, Miss Elegante Bangu 1952.

          Estava finalizada a maior parada de elegância que já se realizou no Brasil e que será repetida todos os anos. De agora em diante o título de Miss Elegante Bangu é uma preocupação de todas as jovens do Brasil. E ostentar a faixa de campeã orgulhará qualquer jovem de qualquer Estado do Brasil. Foi mais uma ideia vitoriosa dos irmãos Silverinhas.

O CARISMA DO TÍTULO MISS ELEGANTE BANGU

          Em 18/12/2010, focalizei  nesta secção o concurso Miss Elegante Bangu 1958, cuja matéria poderá ser conferida neste link  http://passarelacultural.blogspot.com.br/2010/12/sessao-nostalgia_18.html   .  Naquela ocasião, escrevi que  foi no ano de 1951 que  D. Candinha Silveira, esposa de Joaquim Guilherme da Silveira, um dos donos  da empresa Tecidos Bangu, fundada em 1891, criou o concurso Miss Elegante Bangu, evento beneficente em prol da instituição Obra da Pequena Cruzada. Informei, também, que o primeiro certame tinha sido realizado em 1952. Com base na reportagem de Ibrahim Sued , vimos  que a ideia foi do Sr. Joaquim Guilherme da Silveira, mas que deve ter tido o apoio incondicional de sua esposa. O ano de 1952 foi de articulações visando o sucesso da final do certame que, embora realizado em 24 de janeiro de 1953, a faixa da vencedora remetia ao ano de 1952.
          O carisma do concurso se espalhou por todo o Brasil. Era chique participar dos desfiles Bangu, cujo prêmio maior para a primeira colocada na finalíssima nacional era uma viagem a Europa. Moças finas e educadas, oriundas de  famílias bem conceituadas, desfilavam em trajes esportivos e em roupas de gala confeccionadas com tecidos da marca Bangu.

EPÍLOGO


          Corina Baldo marcou época na sociedade carioca e voltou aos holofotes da mídia em 1986, quando o seu filho Felipe Camargo foi selecionado para ser protagonista da série Anos Dourados, na TV Globo. Em sua edição de 19/07/1986, a revista Manchete publicou a foto acima, onde se lê na legenda:
50 neles ! Ela foi Miss Elegante Bangu e Miss Caiçaras, e seu nome esteve presente nas passarelas e colunas sociais dos anos 50. Hoje, funcionária pública, Corina Baldo pode reencontrar os bons tempos do passado ao ver seu filho, o ator Felipe Camargo, revivendo na TV aqueles anos dourados.  
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          Timbaúba, a Princesa Serrana, amanheceu silenciosamente envolvida em tom cinza neste último domingo pernambucano de abril de 2013, mas nada de melancolia. O cinza está combinando com o céu nublado e as folhas do meu pé de acácia dançam ao som da abençoada chuva que lá fora cai. Sou parte deste baile e os meus pensamentos dançam com o Vento frio, enquanto encerro esta Sessão Nostalgia
         O tempo que se foi, se foi, para sempre se foi, mas continuo permitindo que o menino que um dia eu fui viaje no túnel do tempo ao sabor dos meus sentimentos, mergulhando em velhas revistas que focalizam concursos de Misses, meu passatempo preferido. E de alma leve, declamo em  silêncio doces versos do poeta Théo Drummond:

 Baila, baila, bailarino, 
a vida é como uma dança
e a gente, desde menino, 
baila, baila e não descansa.

