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sábado, 13 de setembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - VERA MARIA BRAUNER , OS OLHOS AZUIS QUE DISSERAM NÃO A HOLLYWOOD

Daslan Melo Lima

          Agosto de 1961. VERA MARIA BRAUNER DE MENEZES tinha conquistado o título de segunda mulher mais bela do mundo no International Beauty Congress( Miss Beleza Internacional), em Long Beach, Califórnia, e estava visitando os estúdios da Warner Brothers. Os caçadores de talentos ficaram loucos por aquela jovem de olhos azuis e ofereceram propostas tentadoras para que ela se tornasse uma estrela de cinema. O galã Peter Brown, protagonista de “Lawman”(O Homem da Lei) a queria como leading-ladyMas os sonhos da linda garota eram outros. Ela queria voltar logo para o Brasil. Já tinha recebido um cheque de 4 mil dólares pelo segundo lugar e queria usar aquele dinheiro para melhorar a situação da família modesta. Estava feliz por ter chegado aonde chegou e tudo que desejava era saborear um churrasco, cumprir seus compromissos de Miss e depois casar com João Roger Damé, seu noivo e namorado desde os 12 anos de idade, recém aprovado em quarto lugar no concurso do Banco do Brasil.

As imagens que ilustram esta matéria são fotos-reproduções da revista MANCHETE, apenas uma delas, a de tom sépia, é de O CRUZEIRO.

VERA MARIA BRAUNER, Rainha da Quadra 1953

          Vera nasceu no dia 11/02/1942. Aos 11 anos de idade era considerada uma das meninas mais lindas de Pelotas. Durante uma festinha, regada a muitos doces e refrigerantes, foi coroada Rainha da Quadra, a mais bela garota da rua onde morava. Era o começo da glória. Aos 13 anos de idade, seu maior sonho era ser dentista. Mudou de idéia e passou a pensar em ser professora depois que soube que os estudantes de odontologia tinham aulas extraindo dentes de cadáveres.Aos 19 anos era eleita Miss Pelotas representando o Laranjal Praia Clube. Em seguida, venceu 15 candidatas na disputa pela coroa de Miss Rio Grande do Sul 1961.

VERA MARIA BRAUNER, Vice-Miss Brasil 1961

          Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 17 de junho de 1961. Concurso Miss Brasil. Vera Maria Brauner era uma das favoritas. O resultado que apontou a mineira Stael Maria da Rocha Abelha como a nova Miss Brasil agradou em cheio as 25 mil pessoas presentes. Stael foi a mais aplaudida, seguida das Misses Guanabara, Rio Grande do Norte, Pará, Pernambuo, Rio Grande do Sul e Bahia. As finalistas, por ordem de classificação, foram:

Miss Minas Gerais, Stael Maria da Rocha Abelha,representante do Brasil no Miss Universo; 
Miss Rio Grande do Sul, Vera Maria Brauner de Menezes, representante do Brasil no Miss Beleza Internacional; 
Miss Guanabara, Alda Maria Coutinho, representante do Brasil no Miss Mundo; 
Miss Ceará, Elza Maria Lauriano dos Santos; 
Miss Bahia, Stella Maria Rocha Lima, 
Miss Pará, Filomena Maria Jorge Chaves, 
Miss Pernambuco, Maria Lúcia Santa Cruz;
Miss Rio Grande do Norte, Carmem Aurélia Rodrigues de Lima



Vera Maria é beleza escolástica, nascida em Pelotas, no Rio Grande do Sul, olhos azuis, cabelos castanhos. Ei-la em termos métricos: 1,70 de altura, 57 de peso, 56 de coxa, 21 de tornozelo, 94 de busto, 60 de cintura, 94 de quadris, e mais tudo aquilo que não pode ser medido, porque faz parte de sua irradiação pessoal. Cursa o 3° ano Normal. E gosta de missa aos domingos e de cinema em dias úteis. João Roger, o noivo, ficou mais nervoso que ela. Estava para arrebentar no Maracanãzinho. Apesar de ter desfilado uma única vez, quando debutou, foi grau 10 na passarela. Esteve garbosa como uma fragata, para repetir uma frase de Rachel de Queiroz. Foi espontânea, como se ninguém estivesse olhando os seus passos, nos 130 m de passarela. Revelou um detalhe de sua vivência no Maracanãzinho: sentia o queixo tremer no desfile. Trepidava tanto que não podia rir. Outras misses concordaram com Vera. Dia 14 de julho voará para Long Beach, onde seu tipo é sucesso total. O rosto, principalmente. (O CRUZEIRO, 1º/07/1961)

VERA MARIA BRAUNER, Vice-Miss Beleza Internacional 1961


          Para a imprensa americana, as favoritas ao título de Miss Beleza Internacional 1961 eram as representantes de Hong Kong, China, Madagascar, Panamá, Holanda, Itália, Luxemburgo e Israel. Mas a comissão julgadora decidiu assim:

Primeiro lugar, Miss Holanda, Constance (Stanny) van Baer; 
Segundo lugar, Miss Brasil, Vera Maria Brauner de Menezes;
Terceiro lugar, Miss Espanha, Maria Del Carmen Cervera Fernández, (quarta no Miss Europa e terceira colocada no Miss Mundo 1961); 
Quarto lugar, Miss Canadá, Edna Dianne MacVicar ; 
Quinto lugar, Miss Islândia, Sigrun Ragnarsdóttir.


