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SEJA BEM-VINDO ! SEJA BEM-VINDA! VOCÊ ESTÁ NO BLOG PASSARELA CULTURAL, cujas postagens, na maioria das vezes, são postadas aos sábados e domingos. Nossa trajetória começou em 02/07/2004, com o nome de Timbaconexão, como coluna sociocultural do extinto site de entretenimento Timbafest. Em 12/10/2007, Timbaconexão migrou para blog com o nome de PASSARELA CULTURAL, quando teve início a contagem de visitas. ***** Editor: DASLAN MELO LIMA - Timbaúba, Pernambuco, Brasil. ***** Contatos : (81) 9-9612.0904 (Tim / WhatsApp). E-mail: daslanlima@gmail.com

domingo, 30 de junho de 2013

SESSÃO NOSTALGIA – Sônia Regina Schuller, a minha sereia parou de sorrir





Daslan Melo Lima
PRÓLOGO

     No dia 13 de outubro de 2009, dediquei a Sessão Nostalgia a Sônia Regina Schuller, um ícone dos anos sessenta, uma deusa que ficou na memória dos meus sonhos de adolescente, Sereia das Praias Cariocas 1965, Miss Clube Caça e Pesca e vice-Miss Guanabara 1965,  http://passarelacultural.blogspot.com.br/2009/10/sessao-nostalgia-sonia-regina-schuller.html.
     Na quarta-feira, 26/06/2013, recebi uma ligação da jornalista Cleo Guimarães , do jornal O Globo, que tinha lido minha crônica e queria saber mais sobre as minhas impressões sobre a vice-Miss Guanabara 1965. Falei do sorriso contagiante daquela jovem ensolarada e disse que ela  passava um ar de jovem independente, atual, focada numa carreira profissional, diferente da menina romântica da época. Acrescenti que talvez isso tenha tirado dela o primeiro lugar, afinal estávamos no meio da década dos anos sessenta. Entre a meiguice de Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Botafogo,  e a sensualidade ensolarada de Sônia Regina Schuller, Miss Caça e Pesca, ambas aplaudidíssimas, a comissão julgadora optou pela primeira.
      Não perguntei à jornalista  qual seria a natureza da reportagem que ela faria. Pensei imediatamente que se trataria de um tributo à vice-Miss Guanabra 1965, decorrente de sua posição de destaque na sociedade carioca. Estou formatando esta matéria na noite do domingo, 30/06, quando na rua muita gente celebra a vitória da seleção brasileira de futebol na Copa das Confederações. Acabei de ler a matéria  da Cleo no jornal O Globo, abaixo transcrita, e minh'alma está chorando. Leiam e entendam o porquê.

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                                   A SEREIA PAROU DE SORRIR
Jornal  O Globo,  Rio de Janeiro, domingo, 30/06/2013. Reportagem de Cleo Guimarães, com Maria Fortuna, Isabela Bastos e Adalberto Neto.

          Maio de 1965. Vinte e cinco mil pessoas lotavam o Maracanãzinho para acompanhar a disputa pelo título de Miss Estado da Guanabara. Vera Lucia Couto, Miss 1964, esperava a decisão dos 11 jurados para passar a faixa à sua sucessora. Duas louras ainda estavam no páreo: Maria Raquel de Andrade, representando o Botafogo, e Sonia Schuller, do Clube Caça e Pesca.  Quando Sonia começou a desfilar, a plateia veio abaixo. “Ela era ensolarada, cheia de energia e tinha um sorriso lindo”, lembra o advogado Daslan Mello Lima, criador de um blog sobre misses. “Foi um frisson incrível quando essa moça apareceu no palco”, lembra Vera Lucia Couto, hoje uma funcionária da Riotur. Sonia acabou não levando o título, mas, segundo a revista “Manchete” da semana seguinte, a catarinense que veio para Rio ainda criança recebeu “uma das maiores ovações da história do Maracanãzinho”.

Sônia Regina Schuller em 1965, Sereia das Praias Cariocas, Miss Caça e Pesca e vice-Miss Guanabara, ao lado de Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Botafogo-Miss Guanabara-Miss Brasil.