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sábado, 20 de abril de 2013

CANTANDO NA CHUVA


          Estamos sofrendo os rigores da estiagem. Para quem nasceu numa região castigada pelo sol inclemente, a chuva torrencial que caiu ontem em Timbaúba teve um maravilhoso gosto de festa. Foi por isso que, às 20 horas, quando a chuva fez uma pausa, o menino que fui um dia resolveu liquidar uma velha pendência emocional: tirar umas fotos no estilo daquela sequência famosa do filme “Cantando na Chuva”, imitando Gene Kelly. Uma versão da música "Singing in the Rain" diz assim: 

Eu estou cantando na chuva, apenas cantando na chuva.
Que sentimento glorioso ! Eu estou feliz de novo. 
Estou rindo para as nuvens tão escuras lá em cima. 
O sol está em meu coração e eu estou pronto para o amor.
Que as nuvens tempestuosas persigam todas as pessoas desse lugar.
Caminhemos com a chuva.
Eu tenho um sorriso em meu rosto. 
Eu descerei por essa rua com um feliz refrão, 
cantando, cantando na chuva, na chuva.

          Que venha mais chuva e que os temporais não provoquem tragédias. Que venha mais chuva, com cores de infância e gosto de festa.  
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- Daslan Melo Lima

   A célebre cena do filme poderá ser assistida neste link http://www.youtube.com/watch?v=BrNAtk3W8wE .
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UM DIA QUALQUER

Daslan Melo Lima

          No local onde funciona o Centro Cultural Judaico de Pernambuco, na Rua do Bom Jesus, antiga Rua dos Judeus, no Recife, PE, existiu no século XVII a primeira sinagoga das Américas. 
      Em visita àquele espaço, mergulhei no belo texto de uma carta datilografada ao lado de objetos antigos doados ao Centro Cultural por famílias judias . A carta diz:

          “ um dia qualquer". 
         Felipe amigão, quando receber este livro Prières Dun Coeur Israélite, livro que foi de minha mãe, e que só a você poderia deixar, por teu amor e respeito ao Povo Eleito, ficarei tranquila que estará em boas mãos. 
         Com um cuidado todo especial, quando for a tua vez de fazer a doação, coloque-a numa boa terra, para que a colheita seja sempre boa,que é de tradição , respeito e amor. 
          Desculpe as exigências, sei que serei bem compreendida, as coisas da existência humana devem ser preservadas, para que no futuro se possa ter um referencial, e até hoje foram os puros e intransigentes que conseguiram guardar as raízes dos ancestrais. 
          Nada é nosso e tudo é nosso, pois somos UM que é TUDO.
         Lá de onde eu estiver, mando todo meu carinho e agradeço termos sido amigos. 
          Beijão e bênçãos.

          Um dia qualquer, retornarei ao Centro Cultural Judaico de Pernambuco para rever esta carta e admitir mais uma vez que "nada é nosso e tudo é nosso, pois somos Um que é Tudo" . 

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DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO

EDVALDO SANTOS, A VOLTA DE BIUZINHO

         
          Edvaldo Ferreira dos Santos, 73 anos a completar no dia 26/07, ferroviário aposentado, timbaubense radicado há muitos anos no Rio de Janeiro, retornou às origens no início deste mês para uma viagem sentimental inesquecível, ao lado da esposa Maria Helena e do neto Felipe. Edvaldo, o homem maduro de hoje, através do menino que foi um dia (Biuzinho, como era conhecido), antes de retornar para o Rio abriu o seu coração: 
         Cheguei diante da casa do meu padrinho João Chagas e olhei a Estação Ferroviária, fiquei de coração apertado quando soube que estava desativada. Fechei meus olhos, prendi a  respiração e dei vida com a materialização da Maria Fumaça e a agitação frenética e contagiante dos passageiros,entre o apito da chegada e o apito da partida. A fumaça era de cor sépia, que ficou preta e branca, e a grande fumaceira se dispersou numa realidade colorida, e ninguém me viu dar adeus, boa viagem...   
          Na Avenida Borba, no bairro de Timbaubinha, deixei a minha infância,mas encontrei meus vizinhos Dona Maria Preta,  Dona  Menininha, Sr. Ramos...  Rua Pedro José Damião... Três Cocos... 


