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SEJA BEM-VINDO ! SEJA BEM-VINDA! VOCÊ ESTÁ NO BLOG PASSARELA CULTURAL, cujas postagens, na maioria das vezes, são postadas aos sábados e domingos. Nossa trajetória começou em 02/07/2004, com o nome de Timbaconexão, como coluna sociocultural do extinto site de entretenimento Timbafest. Em 12/10/2007, Timbaconexão migrou para blog com o nome de PASSARELA CULTURAL, quando teve início a contagem de visitas. ***** Editor: DASLAN MELO LIMA - Timbaúba, Pernambuco, Brasil. ***** Contatos : (81) 9-9612.0904 (Tim / WhatsApp). E-mail: daslanlima@gmail.com

sábado, 27 de novembro de 2010

SESSÃO NOSTALGIA – ROSEMARIE FRANKLAND, UMA MISS MUNDO VOANDO NA TARDE DO RECIFE

Daslan Melo Lima


PRÓLOGO

          Na minha adolescência, quando conseguia reunir alguns trocados, adorava ir ao centro do Recife visitar “sebos”, locais onde são comercializados livros e revistas usados, a fim de comprar publicações sobre concursos de misses. Ao organizar meu primeiro álbum sobre o assunto, ficou faltando a imagem de Rosemarie Frankland, Miss Mundo 1961. Mas numa tarde ensolarada, consegui encontrar uma foto de  Rosemarie de forma inusitada. Você vai achar graça e se surpreender com o fantástico episódio que vou contar. Ele diz muito do que é a intuição e até que ponto pode chegar a paixão de um colecionador.

UMA MISS MUNDO VOANDO NA TARDE DO RECIFE

          Era uma tarde de novembro. Antes de ir para o Ginásio Pernambucano, onde eu estudava, e após ter passado por alguns “sebos”, fui meditar sobre os mistérios da vida e da morte no cais do porto. Durante o percurso, absorvido em meus pensamentos, eis que, de repente, não mais que de repente, ao me aproximar da Ponte Buarque de Macedo, um pedaço de uma folha de revista, arrastada pelo vento, passou por cima da minha cabeça. Uma voz silenciosa me disse com segurança e insistência: “É uma Miss voando! É uma Miss voando! É uma Miss voando!”. Esqueci que poderia ser atropelado por um veículo, corri e consegui agarrar o recorte da revista antes dele cair no rio. E para minha surpresa e contentamento, a foto era exatamente a de Rosemarie Frankland, a imagem que faltava para completar meu álbum. 
Esta é a foto que voava numa tarde da minha adolescência às margens do Rio Capibaribe, Recife, PE. (Imagem: Revista O Cruzeiro)
UM POUCO DE ROSEMARIE FRANKLAND

     Rosemarie Frankland nasceu em  Rhosllannerchrugog, Wrexham, País de Gales, em  1º/02/1943. Na condição de representante do País de Gales, foi a segunda colocada no concurso Miss Universo 1961, onde perdeu para a alemã Marlene Schmidt
  
Rosemarie Frankland, segundo lugar no concurso, é do País de Gales. 18 anos, modelo profissional, tem educação secundária e pai motorista, sendo, modéstia de lado ,“papa-títulos”: foi, seguidamente, Rainha do Festival de South Port, Miss Moreecambe, Miss Lakeland, Rainha do Misty e Miss País de Gales. Tem admiração especial por Winston Churchill. (O Cruzeiro, 29/07/1961)

Miss Gales, Rosemarie Frankland, em vestido de gala e com um colar que valorizava seu colo, recebe de Miss Hospitalidade o troféu de vice-Miss Universo 1961.(Foto: Revista Manchete, 29/07/1961)

     No mesmo ano, em Londres, com a faixa de Miss Reino Unido, Rosemarie Frankland disputou e venceu o Miss Mundo.

Miss Mundo é do País de Gales. Ganhou 2.500 libras e uma viagem a Paris. (Imagem: Revista Fatos & Fotos, 18/11/1961)
Os ingleses preferiram uma quase inglesa (ela é de Gales), mas, nisto, não ficaram sozinhos; simplesmente confirmaram uma escolha já feita pelos norte-americanos. Rosemarie Frankland, de 18 anos, que acaba de ser eleita, em Londres, Miss Mundo 61, já havia conquistado o segundo lugar no concurso Miss Universo, em Miami, há poucos meses. Suas medidas: 91 de busto, 91 de quadris, 55 de cintura, 60 quilos, 1,67 de altura. Olhos: azuis. Cabelos: castanhos escuros. (Fatos & Fotos, 18/11/1961)

     "Viva! Eu sou a Miss Mundo e sou rica!", exclamou Rosemarie quando seu nome foi anunciado como a grande vencedora. Você é a garota mais linda que eu já vi", disse o ator comediante Bob Hope (1903-2003), integrante da comissão julgadora, ao coroar a Miss Mundo 1961.
     Rosemarie Frankland trabalhou como modelo e atuou como atriz. Em 1970, casou com Warren Entner, integrante do conjunto  de rock The Grass Roots,  pai de sua única filha Jessica, e fixou residência em Los Angeles. O casamento terminou em divórcio, em 1981. Em 02/12/2000, Rosemarie perdeu a luta contra a depressão e o transtorno de pânico. Morreu em Marina Del Rey, perto de Los Angeles, após ingerir muitos comprimidos. Ficou a dúvida: suicídio ou ingestão acidental? Em fevereiro de 2001, suas cinzas foram levadas para o cemitério de Rhosllannerchrugog. 