Sônia Regina Schuller em 2013, mendiga pelas ruas de Ipanema, Rio de Janeiro.
       Quarenta e oito anos depois, não ficou nada daquele sorriso que encantou Daslan e a multidão no ginásio. Sem nenhum dente na arcada superior e com a inferior em frangalhos, Sonia tem dificuldades até para comer o pastel chinês que o dono de um bar no Jardim de Alah dá a ela todos os dias. O salgado costuma ser sua única refeição. A ex-vicecampeã do Miss Guanabara e Sereia das Praias Cariocas de 1965 virou uma pedinte nas ruas de Ipanema, bairro onde mora.  “Sonia sofre de esquizofrenia”, informa seu irmão, Cláudio Schuller. Ele conta que “a desgraça da vida dela começou em 1986”, depois que uma moto a atropelou, perto da Praça General Osório. Sonia atravessava a Rua Prudente de Morais, na esquina com a Teixeira de Melo, quando um motoqueiro ultrapassou um ônibus parado e a acertou em cheio. “Naquele dia, ela perdeu os dentes e a autoestima”, diz Cláudio.
Sônia Regina Schuller, vice-Miss Guanabara 1965,  na capa da revista Manchete, ao lado de Vera Lúcia Couto Santos, Miss Guanabara 1964, e Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara 1965.

      Filho mais velho da ex-miss, Bruno, de 46 anos, confirma o baque. “Dali pra frente tudo desandou.” Bruno, que há 19 anos mora em Curitiba, é fruto do curto relacionamento de Sonia com Sergio Petezzoni, um dos fundadores do Clube dos Cafajestes, de Copacabana. Nasceu e foi criado no apartamento 404 do prédio número 42 da Rua Barão da Torre, Ipanema, onde vivia com a mãe e a avó, a fisioterapeuta Antonia Schuller. No último andar fica a famosa cobertura de Rubem Braga — que Sonia conhece bem. Ela e Rubem tiveram um namorico. “Era uma admiração mútua, ela vivia na casa dele”, conta Cláudio. “Eu ia lá para ler jornal, pegar uns livros”, conta a ex-Sereia, que, num batepapo na Visconde de Pirajá (seu habitat), alterna momentos de extrema lucidez com comentários que fazem pouco sentido e incluem ciborgues, androides e assuntos como “uma nova tecnologia que suga a energia e te deixa seca como uma ameixa”.
      Ex-aluna do colégio N. Sra. Auxiliadora, na Tijuca, e do Melo e Souza, em Ipanema, Sonia não fez faculdade. “Achei que esse negócio de sereia era suficiente”, diz, coçando o dedão do pé esquerdo, com unhas enormes e empretecidas. “Minha mãe também achava. Mas olhaí, virei uma sereia desdentada.”
       Sentada na mureta da Praça Nossa Senhora da Paz, Sonia pede uma pausa na conversa para acender um Marlboro. No dedo indicador da mão direita há um anel igualzinho ao que Kate Middleton usou no noivado com o príncipe William, aquele mesmo anel que era de Lady Di. “É bijouteria, claro”, esclarece. O cigarro, ela conta, é sua perdição. É por ele que Sonia sai de casa todos os dias. Vai para as ruas pedir dinheiro para comprar pelo menos um maço. A abordagem é direta, sem rodeios. Não fala que está com fome, não faz drama. “Oi, pode me dar um real?”. Também não conta que é para comprar cigarro. “Claro que não. É uma questão de ética. Peço um real e vou juntando. Quando consigo comprar um maço, volto para casa”. Num desses dias, ela foi até o Leblon. Parou em frente à Padaria Rio-Lisboa e pediu dinheiro a um taxista. No balcão, seu irmão, Cláudio, tomava café e fingiu que não a conhecia. “Fiquei constrangido”, diz. Numa outra vez, Cláudio, que mora em Friburgo e vem ao Rio com frequência, estava no supermercado Zona Sul e a viu, também na porta, (“ela não entra nos lugares, fica só na porta”) falando sozinha. “Me senti mal, claro. Mas a chamei de volta para casa.” É ele também quem paga o condomínio do apartamento.
       A derrocada da ex-Sereia começou mesmo quando ela perdeu o emprego de executiva de marketing no BarraShopping, no início dos anos 80, pouco depois da morte do pai. “Lembro dela nesta época do shopping, linda, saindo de carro, salto agulha e tailleur”, diz o vizinho Mario Vicenzio Cardillo. Desempregada, Sonia passava temporadas entre Mirantão, em Visconde de Mauá, e Maricá, na Região dos Lagos. Voltava para o apartamento da Barão da Torre com frequência, mas gostava de ficar nessas cidades com seus bichos. A casa de Ipanema chegou a ter quase 50 cachorros, a maioria da raça pointer. E também gatos, muitos gatos. “Eu ia à feira e voltava com dois baldes de cabeça de peixe para dar para eles”, lembra Cláudio.
      A família reparou que alguma coisa não estava bem quando Sonia passou a falar sozinha. Fazia isso com frequência. Também começou a riscar as paredes com carvão. Chegava em casa com cabos de vassoura e sacolas cheias de lixo recolhido na rua. Foi com esse pano de fundo, bem nessa fase sinistra, que a moto a atropelou. “Foi demais para ela”, diz Mario, o vizinho e fã, que mora no primeiro andar. Ele, que aos 7 anos foi com a mãe ao Maracanãzinho torcer por Sonia no concurso de Miss, não acreditava no que via. “Ela estava toda quebrada, sem os dentes, irreconhecível.” Sonia chegou a botar uma prótese na arcada superior, mas anos depois tirou.
      No final dos anos 90, ela chegou a passar duas semanas internada no Instituto Pinel, onde foi diagnosticada a esquizofrenia. Como não tomou os remédios prescritos, voltou à estaca zero. Desde então, vive de caminhar, em andrajos, pelas ruas de Ipanema, em busca de dinheiro para o cigarro. Faz colagens com papéis e revistas que recolhe nos lixos e quer publicar um livro. “Mas sem ninguém dizer como tem que ser. Livro artesanal mesmo.”
      Quem a conhece diz que Sonia piorou ainda mais desde que a mãe morreu, há dois anos. Ela estaria mais triste, ficando mais tempo fechada no apartamento, entulhado de coisas que pega na rua. Sonia usa o elevador e a entrada de serviço do prédio onde mora com o filho mais novo, o estudante de Direito Igor, nascido um ano depois do acidente.  A ex-Sereia das praias cariocas só dorme na cama de massagem da mãe, talvez para tentar manter algum contato com ela. Perguntada sobre o que a deixaria feliz, nem pensa duas vezes. “Meu sonho dourado é um empadão de camarão com chopinho bem gelado.”
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                                                EPÍLOGO
      Timbaúba, Pernambuco, última noite de junho de 2013. O pessoal lá fora vibra com a vitória da seleção brasileira na final da Copa das Confederações. Daqui a pouco, encerrando os festejos juninos timbaubenses, haverá um show da banda Chiclete com Banana.  
      Minh'alma está indiferente a este clima de festa. Não tenho culpa se sou um sentimental incorrigível. Mergulhado nos mistérios da vida e da morte, o menino que um dia eu fui está triste, muito triste. Sônia Regina Schuller, a sereia dos meus sonhos de adolescente, parou de sorrir. 