          Reencontrei a Bibina (Severina Ana Barbosa), minha irmã por parte de pai, e Elza, sobrinha e afilhada da minha mãe Júlia. Ela me olhava e não conseguia somar o menino Biuzinho de 12 anos com a mesma raiz de 73 anos marcada pelo tempo. Demorou. Ela via, mas não se convencia. Quando mostrei uma carteira daquela época com foto. ela se rendeu e me abraçou e fizemos uma oração de agradecimento a Deus pelo nosso reencontro.  No mirante do Alto Santa Terezinha, girei 360° graus. Quantas  árvores timbouva sucumbiram em nome do desenvolvimento....

          Despeço-me dizendo até logo e aos familiares a esperança de voltar em definitivo.



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MEMÓRIA TIMBAUBENSE



Coronel Carlos Benigno Pereira de Lyra, industrial, filho do capitão João Alves C. Pereira de Lyra e de Feliciana Maria de Araújo Pereira de Lyra. Nasceu em Timbaúba-PE, no dia 13/02/1859, e faleceu em São José da Laje-AL, em 11/06/1924, onde foi sepultado. Esta foto está afixada na sacristia da Igreja Matriz de São José, em São José da Laje-AL.
                                    

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UM FATO EM FOCO



Portando um galho de árvore, alguém viu tanajuras voando e vai transformá-las num exótico prato.  Ritual gastronômico diferente. A culinária oriental não está repleta de insetos?  Portando um galho de árvore, alguém viu um lanche delicioso.  ***** Você já comeu tanajura? ***** Foto acima: Facebook/Pablo Duarte.Foto abaixo: Facebook/Timbaúba em Números, Fatos e Fotos.



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SESSÃO NOSTALGIA – Confissões de Ieda Maria Vargas, Miss Universo 1963


Por Daslan Melo Lima

PRÓLOGO

         
Timbaúba, Pernambuco, nordeste do Brasil, final da tarde do terceiro domingo de abril de 2013. 
Chove lá fora, pouco, mas chove. Para quem nasceu numa região castigada pela seca e o sol inclemente, a chuva que lá fora cai tem um gosto maravilhoso de festa. E tendo como fundo musical o  som dos pingos d’água , vou resgatar mais um documento referente às grandes misses do passado. Em minhas mãos, a revista Cláudia, abril de 1968, Ano VIII, nº 79, Editora Abril. Vou transcrever uma interessante matéria daquela publicação escrita na primeira pessoa por Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo 1963. Detalhe: na revista, o nome Ieda está escrito com a letra Y


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Encontro acidental põe frente a frente o especialista e a “perturbadora” de corações: Miss Universo 63 X Dr. Christian Barnard.

YEDA VARGAS E A IMPORTÂNCIA DOS AUTÓGRAFOS

          Foi numa das minhas primeiras viagens depois de ter sido eleita Miss Universo. Estávamos em Lima, meus pais e eu, acompanhados por minha amiga Miss Peru: era a noite em que se comemorava o aniversário da independência do Peru. Um rapaz simpático se aproximou e me pediu um autógrafo. Disse-me que era a primeira vez que falava com uma brasileira. Perguntei de onde ele era. E a resposta: “Capetown, South Africa.” Eu ri, dizendo que era também a primeira vez que conversava com um africano. Naquela noite meu autógrafo  saiu assim:  Ao Dr Christian Barnard, Yeda Maria Vargas, Miss Universo.
          Imagine meu susto quando, há uns dois meses, vi seu retrato nos jornais. Fiquei muito emocionada. Creio que fui das poucas pessoas que tiveram o privilégio de conhecer pessoalmente um homem predestinado a abrir novos rumos para a ciência. Realmente é uma sensação estranha. Como se eu tivesse conhecido Galileu, Newton, Einstein ou Freud, enfim qualquer  uma das figuras famosas que a gente estuda na escola. Já me imagino contando para meus filhos: “Esse aqui eu conheci pessoalmente. Naquele tempo era ele que me pedia autógrafos...”
          Nada entendo de medicina mas acredito que ainda há muita coisas a se fazer nesse campo. Daqui a alguns anos, falar em transplantes vai ser coisa corriqueira. E o mais gozado var ser a dificuldade dos juízes nos concursos de beleza. Vão ter que regulamentar novamente todos os concursos, e uma proibição terá que ser feita: “É expressamente proibida a inscrição de candidatas que se tenham submetido a transplante de olhos, pernas ou qualquer outro que tenha alterado sua beleza original.”