EPÍLOGO

     Acredito que não há mais adolescentes  - como aquele que um dia eu fui - pelos "sebos" do Recife, atrás de revistas antigas de misses. Através da internet, qualquer um pode ver e rever tantas vezes quanto quiser , copiar/colar, imprimir...  imagens  de Misses de ontem e de hoje. 

Rosemarie Frankland. Imagem copiada do www.thecrowncompetitors.blogspot.com
     Depois daquela tarde de novembro, comprei  em "sebos" outras publicações com imagens de Rosemarie Frankland, mas nenhuma tão valiosa para mim como a primeira foto. Finalizando, confesso que se um dia  uma folha de revista passar por mim, arrastada pelo vento,  não terei receio algum de sair correndo atrás, desde que minha intuição não tenha dúvida alguma que ali está uma Miss voando

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QUANDO A LAJE DO CANHOTO ERA UMA FESTA

QUANDO A LAJE DO CANHOTO ERA UMA FESTA 

Daslan Melo Lima

          Recentemente, ao tomar posse como primeiro presidente do Conselho Municipal de Cultura de Timbaúba, ao proferir meu discurso, fiz questão de mencionar o quanto foi importante para minha formação o período da infância vivido às margens do Rio Canhoto, na alagoana São José da Laje, onde nasci. É óbvio que, naquela época, por ser muito jovem, eu nem me dava conta de quanto  Laje do Canhoto - apelido dado pelos mais antigos à minha terra natal - era uma festa, um festival de luzes e cores, notadamente no final do ano.

          Nas minhas recordações mais caras desfilam cores...sons... e sabores. Quebra-queixo, cordéis, reisado, chegança, pastoril, presépio, fogos, histórias de trancoso e um senhor que passava pelas ruas apregoando os perfumes que fabricava artesanalmente:

É óleo de capim, mutamba, jasmin e juá...
Brilhantina, vaselina, essencia e óleo "minerá",
quem não cheirou, venha cheirar... 

          Agradeço a DEUS pelo referenciais da minha formação cultural e pela missão de assumir a presidência do Conselho Municipal de Cultura. Espero contar com as críticas construtivas e a colaboração de todos, em nome da minha alagoana  terra natal, São José da Laje, a "Princesa das Fronteiras", e da minha pernambucana terra adotiva, Timbaúba, a "Princesa Serrana"
 
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sábado, 20 de novembro de 2010

SESSÃO NOSTALGIA – Ao redor de Bila Ortiz e Antônia de Arêa Leão, duas misses de 1929

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Daslan Melo Lima

                    
          Eu tenho uma bela foto em nostálgico tom sépia, feita em 1929, cujo carimbo atrás atribui a autoria a Ferreira Junior, fotógrafo com endereço na  Rua 13 de Maio, 17,  Rio de Janeiro, adquirida em um antiquário. As duas jovens sentadas são  Miss Rio Grande do Sul, trajando roupa escura, e Miss Piauí, usando roupa clara. No verso da imagem, um texto escrito com letra bonita diz: 

 

Lembrança da “Hora Litteraria” em casa do deputado Salles Filho e offerecida a Miss Piauhy e Miss Rio Grande do Sul em 26 de Abril de 1929. Miss Piauhy, de claro, ao lado da corbeille clara. Miss Rio Grande do Sul, de escuro, ao lado da corbeille escura. 
Logo em seguida, há referências aos nomes das outras pessoas que estão na foto: 
Nair, Carmen, Neusa, Tidinha, Esther, Diva, Graziella, Julieta, Annanh, Dinah, Marianinha, Zizi, Jorge.

Esta é a mesma imagem,  agora beneficiada  por  um tratamento visual, o que possibilita conferir as figuras numa melhor resolução.
          Pesquisando no Google, descobri mais sobre as duas beldades. Miss Rio Grande do Sul chamava-se  Bila Ortiz, natural de Uruguaiana-RS. Miss Piauí chamava-se Antônia de Arêa Leão.  