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sábado, 29 de junho de 2013

A CLARIDADE DO SOL NORDESTINO A PINO

 
Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto, ou simplesmente Ayres Britto, nordestino de Propriá, Sergipe, ex-Ministro do Supremo Tribuno Federal, tem sua opinião formada sobre a proposta da presidente Dilma Rousseff em promover um plebiscito da reforma política. Ayres Britto disse que é preciso ter muito cuidado na elaboração das perguntas que a população vai responder no plebiscito:
“De ordinário, o plebiscito implica perguntas mutuamente excludentes. Exemplo: você é a favor do desarmamento ou contra o desarmamento. Você é a favor do financiamento público de campanha totalmente ou não é a favor do financiamento público de campanha totalmente.”
Segundo ele, são opções mutuamente excludentes e é preciso que a pergunta seja “muito clara, claríssima”. Concluindo seu raciocínio, afirmou:
“São perguntas sobre vida vivida experimentada pelo povo e não perguntas teóricas correspondentes a uma vida pensada, a uma vida conceituada. É preciso ter muito cuidado com a pergunta que se faz num plebiscito. Ela tem que ter a claridade do sol nordestino a pino.”
As palavras de Ayres Britto, que também é poeta e conhece muito bem o sol nordestino a pino, têm a dose exata de humanismo e poesia de que tanto o Brasil precisa, de que tanto o planeta Terra precisa.  
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TE ESPERANDO

