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SEJA BEM-VINDO ! SEJA BEM-VINDA! VOCÊ ESTÁ NO BLOG PASSARELA CULTURAL, cujas postagens, na maioria das vezes, são postadas aos sábados e domingos. Nossa trajetória começou em 02/07/2004, com o nome de Timbaconexão, como coluna sociocultural do extinto site de entretenimento Timbafest. Em 12/10/2007, Timbaconexão migrou para blog com o nome de PASSARELA CULTURAL, quando teve início a contagem de visitas. ***** Editor: DASLAN MELO LIMA - Timbaúba, Pernambuco, Brasil. ***** Contatos : (81) 9-9612.0904 (Tim / WhatsApp). E-mail: daslanlima@gmail.com

domingo, 28 de abril de 2019

"A vida acontece em off"



Em meio a um friozinho discreto do outono, promessa de um bom inverno nordestino, aceito convite para tomar uns drinks na casa de um amigo. Opto por uma dose de vodka, atraído pela frase gravada na garrafa, "A vida acontece em off."

          Entre um gole e outro, reflito sobre nossos momentos, aqueles em "on", compartilhados nas redes sociais, e aqueles em "off", vividos sem exposição excessiva nas telas dos computadores e celulares. 
        Nossos encantos e desencantos muitas vezes são visualizados, mas não curtidos por amigos e "amigos". Fica a frustração que compartilhamos nossos sentimentos em vão. Por isso é bom de vez em quando escutar o silêncio. Nós diante de nós mesmos, na intimidade das nossas vidas acontecendo em "off".

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Daslan Melo Lima
Timbaúba, PE
27/04/2019

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DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - Carmen Melo, cordelista: “felicidade não se compra”





>>>>> Radicada em Timbaúba há 52 anos, a autora de mais de uma dezena de cordéis revela curiosidades da sua vida

      Carmen Gonçalves de Oliveira Melo nasceu em 22/09/1950, no Sítio Uruçu, em Macaparana, PE. Seus pais, Severino e Narcisa, tiveram 12 filhos. Carmen era a filha número seis. Chegou em Timbaúba aos 17 anos, a fim de trabalhar na casa de Rosil e Jacyra Marinho Falcão, onde cuidou de Bertha, filha do casal, hoje fisioterapeuta no Recife, esposa do pneumologista José Ângelo Rizzo. Vivi na casa de D. Jacyra como se fosse parente da família. Visitava meus pais esporadicamente. Estudei na Escola Municipal Dr. Antônio Cavalcanti (Ginásio Municipal) e me formei em Contabilidade no Colégio Timbaubense. Amo minha origem macaparanense, mas sou timbaubense de coração, declara emocionada.

Pingue-pongue com Carmen Melo
Uma personalidade timbaubense que a história guardou: Dr. João Ferreira Lima Filho 
Uma saudade: As noites marianas do Sítio Uruçu 
Um cordelista: Cleydson Monteiro 
Uma festa: Carnaval 
Um sonho de consumo: Conhecer o Rio de Janeiro 
Uma canção: A marchinha “Bandeira Branca” e todas as músicas românticas de Roberto Carlos 
Santos de devoção: N.S.da Conceição e São Miguel Arcanjo 
Um livro: O Diário de Santa Faustina 
O que a vida lhe ensinou: Amar e respeitar o próximo. 
Viver é ... Ver a família reunida e feliz 
Morrer é... Uma passagem para outra dimensão 
O que o dinheiro compra: Fazer viagens com a família 
O que o dinheiro não compra: A felicidade, pois esta é uma conquista.

      Funcionária pública estadual aposentada, católica ativa, integrante da Pastoral Litúrgica, Carmen conta quando começou a escrever seus folhetos: “Meu dom poético se manifestou aos 8 anos de idade, quando inventava músicas para cantar nas horas de lazer com as amigas. Despertei para o cordel em 2009, quando trabalhava na Escola Professor José Mendes da Silva, incentivada pela professora Maria de Fátima Ferreira, a Fafá, que conduzia o projeto “Nutrindo Vidas com Sonhos”. Meu primeiro cordel foi “A Triste Vida e Morte de Lampião”, depois vieram “O São João do Nordeste”, que disputou um prêmio estadual, “Luiz Marinho  Falcão Filho”, “Banda Primeiro de Novembro”, “Dom Helder, o Dom do Amor” e outros dez.”
     Em seu currículo ainda consta um trabalho na antologia “Expresssões da Mata Norte”, organizada por José Olivá Apolinário, 2015, e a Comenda Isnar Cabral de Moura, como uma das mulheres do ano de 2018, outorgada pela Funjader, Fundação Jader de Andrade. Casada com Jorge José de Melo, aposentado do SESI, tem dois filhos: Jorge José de Melo JR (contabilista)  e Camila Gonçalves de Oliveira Melo (professora). Tranquila e sorrindo, faz questão de citar que é avó de Pedro e Felipe, filhos de Jorge JR e Karol Nascimento.    