Um fato curioso ocorreu em 1929 com a 1ª Miss Piauí, Antônia de Arêa Leão. Na época, o transporte era muito difícil, pra chegar ao Rio de Janeiro, cidade que foi realizado o Miss Brasil, ela teve que utilizar três meios de transportes. De Teresina, ela pegou um barco para atravessar o rio Parnaíba e chegar até a vizinha Timon. Isso porque na época não existia ponte. De lá, ela seguiu de trem para São Luís-MA. Ela chegou tarde à capital maranhense, perdeu o navio daquele dia e teve que esperar dois dias pelo próximo navio. De navio, Antônia percorreu todo o Nordeste parte do Sudeste até chegar a capital fluminense, mas só conseguiu chegar no domingo, um dia depois que o Miss Brasil foi realizado. Ela perdeu o concurso, mas ficou bem conhecida pelo esforço pra chegar até o local do concurso. (www.portalaz.com.br)

          Naquele 1929, quem venceu o Miss Brasil foi a carioca Olga Bergamini de Sá, Miss Distrito Federal, primeira brasileira a disputar um título internacional, o de Miss Universo realizado em Galveston, Texas, Estados Unidos, vencido pela austríaca Lisl Goldarbeiter.


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          Vejo e revejo esta foto com minh’ alma de romântico incorrigível. Observo cada detalhe e tenho saudades de um tempo que não vivi, embora não tenha dúvida alguma que, de alguma forma, parte da minha essência conheceu aquele tempo. 
       
        Na minha fantasia, com a cumplicidade de  uma luz difusa,  entro furtivamente na casa do deputado Salles Filho, participo da Hora Literária e me torno um pouco o menino da foto, o Jorge, em nostálgico tom sépia, única figura masculina entre as 14 mulheres. 
            Declamo um dos meus poemas ao redor de Bila Ortiz, Miss Rio Grande do Sul,  e Antônia Arêa Leão, Miss Piauí,  e volto logo para a realidade de 2010, pois  corro o risco de ficar na casa do deputado para sempre, estático, mudo, eternizado na fotografia,  como o menino Jorge,  testemunha de um tempo mágico que se foi, para sempre se foi...

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sábado, 13 de novembro de 2010

SESSÃO NOSTALGIA - Marilena de Oliveira Lima, Miss Brasil Adotiva do Povo 1965, e a história de uma vaia

Daslan Melo Lima

PRÓLOGO

          A não classificação de Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, em primeiro lugar no Miss Brasil 1965, gerou a maior revolta do público que se tem notícia na história do famoso concurso. Ela é a homenageada desta semana, com comentários e imagens que complementam a Sessão Nostalgia de 1º/11/2008, cuja matéria, sob o título “Maracanãzinho, 03/07/1965, A História de uma Vaia”, poderá ser conferida no final desta secção.
          
MARILENA, UMA ESTRANHA BELEZA DE GATA SELVAGEM

           Quando Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, deixou o Maracanãzinho de madrugada após o concurso Miss Brasil, em que o júri a classificou em quarto lugar, ainda havia gente junto aos portões, esperando para aplaudi-la. A derrota não a abalou; sorria para os seus fãs como se tivesse sido a grande vitoriosa da noite. O pai a esperava à saída, para o abraço de solidariedade. O público quase rompeu os cordões de isolamento para vê-la mais de perto. Menos de duas horas antes, quando ainda desfilava, a multidão manifestava de maneira categórica sua preferência. A cada volta na passarela soavam aplausos. E a torcida não escondeu sua decepção quando descobriu que sua favorita não estava entre as três primeiras colocadas. Estrondosas vaiais encheram o estádio. Detentora de nove títulos de beleza, era a primeira competição que Marilena perdia. Mesmo derrotada, o público a consagrava: a vitória das palmas era sua.

          Agora, Marilena voltará a Mato Grosso. Em Campo Grande, onde mora, continuará sua vida como ela tem sido: os estudos, os passeios a cavalo, os mergulhos na piscina do Rádio Clube e as fugas para caçadas nos fins-de-semana.

Corpo de Miss, aos 16 anos. Uma estranha beleza de gata selvagem.
           Seus olhos de índia selvagem já eram lindos quando nasceu. Aos dois anos, a vaidade feminina acordava nela o espírito de moça elegante, que cultiva até hoje. Não deu muito trabalho aos pais porque tem natureza dócil e meiga. Mas não resistiu à tentação de fugir para realizar caçadas nos campos e cerrados de Mato Grosso. Aprendeu logo a atirar e hoje muito raramente erra dois tiros seguidos. No ginásio, aprendeu a tocar tambor e desfilou com a fanfarra. Aulas de balé, pintura e piano completaram sua educação. Eis, em resumo, o que tem sido, dos 2 aos 18 anos, a carioquinha que os pais registraram em Mato Grosso e trouxeram ao Rio, no IV Centenário, para concorrer ao título de Miss Brasil. ***** (Revista Sétimo Céu)