Daslan Melo Lima
 
      Gosto muito de uma música da autoria de Bruno Caliman que está fazendo sucesso na voz do jovem cantor Luan Santana. Trata-se de “Te Esperando”, um poema lindo, que poderia ainda ser mais lindo se o autor, em determinado momento do trecho, não tivesse usado a expressão “velhinha gagá”. A música fala de coisas que poderiam ter tomado um determinado rumo, mas que  o destino e as circunstâncias levaram para outra realidade.
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Mesmo que você não caia na minha cantada, / mesmo que você conheça outro cara na fila de um banco, / um tal de Fernando, / um lance, assim sem graça. 
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Mesmo que vocês fiquem sem se gostar, / mesmo que vocês casem sem se amar, /  e  depois de seis meses um olhe pro outro. / E aí, pois é, sei lá.
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Mesmo que você suporte este casamento / por causa dos filhos, por muito tempo, / dez, vinte, trinta anos,  / até se assustar com os seus cabelos brancos.
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 Um dia vai sentar numa cadeira de balanço, / vai lembrar do tempo em que tinha vinte anos, / vai lembrar de mim e se perguntar / por onde esse cara deve estar?
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Eu vou estar te esperando, / nem que já esteja velhinha gagá, / com noventa, viúva, sozinha, / Não vou me importar. / Vou ligar, te chamar pra sair, / namorar no sofá. / Nem que seja além dessa vida, / eu vou estar te esperando.
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          Numa época em que os relacionamentos duram tão pouco, eis que uma música fala de um alguém que vai ficar esperando a figura amada por tempo indeterminado, mesmo que ela esteja velhinha e com noventa anos. Imagino o efeito positivo desta canção gravada por um jovem ídolo que tem um imenso público admirador composto na sua maioria por adolescentes. Bruno Caliman, o  compositor,  vai completar 37 anos de idade no dia 15 de outubro, enquanto o  cantor Luan Santana fez  22 no dia 13 de março.
       Finalizando, acho perfeito o desfecho: “Nem que seja além dessa vida, eu vou estar te esperando.” A fé de que a vida continua além de cumprida a nossa missão no planeta  Terra é o melhor medicamento para superar  desamores, desilusões e desencontros.
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Timbaúba, PE, no penúltimo dia de junho de 2013, assistindo a um clipe de “Te esperando” no Youtube, http://www.youtube.com/watch?v=N3ic4Gi2hyo
 
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DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO

Secção em construção
 
UM FATO EM FOCO
 
PEDRINHO MATIAS – Nesta quarta-feira, 03 de julho, o  Pedro Matias completa 90 anos de idade. Em recente visita ao Engenho Limoeirinho, a educadora Anelúcia Correia, gestora da ETE, Escola Técnica Estadual Miguel Arraes de Alencar, encontrou-se com o Professor Pedrinho, como é carinhosamente conhecido. Na ocasião, ele deu uma aula de história, resgatando momentos decisivos na formação do povoado, a expansão do comércio de algodão e o papel importante da estação ferroviária de Rosa e Silva no passado. Lamentou o declínio e atribuiu parte dele à falta de visão dos personagens da época. Falou empolgado sobre as festas existentes e a presença dos pastoris da localidade e de outras cidades. Afirmou que o Engenho Limoeirinho, embora apresentando benefícios para os moradores, acentuou a monocultura da cana de açúcar e foi aí que tudo começou a desandar. ***** PASSARELA CULTURAL parabeniza o professor Pedrinho pelos seus bem vividos 90 anos de idade e promete aos leitores que, oportunamente, fará uma matéria especial sobre sua vida. ***** Foto e fonte/Agradecimento: Anelúcia Correia.
 