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Matéria publicada na revista TIMBAÚBA EM FOCO,
março/2019, Edição 95
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SESSÃO NOSTALGIA - Teresinha Morango, Miss Brasil 1957, a boa mestra ensina a ser Miss

Daslan Melo Lima
        

       A revista Fatos & Fotos, Ano IV, número 176, de 13 de junho de 1964, circulou em todo país com uma linda jovem senhora na capa. Ela era Teresinha Morango Pittigliani, Miss Amazonas, Miss Brasil e Vice-Miss Universo 1957. Uma das chamadas dizia Teresinha ensina a ser Miss.  Três candidatas ao título de Miss Guanabara 1964 tinham procurado Teresinha em sua residência para ouvir suas orientações.

A Boa Mestra - Texto de José Rodolpho Câmara e fotos de Gervásio Batista.
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"Três candidatas a Miss Guanabara visitam Teresinha Morango e saem municiadas para a batalha da beleza. Não há ninguém como a Morango para ensinar quais são os caminhos da beleza."  ***** Da esquerda para a direita, diante de Teresinha Morango: Valéria Pons, Miss Vasco da Gama; Delmira Lemos, Miss Satélite; e Violeta Mafalda Gomes, Miss América Futebol Clube. 
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"Foi em 1957 que ela conquistou a cátedra da beleza. O lugar é vitalício."
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     Desembaraço, simpatia, fotogenia, elegância e beleza. Estes, os cinco predicados indispensáveis a uma candidata a miss. Quem o diz é uma autoridade: a Senhora Teresinha Morango Pittigliani, Miss Brasil e segunda mais bela do mundo em 1957. Mãe de dois filhos, Alberto Pittigliani Jr. e Andréia (de apenas 5 meses), uns acham que ela continua tão bonita quanto naquele tempo, outros que está muito mais bonita. 
    Os conselhos foram dados a algumas das candidatas a Miss Guanabara: Violeta Mafalda Gomes, apresentada pelo América; Valéria Pons, pelo Vasco e Delmira Lemos, pelo Satélite. Local do encontro: a residência de Teresinha.
    Mesmo sem conhecer as outras candidatas, acha Teresinha que selecionar a vencedora vai ser difícil, este ano. Se fizer parte do júri, irá com essa convicção para o Maracanãzinho.   
    As três candidatas ficaram satisfeitas com o que ouviram de Teresinha, convencendo-se de que ela lhes forneceu boas armas para a vitória. Recebendo dela votos de felicidades, retribuíram com outros: os de que Teresinha não deixe de comparecer ao concurso, que com sua presença cresceria em prestígio. 

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     O título de Miss Guanabara 1964 foi conquistado pela Miss Renascença Vera Lúcia Couto Santos, que se tornaria Vice-Miss Brasil e terceira colocada no Miss Beleza Internacional.  Quanto a  Valéria PonsDelmira Lemos e Violeta Mafalda Gomes, elas jamais esqueceram aquele 1964, disso tenho certeza, nem das orientações recebidas de um ícone da beleza brasileira de nome Teresinha Morango.      

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sábado, 13 de abril de 2019

"As Time Goes By"


Um pôster do filme Casablanca, pendurado numa parede da minha casa, tem a magia de acrescentar romantismo e poesia ao meu dia a dia. 
        "Play it, Sam. Play As Time Goes By." Inesquecível aquela cena, quando Ilsa Lund (Ingrid Bergman) pede ao pianista (Dooley Wilson) para tocar a bela canção. 
        Um pôster do filme Casablanca, pendurado numa parede da minha casa, "as time goes by" (com o passar do tempo), é cúmplice de antigos sonhos que ainda sonho.