MARILENA, SONHO DE RONDON
Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima, apresentou a alegoria Sonho de Rondon, concebida pelo costureiro Heck Santos. O cocar amarelo e azul é belíssimo. (Revista Manchete, 17/07/1965)
 MARILENA ENTRE AS OITO FINALISTAS DO MISS BRASIL 1965
As oito finalistas do Miss Brasil 1965. Da esquerda para a direita: Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, 2º lugar; Berenice Lunardi, Miss Minas Gerais, 3º lugar; Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Groso, 4º lugar; Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara, 1º lugar; Rosemary Raduhy, Miss Paraná, 6º lugar; Solange Leão, Miss Espírito Santo, 8º lugar; Ilce Ione Hasselmann, Miss Estado do Rio, 5º lugar; Marilda Mascarenhas da Silva, Miss Bahia, 7º lugar. (Foto: Manchete, 17/07/1965)

MARILENA ENTRE AS 4 MAIS BELAS DE 1965
O Top 4 do Miss Brasil 1965 em traje de gala. Da esquerda para a direita: 1 – Maria Raquel, a nova Miss Brasil, foi bastante aplaudida ao desfilar neste belo vestido de tule cor-de-rosa, inteiramente bordado em pedrarias. O público vaiou o veredicto, mas achou justo que ela figurasse entre as três primeiras. 2 – Também Miss São Paulo, Sandra Rosa, fez valer a sua classe num bonito vestido em dois tons de dourado. 3 – Miss Minas Gerais, Berenice Lunardi, impressionou pelo porte monumental. Estava linda num vestido vermelho plissado, com estola da mesma cor. 4 – Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima, conquistou, fulminantemente, 40 mil espectadores do Maracanãzinho e seis milhões de telespectadores. Os próprios jurados não ficaram contentes com a sua ausência entre as finalistas. (Manchete, 17/07/1965)

MARILENA, MISS BRASIL ADOTIVA DO POVO 1965

          Marilena de Oliveira Lima, por motivos independentes da sua vontade, ficou no centro da controvérsia no Maracanãzinho. É a Miss Brasil Adotiva do Povo. A diplomacia decidiu fazer a felicidade de Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima. No Ministério das Relações Exteriores, lhe deram o título de Miss Itamarati. E agora se anuncia que ela poderá ir a Maiorca, onde todos os anos se realiza, diplomaticamente, a eleição de Miss ONU.

          No tempo de Sthendal, a forma  mais espetacular de entrar para a sociedade era através de um duelo. Hoje em dia, a maneira mais prática de alcançar a fama é despertar controvérsia. Ou seja, na definição um tanto cínica de um escritor: “Falem mal, mas falem de mim.” Com Marilena, porém, a controvérsia é a favor. Todos falam bem dela. Ela é a miss que não ganhou a coroa; mas merecia ganhar. Assim ao menos julgou o povo, que lamentou ter sido ela prejudicada por uma inexistente lei das inelegibilidades. Miss Mato Grosso tem uma pele morena belíssima, e é toda encanto. Ela aceitou esportivamente a desclassificação. Mas, como vivemos numa democracia, foi procurada uma fórmula mais prática de fazer valer a vontade do povo. Assim, em Maiorca, poderá tornar-se Miss ONU. ***** ( Revista Manchete)

EPÍLOGO

          Segundo a revista Fatos & Fotos, após ser  anunciado o resultado do concurso Miss Brasil 1965, a mãe de Marilena de Oliveira Lima, entre desconsolada e decepcionada, declarou: “ O Brasil acaba de perder o título de Miss Universo. Minha filha era a única que tinha condições de trazê-lo.”

          Maria Raquel de Andrade, Miss Guanabara, Miss Brasil 1965, ficou entre as quinze semifinalistas do Miss Universo 1965, ano em que a vencedora foi Apasra Hongsakula, Miss Tailândia. Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, vice-Miss Brasil, foi a quinta colocada no Miss Beleza Internacional, vencido por Ingrid Finger, da Alemanha. Berenice Lunardi, Miss Rio Grande do Sul, terceira colocada no Miss Brasil, não obteve classificação no Miss Mundo, cuja vitoriosa foi a inglesa Lesley Langley. Como teria sido a performance de Marilena de Oliveira Lima em um desses concursos ? Não sei. Ninguém sabe. Só sei que Marilena de Oliveira Lima foi a Miss Brasil Adotiva do Povo 1965, um título original, feliz e único dado por  Manchete, uma das mais importantes revistas que já circularam por este nosso imenso país-continente.

           Para você, Marilena de Oliveira Lima, Miss Brasil Adotiva do Povo 1965 , minha singela homenagem neste novembro de 2010 que logo mais será parte de um tempo mágico que se foi, como aquele julho de 1965, de tantas emoções e recordações.