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ROTEIRO POÉTICO DE TIMBAÚBA







UM TELEFONEMA DE SÃO PEDRO - Houve festa num trecho de uma das ruas mais simples e tranquilas do bairro de Timbaubinha, na área conhecida como "Chã". Na noite de sexta-feira, 28, véspera de São Pedro, o pessoal celebrou a data do chaveiro do céu. ***** No mesmo cenário que serviu para os festejos de São João, um dia antes a lenha já estava separada para a fogueira, onde ao seu redor uma quadrilha matuta improvisada dançaria ao som de um forró pé de serra. ***** O Vento tinha me dito que não seria surpresa se o velho orelhão tocasse em silêncio para não interromper a magia. São Pedro deve ter telefonado para agradecer a noite de poesia. ***** Daslan Melo Lima
 
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MEMÓRIA TIMBAUBENSE
 

NO TEMPO DOS ENGRAXATES MIRINS – Registro da doação da Maçonaria de caixas de engraxates a cinco garotos, em 10/06/1968. Da esquerda para direita: Carlito; Dr. José Tavares, Promotor de Justiça; Diércio Guerra; Drª. Socorro Falcão, Oficial do Cartório de Registro Civill; Zeinha Moura e Dalva Tavares, servidoras do Poder Judiciário. ***** Foto tirada na frente do Fórum, imóvel onde hoje funciona a  Secretaria Municipal de Saúde. *****  Foto: Facebook/Timbaúba em números, fatos e fotos. ***** Por ondem andam estes engraxates? Contatos através do e-mail daslan@terra.com.br .  
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EM PAUTA
CIRCUITO PERNAMBUCANO - TRILHA DE TIMBAÚBA

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AQUI TERMINA MAIS UMA EDIÇÃO DE PASSARELA CULTURAL.
AS SECÇÕES QUE SE SEGUEM FAZEM PARTE DA SELEÇÃO DAS EDIÇÕES ANTERIORES.

sábado, 22 de junho de 2013

AINDA SE FAZEM QUADRILHAS JUNINAS COMO ANTIGAMENTE


(Timbaúba-PE) – Outro dia, vi pela televisão um concurso de quadrilhas juninas que mais parecia uma apresentação de escolas de sambas cariocas. Havia enredos específicos para cada uma, luxo, animação, entusiasmo... Só não havia  o  genuíno espírito das festas nordestinas de São João. ***** Ainda bem que nem tudo está perdido. Ainda se fazem singelas quadrilhas juninas como antigamente, a exemplo do que foi visto no evento promovido pela empresa Albuquerque Pneus, conforme atestam estas imagens do Facebook da minha amiga Nadilza Lima de Morais. ***** Que estes exemplos possam ser seguidos por todos aqueles comprometidos com a continuidade das nossas tradições.
 
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UM SÃO JOÃO PARA RECORDAR

Daslan Melo Lima
                                                 
                  
    
      O meu tio Argemiro trazia de Ibateguara caixinhas de “traques”, “diabinhos” e “estrelinhas” para mim e meu único irmãozinho, naqueles meses alagoanos de junho, de frio e chuva em São José da Laje.  Eu ficava frustrado diante da rapidez com que aqueles brinquedos se acabavam. Eu queria que aqueles momentos mágicos durassem mais tempo, mas era tudo muito rápido. 
      Um dia, resolvi me vingar do tempo. Enquanto meu irmãozinho e os garotos e garotas da Rua Dr. Emílio de Maia, hoje Rua Prefeito Antônio Ferreira, gastavam seus inocentes explosivos juninos, guardei os meus para soltá-los aos poucos, a cada semana, eternizando a primavera da minha vida, o mês de junho e o meu São João. 
      Ontem, pela primeira vez, decorei o terraço da minha casa com bandeirinhas juninas. Quando julho chegar, vou transferi-las para o meu quarto, a fim de eternizar este São João e espalhar boas recordações e poesia no outono da minha vida.

         Ainda me espanto com a rapidez dos dias.

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Timbaúba, Pernambuco, na véspera do Dia de São João de 2013

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DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO

MEMÓRIA TIMBAUBENSE


Esta imagem é do acervo de José Marcos de Vasconcelos Carvalho que deixa o seguinte recado para os leitores e leitoras:
"Acho que esta turma é o pré-primário de 1961, ou o preliminar B junto com o preliminar A de 1960, do Colégio Timbaubense. ***** Os pirralhos cortavam o cabelo à Jack Dempsey, mas quando chegávamos na adolescência, passávamos a adotar o corte "meia cabeleira". Ao final do serviço, o barbeiro sempre perguntava: “Taico, aico ou quer que mue?” Tradução: “Quer talco, álcool ou quer que molhe?” Rsrsrsrsrs... ***** Na foto aparecem Jandira Marinho, Toinho Galvão, Dorivaldo Ramalho, Rafael Alves Albuquerque, Ademir (filho de Chico Caetano), Zenilldo, Mario Faustino Santos, Ademir Damião, Moacir Faustino, Luciano Carvalho Souza, Gabriel Albuquerque, Mamedes F. Santos, Profa.Petronila, Airon Menezes e Marcelo. Eu sou o primeiro menino do lado direito, na primeira fila dos homens, encostado à professora.  ***** Pena o estado da foto... Rsrsrsrs... Meus amigos, quem tiver uma foto dessa turma em melhor estado, por gentileza, disponibilize. Contatos com daslan@terra.com.br ."
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ROTEIRO POÉTICO DE TIMBAÚBA