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Daslan Melo Lima
Timbaúba, Pernambuco
11 de abril de 2019

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ANJOS AO NOSSO LADO



Enquanto caminho na manhã ensolarada com meu cachorro, faço uma selfie das nossas sombras projetadas numa rua descalça. 
        Acredito em anjos, nos invisíveis, em pessoas-anjos e animais-anjos. E penso que minha sombra talvez seja minha essência disfarçada em Anjo da Guarda.
        Pergunto ao meu cachorro: "Se a tecnologia, através de um simples clique no celular, permite registrar nossas sombras, o que custa acreditar nos anjos? " Juro que o seu latido é uma resposta aos cumprimentos dos anjos invisíveis que caminham ao nosso lado.
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Daslan Melo Lima

Timbauba, Pernambuco
10 de abril de 2019

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SESSÃO NOSTALGIA - A Violeta dos olhos azuis

Daslan Melo Lima




          Buscando inspiração para a Sessão Nostalgia desta semana, encontrei uma pasta no meu acervo com uma crônica do jornalista alagoano-pernambucano José de Sousa Alencar, o Alex (1926-2015), publicada no Jornal do Commercio, Recife, em 10 de novembro de 1991. O texto do também Bacharel em Direito, escritor e imortal da Academia Pernambucana de Letras é dedicado a Violeta Botelho, terceira colocada no Miss Pernambuco 1957, representando o Clube Português do Recife,  e  Miss Clube Internacional do Recife no concurso Miss Elegante Bangu de Pernambuco 1957, onde conquistou o segundo lugar. 

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A Violeta dos olhos azuis

          Gostaria de dedicar esta crônica de hoje a Violeta Botelho Maia, que durante vários anos atuou ao meu lado, no final da tarde dos domingos, apresentando o programa "Hora do Coquetel", no Canal 2. A foto ilustra bem o que era o programa, a ambientação, particularmente a elegância de Violeta, que usava um modelo longo, com cauda, uma criação exclusiva de Marcílio Campos. Vejam o porte e a beleza desta mulher admirável, que deixou o Recife para viver em Natal, ao lado do marido, Moacir Maia. 
          Violeta Maia, com seus imensos olhos azuis, lembrando Marta Rocha, teve uma intensa atuação no Recife. Foi candidata ao título de Miss Pernambuco, representando o Português. A vitoriosa foi Zaíra Pimentel, mas Violeta não se abalou. Logo depois, conquistava o titulo de Elegante Bangu do Internacional. Durante alguns anos, atuou como recepcionista da Cruzeiro, no Aeroporto dos Guararapes. Até que foi atuar como co-apresentadora do programa "Hora do Coquetel". Uma das vitórias mais expressivas de Violeta Botelho, foi quando uma fantasia de Rainha da Áustria, toda bordada em veludo, uma criação de Marcílio, foi ao Rio e conquistou o primeiro lugar no Baile do Teatro Municipal, que era o mais famoso; também no Quitandinha, no Copacabana Palace e, finalmente, no Monte Líbano. Depois desta criação de Marcílio apresentada diante do público no Rio, por uma figura como Violeta, as fantasias não seriam mais como outrora. No ano seguinte, foi uma avalanche de reis e rainhas, com bordados de todo o tipo. Mas o mérito pertenceu a dois pernambucanos.
          Depois de casada, Violeta permaneceu a figura elegante de sempre, participando da vida social de Natal, onde vive. Animada, educada, demonstrou que mantem a majestade desde os tempos de passarela, porque eu não cheguei a citar que, além de Elegante Bangu, ela foi apontada como a grande desfilante de Marcílio, juntamente com Germana Siqueira, Teresinha Frazão, Dorinha Magalhães, Sônia Malta, para citar apenas estas.  


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Violeta Botelho, 
um ícone pernambucano e potiguar

Violeta Botelho Maia, uma das presenças mais fascinantes do Bal de Tête - Suplemento Social do Jornal do Commercio, Recife, 06/02/1977. Acervo: DML/Passarela Cultural. ***** Abaixo, a mesma imagem em melhor resolução, copiada do blog do Fernando Machado. 
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Violeta Botelho, o maquiador e carnavalesco Múcio Catão e os jornalistas Fernando Machado e Dalci José. ***** Foto: Fernando Gusmão - Jornal do Commercio, Recife, 27/02/1977. ***** Acervo: DML/Passarela Cultural.
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Moacir Maia e Violeta Botelho. ***** Diario de Pernambuco, 15/05/1979 ***** Acervo: DML/Passarela Cultural.
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Bianca Figueiroa, Miss Pernambuco Globo 1994, e Violeta Botelho.  Desfile beneficente promovido pela Campanha Pernambucana Pro-Infância. Mar Hotel, Boa Viagem, Recife, PE, 13/05/1996. Bianca usa a fantasia criada por Marcilio Campos (1930-1991), apresentada por Violeta nos famosos bailes do carnaval carioca de 1961. ***** Foto: Fernando Gusmão/Acervo de Fernando Machado.
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Violeta e Moacir Maia:
a Dama e o Diplomata