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SESSÃO NOSTALGIA - MARACANÃZINHO, 03/07/1965, A HISTÓRIA DE UMA VAIA


Daslan Melo Lima


      Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 03/07/1965, noite da eleição da Miss Brasil 1965. A tradicional passarela em forma de ferradura foi substituída por outra com o símbolo do quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro. A grega Kiriaki Tsopei, Miss Universo 1964, e mais de duas dezenas de jovens que participariam do Miss Universo 1965 eram convidadas especiais. Vinte e cinco lindas brasileiras desfilaram na passarela em busca do sonho mágico de ser eleita Miss Brasil 1965. A preferida do público era uma morena chamada Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, quarta colocada. Por causa dela, o Maracanãzinho, o templo da beleza nacional, conheceu a maior vaia de sua história.

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As oito finalistas do Miss Brasil 1965. Da esquerda para a direita:
Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, 2º lugar;
Berenice Lunardi, Miss Minas Gerais, 3º lugar;
Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Groso, 4º lugar;
Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara, 1º lugar;
Rosemary Raduhy, Miss Paraná, 6º lugar;
Solange Leão, Miss Espírito Santo, 8º lugar;
Ilce Ione Hasselmann, Miss Estado do Rio, 5º lugar;
Marilda Mascarenhas da Silva, Miss Bahia, 7º lugar.
(Foto: revista Manchete)

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Pela primeira vez, na história da eleição do Miss Brasil, ninguém ficou satisfeito. O público vaiou o resultado final, os observadores autorizados acharam que alguma coisa estava errada, e os próprios jurados manifestaram, de diversas formas, o seu desagrado, dando a entender que o veredito não correspondia, de forma alguma, à vontade soberana do júri.
Acontece que o modo pelo qual é avaliada a opinião dos julgadores, obedece a um complicado critério aritmético, que mais tarde é submetido à manipulação por parte de uma pessoa que não pertence ao júri. Essa pessoa conta os diferentes pontos, faz a soma e tira a conclusão.

Alguns dos membros do júri deste ano confessaram que, tendo em vista o critério aritmético, tudo correu honestamente no Maracãnazinho.
“Mas – acrescentaram – o critério usado não é o melhor. Se temos oito finalistas, tudo seria muito simples se nos mandassem escolher nominalmente, entre as oito, as três favoritas. Então, cada um de nós indicaria: Fulana de Tal deve ser Miss Brasil. Aquela que obtivesse a maioria de votos seria naturalmente a eleita. No entanto, nada disso aconteceu. A eleição foi limpa, mas a verdade é que muitos de nós estávamos torcendo pela Miss Mato Grosso, e não podemos compreender como ela foi parar no quarto lugar.”

Conclusão: o concurso torna complicado o que deveria ser simples. Conseqüência: 12 minutos de vaia, e a necessidade de escolta policial para que os jurados podessem sair do estádio. E, no meio de tudo isso, uma graciosa pessoa teve que demonstrar extraordinária coragem moral. A nova Miss Brasil, Maria Raquel de Andrade, já ornada com a coroa e o manto real, desfilou lentamente, majestosamente, maravilhosamente, diante de 40 mil pessoas enfurecidas. Ela merecia a vitória e não teve culpa de nada. As vaias não lhe eram endereçadas. Foi necessário que ela vivesse esse momento dramático, esse terrível equívoco, para que a opinião pública começasse a exigir a modificação do regulamento de escolha de Miss Brasil. Esperemos que no ano que vem o povo possa voltar inteiramente feliz para casa, depois de ter visto a mais bela Miss desfilar sob os aplausos de todos.
Revista Manchete, 17/07/1965

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Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso
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Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara. 
(Fotos: Manchete)
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No Maracanãzinho mais cheio de todos os concursos de Miss Brasil, o público dividiu-se desde os primeiros momentos do desfile. De um lado, a favorita era Miss Mato Grosso, a morena Marilena de Oliveira Lima, que em todas as prévias feitas era apontada como a mais cotada para Miss Brasil-65; de outro, de narizinho arrebitado e doce sorriso, Miss Guanabara, Maria Raquel de Andrade, do Botafogo. As duas marcaram a grande noite, inspiraram vaias e aplausos. A desclassificação de Marilena provocou protestos como o Maracanãzinho não vira antes, chegando a assustar o júri.

Duas surpresas para o público: Miss Mato Grosso, que era a mais cotada desde o início, não figurou entre as três finalistas; e Miss Alagoas, uma das mais bonitas concorrentes, não ficou sequer entre as oito primeiras. A primeira, a morena Marilena, era a forte rival de Maria Raquel e a eleita do povo. A segunda, Mary Grace, contava com muita simpatia, inclusive entre as misses internacionais (Kiriaki Tsopei, Miss Universo-64, chegou a afirmar que Grace era a sua preferida para o mais alto título da beleza brasileira).

Ninguém pode contar o roteiro das vaias. Foram tantas e tão compactas, tão seguidas, que foi impossível cronometrá-las. Entretanto houve uma - um vaião - que ficou na memória do Rio. Foi uma das maiores dos últimos 10 anos. Esta vaia gigante foi assestada contra o júri, que optou pela loura do Botafogo e só deu o 4º lugar para a moça de Mato Grosso, a favorita das arquibancadas. Foi tão forte a vaia que os membros do júri ficaram com medo. E pensaram sair de mansinho. Pediram policiamento reforçado. E alguns trocaram de roupa, para não serem identificados. 