Os postes de iluminação, destruídos por vândalos há alguns meses, já foram restaurados. Os bancos estão dispostos a receber solitários e namorados, principalmente neste Junho de frio e milho assado. - Daslan Melo Lima
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SESSÃO NOSTALGIA – MISSES, AS MEMÓRIAS DE ARTUR XEXÉO

Daslan Melo Lima
 
   

Artur Xexéo
       










          No dia 18 de setembro de 2011, o jornalista Artur Xexéo publicou um texto excelente, impregnado de nostalgia, em sua coluna da Revista O Globo, evocando suas lembranças em torno do concurso Miss Brasil. Artur Xexéo  nasceu no Rio de Janeiro, em 1952. É jornalista formado em Comunicação Social pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha/SP). Trabalhou nas revistas Veja (SP),  IstoÉ (SP) e Jornal do Brasil.  Mantém uma coluna no jornal O Globo (RJ), onde escreve duas vezes por semana, às quartas-feiras e aos domingos, e exerce a função de editor do Segundo Caderno. Escreve, também, um blog no site do jornal – o Blog do XeXéo. É, ainda, comentarista da rádio CBN (RJ) e do programa Estúdio i, da Globo News (RJ).  Escreveu os livros Janete Clair – A Usineira dos Sonhos (Relume Dumará, 1996), uma minibiografia da novelista, e O torcedor Acidental (Rocco, 2010), uma coleção de crônicas sobre os bastidores das coberturas que fez das Copas do Mundo de Futebol.

 
      A crônica de Artur Xexéo causou repercussão e fez com que ele voltasse ao assunto na semana seguinte. Nesta secção Sessão Nostalgia, ao transcrever ambas as crônicas do jornalista, tomei a providência de ilustrá-las com imagens de algumas misses mencionadas nos textos. Também teço comentários especiais sobre o que ele escreveu, esclarecendo algumas observações do autor.
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     MISSES, crônica de Artur Xexéo, coluna da Revista O Globo, 18/09/2011
Geórgia Quental











Eu me lembro de Maria Augusta batendo com uma bengala na passarela para indicar o que as misses deveriam fazer. Eu me lembro do Maracanãzinho lotado. Eu me lembro que os apresentadores eram Paulo Max e Marly Bueno.  Eu me lembro de Georgia Quental, a Miss Flamengo que foi desclassificada porque já tinha desfilado profissionalmente. Eu me lembro que a Miss Renascença Aizita Nascimento foi a primeira negra a participar do concurso. Só não me lembro se ela ganhou. Acho que não. Eu me lembro que, na semana seguinte ao concurso de Miss Universo, “O Cruzeiro” sempre trazia uma reportagem com a eleita tomando café da manhã na praia. De maiô, cetro e coroa, é claro. Eu me lembro dos maiôs Catalina. Eu me lembro de Gina MacPherson — Miss Botafogo, Miss Guanabara, Miss Brasil —, que provocou escândalo ao namorar o motorista que estava à sua disposição em Miami. Eu me lembro que o Miss Universo era em Miami, o Miss Beleza Internacional em Long Beach e o Miss Mundo em Londres.   Eu me lembro que a coroa sempre caía da cabeça da Miss Brasil.  Eu me lembro que lá em casa a torcida era sempre para a Miss Rio Grande do Sul, mas eu, que já era do contra, preferia a Miss Guanabara.
Julieta Strausz