Revista Bzzz, Ano 1, Nº 4, outubro de 2013
Por Thiago Cavalcanti - Fotos: Giovanna Hackradt

Um dos casais mais emblemáticos da sociedade natalense é fonte de histórias que se confundem com a da própria cidade.
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O diplomata. Era assim que os amigos chamavam o empresário Moacyr Maia.  ***** No carnaval de 1961, na "Veneza nordestina" (Recife), conheceu a linda moça dos olhos de esmeralda, a jovem Violeta Botelho. Não sabia ele que aquela era a manequim preferida de Marcílio Campos. Foi amor à primeira vista. Namoraram e casaram-se em 1968. ***** O casal nunca teve filhos, mas muitos tinham os dois como  padrinhos. *****  A chegada dos shoppings à capital potiguar levou à decadência dos cinemas que fecharam as portas e deram lugar a templos evangélicos. "O glamour acabou", resumiu Moacyr quando decretou falência das suas empresas. 
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Voltada para o mar, a mansão de Areia Preta foi um sonho não concretizado. ***** O empresário faleceu em 24 de agosto de 2005, aos 79 anos. A cidade perdeu um dos homens mais elegantes e de vasta cultura, uma raridade nos dias de hoje. 
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Desde pequena a beleza abriu as portas para Violeta Botelho, a caçula de cinco irmãos. Uma mulher de porte impecável que transitou pelo jet set Brasil afora. Logo cedo começou a trabalhar. Passou pela Aviação Cruzeiro do Sul, TV Jornal do Commercio e se destacou como a modelo preferida de Marcílio Campos. ***** Cortejada por poderosos como Jorginho Guinle e Horácio Carvalho (o primeiro marido de Lili Marinho), a jovem, discreta e decente, não dava trela. Criada em seio de família tradicional pernambucana, os pais católicos fervorosos, passaram os princípios e valores que até hoje segue. ***** Com firmeza, pode se dizer : uma mulher de fé e coragem, que viveu o glamour na sua essência, com uma beleza ímpar que perdura até hoje no auge dos seus 78 anos. Ao lado de Moacyr Maia, viveu a vida intensamente: viajou, bailou nos salões, cuidou de animais desamparados, solidarizou-se com os humildes. ***** Para Violeta, a fé em Jesus e muita esperança são as palavras de ordem para enfrentar os problemas e adversidades dos oito anos da viuvez que separou os olhos esmeraldas do Diplomata.    
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Violeta Botelho Maia celebrou idade nova no dia 11 de janeiro. ***** Foto: Acervo de Fernando Machado.

         Chego ao final desta matéria como se estivesse contribuindo para alguém um dia elaborar o roteiro de um filme ou série de televisão. Sugiro apenas a esse alguém que o título da obra não seja outro a não ser "A Violeta dos olhos azuis". 

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segunda-feira, 8 de abril de 2019

Timbaúba, 140 anos, “aureolada de luz sobre-humana”

>>>>> No seu aniversário de Emancipação Política, 08 de abril, Timbaúba encanta a todos que seus encantos cantam


“Salve ó terra dos morros querida / Tu que brilhas, heril, soberana / De teus filhos mostrando a grandeza / Aureolada de luz sobre-humana! ”
O belo Hino de Timbaúba, letra e música de José Pedro Damião Irmão, o Zito Damião (1934-1973), ao falar de sobre-humana (aquilo que ultrapassa os limites impostos pela natureza humana) não está exagerando. Cento e quarenta anos não são cento e quarenta dias. Uma cidade tem alma, e ri, e chora. É feita de gente, por isso as pessoas de fé cantam:
“Timbaúba altaneira /   És formosa e varonil / Segue à frente, terra amada / para a glória do Brasil! ”

           Se o rio Capibaribe-Mirim sente saudade de suas águas outrora límpidas, românticos e sonhadores não desanimam e cantam: 
“Tuas pontes teu rio perene / Dos teus montes a doce verdura / Nos transfundem nas almas serenas / Todo o encanto e fulgor da natura! ”

        Se os fantasmas do Cine Teatro Recreios Benjamin imploram por sua restauração, anjos invisíveis não desanimam e cantam: 
“Sob o pálio de Deus, protetor / Deslumbrando, com luzes e glória / És, nas lides ideias da cultura, / Timbaúba, um cantar de vitória.”