Evandro Castro Lima, que foi do júri, disse que nunca mais aceitaria a missão. Discordou do tipo de julgamento – do processo de votação por notas – que possibilitou vitórias não previstas. Idem foi a opinião de Oscar Santamaría, juiz internacional, que criticou violentamente o sistema de votar. Claude Berr, coordenador do Miss Europa, figura também do júri, estava desesperado. “What can I do?”, repetia pelos corredores. Na sua opinião, o júri votou certo, mas errou na pontaria. Houve qualquer coisa – que não foi marmelada - que atrapalhou a votação. Naturalmente o processo de votação.

Todas as misses internacionais – exceção da risonha alemã – ficaram alarmadas com as vaias. Miss Áustria saiu dizendo, em inglês, que todo mundo ali era maluco. A suave Miss Índia chegou a tremer de susto. Idem as eslavas, com Miss Finlândia nervosa. Essas moças, que freqüentaram passarelas calmas, educadinhas, formais, não esperavam topar com o rompante espontâneo de uma platéia latina. O medo dominou-as. Elas chegaram mesmo a pensar que o povo, revoltado contra o veredicto do júri, fosse afinal estraçalhá-las.
- Revista O Cruzeiro, 24/07/1965


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Mary Grace Oiticica Bandeira, Miss Alagoas. (Foto: Manchete)
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      Diante dos comentários acima, não há dúvida alguma que, se o critério de julgamento tivesse sido simples, direto e objetivo, Marilena de Oliveira Lima teria sido eleita Miss Brasil 1965. E a minha conterrânea Mary Grace Oiticica Bandeira teria ficado, no mínimo, entre as oito finalistas.

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sábado, 6 de novembro de 2010

SESSÃO NOSTALGIA - CONCURSO MISS DISTRITO FEDERAL 1958

Por Daslan Melo Lima

PRÓLOGO

          Noite fria de sábado, 14 de junho de 1958. O Rio de Janeiro ainda era capital do Brasil e o Maracanãzinho estava em festa para eleger a Miss Distrito Federal. A responsabilidade de escolher a representante da Cidade Maravilhosa no Miss Brasil foi colocada nas mãos das seguintes  personalidades:  Dinah Silveira de Queirós (escritora), Mateus Fernandes (escultor), Gerson Pinheiro (diretor da Escola Nacional de Belas Artes), Waldemar Areno (diretor da Escola Normal de Educação Física), Reinaldo Reis (secretário do Prefeito Negrão de Lima), Nazareth (costureiro), J.G.de Araújo Jorge (poeta e ligado ao patrocinador do concurso), Alceu Pena (desenhista), Adolfo Graça Couto (presidente do  Country Club), Edson Varela (gerente dos Diários Associados) e Orlando  Mota (diretor do Diário da Noite, órgão dos Diários Associados). Como assessor do júri, sem direito a voto, estava Oscar Santamaria, juiz brasileiro do concurso Miss Universo.
                                                                         
Maracanãzinho, Rio de Janeiro, Distrito Federal, 14/06/1958. 
  Foto: D.Alexandre, revista O Cruzeiro, 21/06/1958.
           Dando início ao desfile, o locutor Hildon Gomes  disse que as candidatas eram moças das melhores famílias brasileiras,  enquanto a Banda de Fuzileiros Navais tocava “Cidade Maravilhosa” . Depois, a orquestra de Edmundo Peruzzi apresentou um repertório de músicas suaves.
          Candidatas ao título de Miss Distrito Federal: Adalgisa Colombo (Botafogo de Futebol e Regatas) * Anette de Oliveira (Madureira A.C.) * Avany Maura (Clube Militar) * Bernadette da Cunha (América F.C.) * Clara Lisboa (Marã Esporte Clube) * Denise Leyraud (Fluminense F.C.) * Édna Queirós (Social Ramos Clube) * Eline Rangel (Grajaú Atlético Club  * Ester Barbreuse (Faculdade de Medicina ) * Gina Blanco (A.A. Banco do Brasil ) *  Iara Marques Vasconcelos (Brazil Kennel Club) * Icléia  Calixto (Bangu Atlético Clube) *  Ivone Gonçalves (Clube da Aeronáutica) *  Ivone Richter, nome que apareceu escrito em muitas publicações como Ivone Ritcher (Riachuelo T.C.) *  Laine de Sousa Oliveira (Braz de Pina Country Club ) *  Lenira Ribeiro Ferreira (Escola Nacional de Educação Física) *  Lurdes Miguéis (Vitória T.C.) * Maria Júlia Alencastro Carvalho (Faculdade de Direito ) *  Marly Moreira (S.C.Anchieta) * Myrna Abi-Saber (C.R.Vasco da Gama) * Neide Toscano (A.A. Vila Isabel) * Rosana Tapajós (C.R.Flamengo) * Selma Pamplona (Clube Leblon) * Solange Bragas (A.A. Caixa Econômica) * Teresinha Araújo (Clube Municipal) * Vera Viana (Caiçaras) .
          Regina Rosemburgo, Miss Lagoinha Country Clube, adoeceu e estava com 39,9 graus de febre no dia do concurso, por isso não apareceu no Maracanãzinho. Regina Rosenburgo, mais tarde famosa como Regina Léclery, figura de prestígio no jet-set internacional, faleceu  em Paris, vítima de desastre de avião, em 11/07/1973.