Se eu fosse uma mulher feia minha vida teria sido a mesma coisa

          É claro que eu não teria o titulo de Miss Universo, mas seria essa a única diferença. Beleza não é só físico. Uma escultura não é  considerada obra de arte apenas por ser bonita. É seu valor artístico que a torna mais ou menos bonita. O importante é a personalidade das pessoas. Se eu não fosse bonita, não teria sido Miss Universo, nem tampouco teria viajado. Não teria conhecido outros países e outros povos. Não teria adquirido a visão que adquiri. Sei de tudo isso. Mas eu teria estruturado minha personalidade em torno de outras experiências. O resultado seria o mesmo. Minha participação na vida, a mesma. Eu tenho um amigo muito feio. Porém fascinante. Fascinante pela sua maneira de pensar. Pela sua maneira de conversar. Pelo seu cavalheirismo. Depois de quinze minutos com ele, não há quem o ache feio. Aliás, em nossa roda de amigos ninguém o considera um homem feio. É um dos exemplos que conheço de personalidade que faz beleza. É uma receita que serve para homens e mulheres. Cultivem a personalidade que vocês serão mais belos...

Diferença de sexo não quer dizer superioridade de um sobre o outro

          Homem ou mulher, ambos são seres humanos. A resposta para seus problemas é a mesma. Infelizmente a mulher ainda está, socialmente falando, em posição de inferioridade. Mas isso é o resultado de uma organização econômico social que perdurou por séculos e que só agora se está extinguindo. A mulher de hoje recusa deixar-se “coisificar”. Quer ser reconhecida como o que é realmente é: gente. Não é o fato de ter que cozinhar e cuidar da casa que a diminuiu. Mas a sensação de existir no mundo só para isso.
          Nenhuma mulher deseja masculinizar-se. Muito menos deseja que os homens se tornem femininos. (Credo, já viu esses de mini saia no  Rio?) Elas querem simplesmente participar da vida, não como com concorrentes mas como colaboradoras e companheiras.
          Diferença de sexo não significa superioridade de um sobre o outro. É apenas uma diferença de especializações. É bem verdade que existem mulheres que só dão para a cozinha. É tudo uma questão de talento. Mas também é verdade que existem homens que nem para isso dão...

Os jovens estão querendo demonstrar algo que não possuem: liberdade

     A maior parte das pessoas que ainda me pedem autógrafo na rua é constituída por jovens. E, cada vez que um deles chega perto de mim, não posso deixar de pensar na diferença existente entre os jovens atuais e os de minha época. No meu tempo, o Rock era a última novidade. Porém a gente tinha um pouco de medo de participar dos novos ritmos da juventude. Minha geração é uma geração intermediária: não pertence nem àquela geração contida de antigamente nem a esta que se diz livre e que é a juventude nos dias de hoje.
          A gente sentia um grande desejo de se livrar da opressão dos mais velhos. Ao mesmo tempo tomávamos o maior cuidado para não demolir o mundo. Eu acho que a juventude de hoje armazenou um excesso de energia nesta revolta, e agora não sabe o que fazer dela. Em outras palavras: tem necessidade de liberdade mas não sabe gozá-la.. As demonstrações que existem por aí dizem exatamente isso - os jovens estão querendo demonstrar algo que não possuem: liberdade. Quando a gente fala muito de uma coisa, é porque essa coisa nos faz uma falta angustiosa. E é o que acontece com os jovens de hoje.  Usam e abusam da palavra liberdade. No Brasil, o problema de liberdade é ainda mais grave. Existem muitas normas burguesas. Se alguma moça, por exemplo, começa a trabalhar com quinze ou dezesseis anos, todo mundo começa a falar: “Acho eu as coisas vão mal...” Nos Estados Unidos, mesmo os jovens de famílias ricas trabalham ou procuram trabalhar. E é assim que procuram a sua liberdade  E é assim que adquirem o senso de responsabilidade. É uma liberdade bem diferente daquela que a gente vê no cinema. Ou lê nas revistas.