       E se alguém, desiludido pelos sonhos não realizados, tenta esmorecer, outro alguém, confiante no amanhã, canta:
“ Nobre gleba, onde o povo não teme / Qualquer luta que se lhe apresente, / Da nobreza és escudo bem forte, / consagrado ao amor, permanente! ”

         Parabéns, Timbaúba, 140 anos, “aureolada de luz sobre-humana.
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Hino de Timbaúba,
 https://www.youtube.com/watch?v=RArKIMN8LUs


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POR UMA PRINCESA


Uma cidade é feita de gente, por isso tem alma, e ri, e chora. Timbaúba, a "Princesa Serrana", minha pernambucana terra adotiva, celebra 140 anos de Emancipação Política encantando a todos que seus encantos cantam. 




          Entre as colunas de ferro do monumento erigido em homenagem a José Bonifácio de Andrada e Silva, inaugurado no dia 07/09/1922, centenário da Independência do Brasil, faço pausa para uma foto e busco ouvir a melhor música: a do silêncio. Por uma princesa.

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PELAS PEDRAS DO CAPIBARIBE-MIRIM



O que faz uma pessoa ser considerada nativa de um lugar? Ter nascido no torrão onde vive ou se apegar à terra que o destino a adotou? Cheguei aqui para trabalhar no BNB, Banco do Nordeste do Brasil, e fui ficando na cidade que lembra a alagoana São José da Laje, onde nasci. 
          Há uma relação mistica e mágica entre minha terra natal, a "Princesa das Fronteiras", e Timbaúba, a "Princesa Serrana", minha pernambucana terra adotiva. Dois ícones lajenses nasceram aqui e seus corpos físicos lá repousam: o industrial Coronel Carlos Lyra, fundador da Usina Serra Grande, e o poeta João Pinheiro de Andrade Lyra.
        E enquanto o tempo passa, com o coração dividido entre duas "princesas", juro que as pedras do Capibaribe-Mirim escutam minhas ilusões e desilusões, tal como me ouviam no passado as pedras do rio Canhoto. 
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LUZ SOBRE-HUMANA


"Salve oh terra dos morros querida, / Tu que brilhas heril, soberana / Dos teus filhos mostrando a grandeza / Aureolada de luz sobre-humana."  Enquanto faço uma pausa na minha caminhada matinal, a fim de fotografar o cenário, começa a tocar o Hino de Timbaúba.
        Impressão de que as casinhas do Alto do Cruzeiro, as nuvens e a borboleta que baila entre as flores aplaudem o hino da minha pernambucana terra adotiva.
     Sou parte do cenário e, por alguns instantes, sinto-me maestro de um concerto invisível, enaltecendo os encantos de Timbaúba, aureolada de luz sobre-humana.

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Textos de Daslan Melo Lima
Imagem da primeira crônica: copiada do Facebook de Jorge do Pitako.
Demais imagens: Melo Lima/Passarela Cultural 

SESSÃO NOSTALGIA - Gervásio Baptista (1923-2019), o fotojornalista dos presidentes e das misses: "sem sorriso a vida não vale nada"


 Daslan Melo Lima

          Uma notícia divulgada pelo Jornal Nacional na terça-feira passada, dia 05, banhou minh’alma de melancolia.

        Morreu hoje, aos 96 anos, o fotojornalista Gervásio Baptista, que registrou alguns dos principais momentos da história do Brasil.


Foto: Agência Brasil 

       Com Gervásio Baptista vai um pouco da história, mas ficam imagens que ele eternizou. Essa correu o mundo, virou símbolo de Brasília. “Eu consegui fazer JK levantar essa cartola e ele disse: ‘O que você quer que eu faça?’. E eu disse: ‘Me obedece que você vai se dar bem’. Foi capa da Manchete e correu o mundo essa foto.”
      Obra de Gervásio também aquela que seria a última foto de Tancredo Neves. “Houve um mal-entendido com alguns colegas, que acharam que ele já estava morto. Estava vivo.”
       A amizade com a máquina de clicar veio de criança. O baiano baixinho virou gigante na arte da imagem. E voou alto, correu o mundo, testemunhou revoluções, guerras, copas, o funeral de Getúlio Vargas, em 1954. Gervásio conhecia o Planalto como ninguém. Fotógrafo oficial de três presidentes, o olhar atrás das lentes era certeiro, sabia muito: do que via e ouvia. Não por acaso, o mestre do fotojornalismo era reverenciado pelos colegas.
          Trabalhou nas revistas “O Cruzeiro”, “Manchete”, na Radiobrás, no Planalto, no Supremo. E se dependesse dele, não se aposentaria nunca desse ofício que marcou sua vida por 77 anos. E, no meio de poderosos, o velho Gervásio costumava dizer: “Todos a quem fotografei eram mais importantes do que eu. Não fui famoso, nem rico. No jornalismo, só ganhei bons amigos”.
         E era fácil gostar do Gervásio de sorriso largo. “A vida é um sorriso, e sem sorriso a vida não vale nada. Quem não ri, vive no escuro!.”