AS CINCO FINALISTAS 
Adalgisa Colombo, Miss Botafogo, primeira colocada no concurso Miss Distrito Federal 1958. (Foto: Revista O Cruzeiro, 21/06/1958)
Da esquerda para a direita, em maiô, e na mesma sequência, em vestido de gala:  Ivone Richter , Miss Riachuelo, segundo lugar;  Ivone Gonçalves, Miss Clube da Aeronáutica, terceiro lugar; Avani Maura Fonseca, Miss Clube Militar, quarto lugar, e  Mirna Abi-Saber, Miss C.R. Vasco da Gama, quinto lugar. (Foto: O Cruzeiro, 21/06/1958).
As cinco moças finalistas no concurso para Miss Distrito Federal apareceram, em linha, no palco do Maracanãzinho, já de madrugada. O locutor foi dizendo, devagar, o resultado, do fim para o começo. Até que anunciou: Ivone Richter, Miss Riachuelo, no 2º lugar. Aí só restava uma: Adalgisa Colombo, Miss Botafogo. Adalgisa, muito pálida, sorriu vitoriosa. Baixou a cabeça em seguida. Houve um princípio de vaia no imenso ginásio de cimento armado. Cada ano, há essa vaia:  os clubes são muitos, têm as suas torcidas, nem todos se conformam. Adalgisa chorou, já com a faixa de Miss Distrito Federal. Enxugou com a mão as lágrimas que desciam pelas covinhas do rosto. Quando tudo acabou, saiu correndo para o camarim. Viu a mãe encolhida num canto, após a longa espera. Abraçou-se  com ela. “Não chore, minha filha – disse D. Percília. – A vaia não era para você. ” Os repórteres vieram atrás. Um deles perguntou à bela moça de olhos úmidos se a vida ia mudar muito com a eleição. A resposta foi assim: “Só até o sábado. Depois volta ao natural”. Sábado haverá outra multidão no Maracanãzinho: a eleição de Miss Brasil, promovida pelos Diários Associados, num patrocínio do Leite de Rosas. Adalgisa, senhora de si, assegurou: “Da próxima vez, vou tirar de muitos toda a má impressão”.
Quase todas as candidatas abraçaram Adalgisa vencedora. Nos bastidores, ainda havia mães insatisfeitas. Mas Ivone Richter, que tirou o 2º lugar, estava serena, com o olhar de sempre. Já era madrugada de domingo. Na manhã do dia seguinte, iam começar para Ivone, no colégio, as provas parciais, como se nada tivesse havido. As moças fora saindo, uma a uma, com seus embrulhos, vestidos, presentes, tristezas e alegrias. Lá fora, chovia fininho. Adalgisa, que tem 18 anos e sempre quis ser Miss, desde menina, reuniu também as suas coisas, deu o braço ao pai e à mãe, abriu caminho entre os que esperavam para vê-la, e foi para casa, com mais um campeonato para seu time, o Botafogo. (O Cruzeiro, 21/06/1959)