Se o Presidente Costa e Silva quisesse um autógrafo meu...

          O Presidente Costa e Silva nunca me pediu um autógrafo. Aliás, eu é que deveria procurar um autógrafo dele. Mas se por acaso ele me aparecesse e pedisse autógrafo em troca de três pedidos meus, eu pediria o seguinte: que não deixasse achatar ainda mais o salário dos trabalhadores, que não permitisse nova alta no custo de vida e que desse casas para todos morarem. Não precisava ser casa grande. Mas uma casa simples, decente. Só quem anda  nas  malocas é que pode avaliar o que passa aquela gente. De resto, não entendo nada de política. Acho engraçado a gente discutir sobre pessoas que nem conhece. E mais engraçado ainda é tentar resolver num pedaço de papel problemas tão graves, sem conhecer a verdade sobre eles. Por isso gostei muito da resposta do ex-presidente Kubitschek, quando lhe perguntaram, nos Estados Unidos, por que gastava tanto dinheiro na construção de Brasília: “Pelo mesmo motivo por que vocês gastam tanto dinheiro para mandar um foguete à Lua.” Acho que cada um deve cuidar do que é seu, e pronto.

Ser Miss Universo não foi a coisa mais importante da minha vida

          Foi muito bom ter sido Miss Universo. Mas não a coisa mais importante. Importante na verdade é viver,  por tudo que a vida nos oferece. E, falando do concurso em si,  não nego que seja uma promoção comercial, nem mesmo seus promotores negam. Mas daí a se dizer que existe uma grossa camada de imoralidade e que as moças estão sujeitas a toda espécie de perigos, isso não. Quem se respeita a si próprio  é respeitado pelos demais.
          Eu jamais sofri vexame de qualquer espécie, durante todo o transcorrer do concurso, e digo mais:  as candidatas são proibidas de sair a sós com rapazes para evitar  comentários.   Se minha filha desejar  participar de um desses concursos, permitirei com todo o prazer. Para mim foi uma experiência fascinante. O que não se pode é construir a felicidade sobre um só fato ou uma só pessoa. A gente para ser feliz tem que construir um mundo interior e participar com ele do mundo das outras pessoas. Importante é tudo. Importante é ter meus amigos. É ter meus pais como amigos. É ter José Carlos, gostar dele, ser amada por ele. Importante foi o dia 29 de março. Aí, na igreja, dei o autógrafo que passou a ser o mais importante de minha vida: Yeda Maria Vargas Athanasio.

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EPÍLOGO


          Christian Barnard (1922-2001) ficou famoso por ter sido o primeiro médico a realizar uma cirurgia de transplante de coração.
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          Ieda Maria Vargas tem dois filhos, está viúva de José Carlos Athanasio e mora atualmente em Gramado, RS.(Foto:  Sociedade/João Pulita, clicrbs.com.br/rs)
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          Entre as mais gratas recordações da minha vida, guardo o momento em que conheci  Ieda Maria Vargas pessoalmente, durante um evento no Clube Português do Recife, há 20 anos, ocasião onde pedi  que autografasse um dos meus álbuns de recortes.
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        Chove lá fora, pouco, mas chove. Chove lá fora e por isso, na minha fantasia, este pedaço do meu amado Nordeste está com clima do Rio Grande do Sul, berço de Ieda Maria Vargas, Miss Universo 1963.

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