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         Estranhei o famoso noticioso da TV Globo não ter mencionado a relação profissional do baiano Gervásio Baptista com as misses. Foi ele quem nos anos 50 e 60, no auge dos concursos de misses, quando usava o Baptista sem a  letra “p”,  apenas Gervásio Batista, fotografou algumas das mulheres mais belas do mundo. Era ele na revista Manchete e o cearense Indalécio Wanderley (1928-2001) na O Cruzeiro.   
      Gervásio Batista tirou fotos de misses durante o período de 1957 a 1967, enquanto Indalécio Wanderley clicou os certames de beleza de 1956 até julho de 1975, quando a revista O Cruzeiro saiu de circulação.

       Para ilustrar esta Sessão Nostalgia,  selecionei as imagens abaixo, feitas pelo grande fotojornalista, certo de que ele colocava sentimentos em tudo o que fotograva, e sempre com um sorriso, pois como dizia, “A vida é um sorriso, e sem sorriso a vida não vale nada. Quem não ri, vive no escuro. ”


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Manchete, nº 377, Ano 7, 11 de julho de 1959
Dione Oliveira, Miss Clube Intermunicipal de Caruaru, Miss Pernambuco, Vice-Miss Brasil, Miss Brasil Mundo 1959.
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Manchete, nº 381, Ano 7, 08 de agosto de 1959
Akiko Kojima, Miss Japão, Miss Universo, ao lado de Vera Ribeiro, Miss Distrito Federal, Miss Brasil, quinta colocada no Miss Universo 1959.     
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Manchete, nº 484, Ano 9, 29 de julho de 1961
Linda Bement (1941-2018), Miss Estados Unidos, Miss Universo 1960, coroando Marlene Schmidt, Miss Alemanha, Miss Universo 1961.
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Manchete, nº 536, Ano 10, 28 de julho de 1962
Top 5 do Miss Universo 1962 - Da esquerda para a direita: Maria Olívia Rebouças Cavalcanti, Miss Brasil, quinto lugar; Anja Aulikki Järvinen, Miss Finlândia, terceiro; Norma Nolan, Miss Argentina, Miss Universo; Anna Geirsdóttir, Miss Islândia, segunda colocada; e Miss República da China, Helen Liu Shiu-Man, quinto lugar. 
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Manchete, nº 640, Ano 12, 25 de julho de 1964
Ângela Vasconcelos, Miss Paraná, Miss Brasil, semifinalista (Top 15) no Miss Universo 1964, ao lado de Vera Lúcia Couto Santos, Miss Guanabara, Vice-Miss Brasil e terceiro lugar no Miss Beleza Internacional 1964.
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Manchete, nº 640, Ano 12, 25 de julho de 1964
Em pé, da esquerda para a direita: Teresinha Morango, Miss Amazonas, Miss Brasil, Vice-Miss Universo 1957; Vera Ribeiro, Miss Distrito Federal, Miss Brasil, quinto lugar no Miss Universo 1959; e  Marta Rocha, Miss Bahia, Miss Brasil, Vice-Miss Universo 1954. Sentadas, da esquerda para a direita: Ângela Vasconcelços, Miss Paraná, Miss Brasil, semifinalista (Top 15) no Miss Universo 1964; e Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil, Miss Universo 1963.
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Manchete, nº 743, Ano 14,16 de julho de 1966
Ana Cristina Ridzi (1947-2015), Miss Guanabara, Miss Brasil 1966.
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Manchete, nº 797, Ano 15, 19 de julho de 1967
Sylvia Hitchcock (1946-2015), Miss Estados Unidos, Miss Universo 1967.

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Leia também a SESSÃO NOSTALGIA de 28/07/2012,
"Gervásio Batista e Indalécio Wanderley, oito anos aos pés das misses"