Eu me lembro do tempo em que o concurso de miss era só um quadro do “Programa Silvio Santos”, e que a gente $com a impressão de que, a qualquer momento, ele iria gritar: “Quem quer dinheiro?” Eu me lembro da Rainha do Café Julieta Strauss, que não era miss, mas era como se fosse. Eu me lembro que o traje típico de Miss São Paulo era sempre colhedora de café.  Eu me lembro da mineira Maria Stael Abelha, que renunciou ao título de Miss Brasil para se casar. Eu me lembro das irmãs gêmeas Elizabeth e Ana Cristina Ridzi disputando o Miss Guanabara. Como decidir qual era a mais bonita?
Eu me lembro da gaúcha Ieda Maria Vargas ganhando, finalmente, o Miss Universo. Alguns anos depois, a baiana Martha Vasconcellos levou o título. E, quando a gente já pensava que era uma espécie de Venezuela, nunca mais chegamos lá. Ieda virou uma apresentadora de TV famosa no Rio Grande do Sul. Martha Vasconcellos... que fim levou Martha Vasconcellos? Eu me lembro de Vera Fischer quando ela ainda era Miss Santa Catarina. Eu me lembro que a primeira Miss Brasília era uma empregada doméstica. Eu me lembro que todas liam “O Pequeno Príncipe”. Eu me lembro da Miss Grécia Corinna Tsopei, que foi Miss Universo e, depois, interpretou uma índia sioux no filme “Um homem chamado Cavalo”.
E por que eu estou me lembrando disso tudo? Porque eu acho que vou sempre me lembrar de Miss Angola ganhando o Miss Universo no Brasil.
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ObservaçãoGeórgia Quental era uma modelo famosa e sua inscrição não foi aceita para participar do Miss Guanabara 1960. Dois anos depois, representou o Rio Grande do Norte no Miss Brasil 1962   e obteve o sétimo lugar. ***** Aizita Nascimento ficou em sexto lugar no Miss Gunanabara 1963. Antes dela, Dirce Machado, mulata do Clube Renascença, participou do Miss Guanabara 1960 e ficou na quarta colocação. Na crônica a seguir, o Artur Xexéo toca nesse assunto. ***** A primeira jovem a ser eleita Miss Brasília, com direito a representar o Distrito Federal no Miss Brasil,  foi Martha Garcia, em 1959. A empregada doméstica citada na matéria é  Anísia Gasparina da Fonseca, eleita Miss Brasília em 1967, quarta colocada no Miss Brasil.  ***** Julieta Strausz, Miss São Paulo 1962, foi vice-Miss Brasil e representou o país no Miss Beleza Internacional.
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Marisol Malaret Contreras, Miss Porto Rico, Miss Universo 1970.
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Lorraine Downes, Miss Nova Zelândia, Miss Universo 1983. 
A revista O Cruzeiro e outras publicações postavam fotos das jovens eleitas Miss Universo tomando seu primeiro café da manhã como rainhas, em seus apartamentos no hotel onde estavam hospedadas, ainda na cama, de faixa e coroa. Depois, elas iam para a praia e posavam para os fotógrafos de faixa, coroa, cetro e troféu. 
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PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE ALGUMAS MISSES, crônica de Artur Xexéo, coluna da Revista O Globo, 21/09/2011
     
Marta Rocha
      

















          Dizem que o Brasil tem 190 milhões de técnicos de futebol. Este número varia de acordo com a atualização da população do país. Houve um tempo em que tínhamos também 60 milhões de especialistas em misses. A população brasileira era bem menor. O que eu descobri esta semana foi que todos esses 60 milhões de especialistas continuam em atividade. E muitos deles me escreveram depois que dediquei a coluna do último domingo às minhas lembranças dos certames — era assim que a gente dizia naquela época — que escolhiam as misses Guanabara, Brasil, Universo...
 
      A maioria reclamava de o texto não citar Marta Rocha. Foi o que fez, por exemplo, Wilméa Silva Ramos: “Fiquei surpresa ao notar que você escreveu sobre as misses do Brasil e não citou a mais famosa de todas: Marta Rocha. Marta Rocha foi sucesso internacional pela beleza, pela simpatia, pelos lindos olhos e pelo lindo sorriso. O sucesso alcançado por Marta Rocha é que justifica o concurso de misses ainda existir no Brasil. Gostaria de saber por que você a esqueceu!!!”
 