ADALGISA COLOMBO E IVONE RICHTER

Ivone Richter e Adalgisa Colombo
 Adalgisa Colombo, candidata do Botafogo de Futebol e Regatas, nasceu em Botafogo, tem 18 anos e as seguintes medidas: 1,69m, 56 Kg, 62 de cintura, 90 de busto, 91 de quadris, 56 de cosa, 21 de tornozelo, olhos e cabelos castanhos. Ivone Richter, Miss Riachuelo, segunda colocada, tem 1,67, 55 Kg, 61 de cintura, 90 de busto, 92 de quadris, 54 de coxa, 22 de tornozelo, 18 anos e olhos e cabelos castanhos.
Porque foi vaiada pelo público ao ser eleita Miss Distrito Federal 1958, Adalgisa Colombo chorou ao receber a faixa no Maracanãzinho e saiu correndo para o camarim, dizendo que “se tivesse sido derrotada estaria me sentindo como hoje, em que um júri me deu a vitória.”  O público vaiou Adalgisa Colombo porque preferia Ivone Richter, Miss Riachuelo, segunda colocada. Quando Adalgisa fazia pose na passarela, a pedido dos fotógrafos, era vaiada. Assim que Ivone Ritchter dela se aproximava, o público aplaudia, pretendendo dizer: “Essa sim!”         
Ao entrar no camarim, depois de eleita, e ouvindo muita gente dizer que o resultado fora “uma autêntica marmelada Colombo”, Adalgisa recebeu no rosto uma anágua jogada (depois ela soube) por uma das candidatas derrotadas. Ela quis reagir, mas um repórter a segurou e disse: “Adalgisa, você agora é Miss Distrito Federal!”
Com os olhos em lágrimas e vermelhos, desde que foi proclamada vencedora até voltar para casa, de madrugada, Adalgisa deixou-se fotografar demoradamente no Maracanãzinho e disse depois da vitória que ficara emocionada e “não esperava a péssima recepção que tive. Foi falta de educação de muita gente”. Rebatendo os que chamavam o concurso de “marmelada Colombo”, Adalgisa disse; “Não pedi nada a ninguém. A organização do concurso foi perfeita. Não contava, inclusive, com a vitória, porque pensava que Miss Riachuelo, que considero linda, fosse a vencedora”. Adalgisa disse que só duas ou três das vinte e seis candidatas não a trataram bem depois da vitória, Ela quer tirar “a má impressão  que muita gente teve de mim” e aproveitará, na eleição de Miss Brasil para mostrar suas qualidades. (Revista Manchete, 28/06/1958)

DETALHES

Além da faixa, Adalgisa Colombo ganhou um anel de platina francesa, com duas pérolas, branca e cinza. ***** O fotógrafo Paulo Santos, das revistas Confidencial e Escândalo, foi retirado do camarim das misses pela polícia. **** A irmã de Miss Vasco da Gama foi empurrada pela polícia quando estava no palco para retirar Myrna Abi-Saber em sinal de protesto. *** Seis dos onze votos do júri foram para Adalgisa Colombo. *** O poeta J.G.de Araúijo Jorge disse que não votou em Adalgisa Colombo e que o resultado deveria ter sido recebido esportivamente. ***** O patrocinador do concurso (Leite de Rosas) diria depois das vaias e dos apupos à Adalgisa Colombo que lamentava  os acontecimentos ,mas que não poupara dinheiro e esforços para o êxito do concurso. *** A polícia não deixou o pai de Miss Clube Militar ver a filha no camarim no fim da festa.  Ele reclamou dizendo: “Não tenho o direito de ver minha filha. É por isso que as famílias brasileiras resistem ao deixar que suas filhas participem de concursos”.   (Manchete, 28/06/1958) 
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Duas moças desmaiaram: Miss Esporte Clube Anchieta e Miss América. Algumas tremeram. Todas sorriram. O júri lá em cima, no palco, as observava, de lápis na mão, com uma folha de papel, para atribuir notas, segundo os seguintes itens: físico, beleza, graça, personalidade, desembaraço social. E depois vieram os maiôs. As meninas tinham ensaiado tardes inteiras, durante a semana. Estavam elegantes. O júri se trancou numa sala para resolver. Interrogou as candidatas, uma a uma. Cada qual teve de fazer um pequeno “speech “ sobre o que diria se fosse escolhida para representar o Brasil em Long Beach. Enquanto o resultado não vinha, elas esperavam. O público também. Ivone Richter, imperturbável, tomou o seu copo de leite. Logo mais se soube o veredicto: Adalgisa ganhara por seis a cinco. Quatro votos para Ivone Richter, um para Edna Queiroz. ( O Cruzeiro,  21/06/1958)

EPÍLOGO

          No dia 21/06/1958, Adalgisa Colombo foi eleita Miss Brasil e novamente teve de encarar milhares de protestos da maioria do público presente ao Maracanãzinho. A preferida era Sônia Maria Campos, Miss Pernambuco. A pernambucana ficou em segundo lugar, foi a primeira brasileira a disputar o título de Miss Mundo, onde conquistou o sétimo lugar, e terminou o seu reinado oficalmente como Miss Brasil 1958, pois Adalgisa Colombo , segunda colocada no Miss Universo, renunciou ao título para casar com Jackson Flores,
          Está escrito no livro "Feliz 1958. O ano que não devia terminar" de Joaquim Ferreira dos Santos (Editora Record-Rio de Janeiro, 1997): 
O jornalista Sérgio Cabral estreava como foca no Diário da Noite e diz que ainda guarda o rosto e o porte de Ivone Richter  como um dos acontecimentos mais sensacionais de figura feminina no Rio.”
          Vou concluir esta Sessão Nostalgia utilizando gírias daquele 1958. Foi um bafafá (confusão) aquele Miss Distrito Federal 1958. Ivone Richter tinha muito borogodó (charme),  mas para a experiente Adalgisa Colombo, eleita anos antes Miss Cinelândia, manequim da Casa Canadá e apresentadora de um programa de rádio, foi sopa no mel (fácil) encarar com desenvoltura a passarela do Maracanãzinho.

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