      Não me esqueci de Marta Rocha. Ninguém se esquece de Marta Rocha. Acontece que escrevi sobre minhas lembranças, e, para mim, o concurso (ou certame) só começa quando é realizado no Maracanãzinho. Marta é do tempo de desfiles no Hotel Quitandinha, em Petrópolis. Quando me dei conta de mim, Marta Rocha já era “a eterna Miss Brasil”. Eu me lembro que ela se casou com Ronaldo Xavier de Lima, que era da turma da Miguel Lemos e que, de vez em quando, a levava para comer uma pizza brotinho no Tommy’s, ali na esquina de Miguel com Ayres Saldanha. Eu me lembro que, em seu apartamento na Avenida Atlântica, já separada, Marta transformou um cômodo em boate. Eu me lembro que ela levou um golpe financeiro das Casas Piano, se aposentou da vida social e foi morar em Volta Redonda.
Vera Lúcia Couto Santos
      










          O leitor Oleg Franco também não perdoa: “Penso que você foi injusto com Miss Vera Lúcia Couto dos Santos. Sim, foi ela que em 1964 quebrou todos os tabus, tornando-se a primeira negra a se classificar em um certame (viu como se falava assim?) de beleza internacional. Vera fez o mais arrebatador desfile no Maracanãzinho com os seus famosos pivôs que faziam a platéia gritar ‘olé, olé!’. Seu traje típico era o ‘Samba, sinfonia de três raças’, de Evandro de Castro Lima. Seu vestido de gala tinha 1.400 pérolas. Ela ficou em terceiro lugar no Miss Beleza Internacional, em Long Beach, onde também foi eleita Miss Fotogenia. Foi a primeira ‘colored’, como se dizia na época, a se classificar. Depois dela, quatro negras já foram Miss Universo.”
      Eu apenas quis destacar o pioneirismo de Aizita Nascimento (se bem que ela nem foi pioneira, como se verá daqui a pouco). Mas é claro que eu me lembro de Vera Lucia Couto. Eu me lembro que ela foi a inspiração de João Roberto Kelly para compor a marchinha de carnaval “Mulata bossa nova”. Eu me lembro que ela ganhou o Miss Renascença em 1965, quando a favorita era Esmeralda Barros. Eu me lembro que, até pouco tempo, Vera Lucia trabalhava na Riotur. Eu me lembro que, no Miss Brasil, o Maracanãzinho dividiu-se entre Vera, a Miss Guanabara, e Angela Vasconcellos, a representante do Paraná, e gritava: “Guaraná!”. Eu me lembro que a Paraná ganhou. Eu me lembro que Angela Vasconcelos usava óculos.
E, para encerrar esse papo Catalina, vários leitores me corrigiram, lembrando que a primeira miss negra foi Dirce Machado, que, em 1960, tirou quarto lugar no Miss Guanabara.

Aizita Nascimento


Dirce Machado
      


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 Observação: Vera Lúcia  Couto Santos ganhou o Miss Renascença em 1964 e Esmeralda Barros foi sua vice. Segunda colocada no Miss Brasil, Vera     conseguiu o terceiro lugar no Miss Beleza Internacional.                                                             
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      Timbaúba, Pernambuco, noite fria e chuvosa de 22 de junho de 2013, talvez não tão fria e chuvosa como há 50 anos. Como Artur Xexéo e eu somos de uma geração que conheceu os anos dourados do concurso Miss Brasil, ele deve também estar lembrado que  em  22 de junho de 1963,  no Maracanãzinho, Rio de Janeiro, foi realizado o concurso Miss Brasil 1963. Na capa da revista Manchete, o Top 3 daquele certame histórico: Ieda Maria Vargas (Miss Rio Grande do Sul, com a coroa, faixa, manto e cetro de Miss Brasil 1963, eleita Miss Universo em Miami Bach, Estados Unidos); a loura Tânia Mara Franco de Souza (Miss Paraná, segundo lugar, semifinalista no Miss Beleza Internacional, em Long Beach, Estados Unidos) e Vera Lúcia Ferreira Maia (Miss Guanabara, terceira colocada, semifinalista no Miss Mundo, em Londres, Inglaterra).
      Os meninos que um dia eu e Artur Xexéo fomos, ao olhar para a imagem acima, soltam risos irônicos para os homens que hoje somos. Enquanto envelhecemos, Ieda, Tania e Vera continuam sorrindo para nós, eternamente jovens, meio século depois.

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