          Para Vera, as mais belas eram as representantes da Islândia, Holanda, Espanha, Alemanha e Canadá, mas deixou claro que os jurados americanos primavam pela honestidade. Após a solenidade de coroação, alguns brasileiros que estavam presentes ao concurso resolveram promover uma festa. Pela legislação local, Vera era menor, ainda não tinha 21 anos de idade. Resultado: quando os relógios marcaram uma hora da madrugada, os americanos obrigaram-na a ir dormir.


          Quando estava em Los Angeles, Vera perdeu em um free-way duas peças do seu traje típico: o tabuleiro que usava como chapéu e os sapatos de baiana. Fiquei com uma enorme pena, porque ia guardar tudo como recordação dessa fase da minha vida.

VERA MARIA BRAUNER, Valeu a pena ser Miss

          Declarações de Vera Maria Brauner à MANCHETE, de 07/05/1966, ao ser indagada se vale a pena ser Miss:
Vale a pena, sim. São grandes as emoções, grande a expectativa, numerosas as alegrias.Comigo tudo aconteceu como num sonho maravilhoso, pois desde o começo ningúem acreditava nas minhas possibilidades. Eu própria achava que não tinha chance. Em Long Beach, depois de dias de grande incerteza, pois a imprensa da Califórinia não me incluía entre as finalistas, ganhei o segundo lugar. Foi uma grande vitória. Nessa noite, o meu noivo João Roger Damé, estava ao meu lado, orgulhoso de mim. Pouco depois, nos casamos, e hoje, quando pensamos nas peripécias do concurso, achamos que a nossa filhinha Danielle bem poderia, algum dia, ser também candidata a Miss Brasil.


Desabafo : Não compreendo porque motivo, ainda hoje, quando se fala em Miss Brasil daquele ano, mencionam o nome de Stael Abelha. Até mesmo no Maracanãzinho quando lêem a lista das que foram eleitas anteriormente, o nome de Stael vem em lugar do meu. Considero isto uma falta de consideração, não comigo, mas com o Rio Grande do Sul. Seria o mesmo que dizer que o Presidente da República, até 1965, foi Jânio Quadros, quando se sabe que Jânio também renunciou em 1961.

EPÍLOGO

          Stael Maria da Rocha Abelha, primeira colocada no Miss Brasil 1961, renunciou ao título após participar do Miss Universo, alegando que deixava o reinado por amor ao seu namorado, o político Múcio Ataíde. Stael Abelha não figurou entre as semifinalistas do Miss Universo, o mesmo acontecendo com Alda Maria Coutinho no Miss Mundo, cabendo a Vera Brauner a glória de ser a brasileira de maior destaque internacional em 1961.
          Após participar do Miss Beleza Internacional, Vera Maria Brauner conheceu Nova Iorque. Ao voltar ao Brasil, viveu emoções inesquecíveis: recebida com festas no Rio de Janeiro, desfile apoteótico em carro aberto por Pelotas e uma cerimônia em um programa de televisão, quando foi oficialmente coroada Miss Brasil 1961.
          Em junho de 1962, o Maracanãzinho em peso lhe aplaudiu ao desfilar pela última vez para coroar sua sucessora, a baiana Maria Olívia Rebouças Cavalcanti, e em janeiro de 1963 casou com João Roger Damé, seu grande amor.


Eis a resposta do seu noivo quando perguntaram em Long Beach como ele se sentia com uma namorada que era a segunda mulher mais bonita do mundo,uma resposta que fez o maior sucesso na imprensa internacional:

Eu já sabia que ela era bonita ! Eu sempre achei que ela era um amor!

          Com certeza, VERA MARIA BRAUNER, MISS BRASIL 1961, ainda hoje se emociona muito com essa linda declaração, palavras que expressavam valores mais importantes do que todas as propostas tentadoras recebidas de Hollywood.

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4 comentários:

Vera Lúcia disse...

Prezado Daslan, visito o Passarela Cultural toda semana e adoro a Sessão Nostalgia. É uma bela homenagem que você faz com as mulheres que marcaram época. Sobre a Vera Maria Brauner, concordo quando ela fala sobre considerarem Stael Abelha e não ela a Miss Brasil 1961. Acho que a Miss que renunciou ao título deixou de ser Miss. E isso aconteceu não só uma, mas quatro vezes e mesmo assim, quem são lembradas são as primeiras colocadas e não as substitutas. Acho isso uma injustiça.

Silveira/Pel disse...

Caro Daslan, teria muito a dizer a respeito de minha querida conterrânea e contemporânea, Vera. Se pudesse se comunicar comigo através de meu email, jrsacevedo@terra.com.br, teria enorme satisfação de prestar sobre ela um longo depoimento, já que este espaço seria exíguo para tanto.

FRANCISCO BORGES disse...

Caros Leitores!
Vou aproveitar e abusar um pouco da nostalgia!!
Essa bela moça, hoje com certeza muito mais bela senhora, povoa os meus sonhos desde a infância. Foi minha professora numa escolinha publica em Pelotas ( Dr. Ottoni Xavier) lá pelos idos de 1968. Desse momento crucial na minha vida pela perda de meu pai, lembro com carinho daquele anjo (Era linda como um anjo) que me aplacou a dor, com palavras doces, cuidado e muita atenção. Obrigado por tudo minha querida Professora Vera... É importante que as pessoas saibam que além de Miss detentora de uma beleza ímpar, acima de tudo você é um ser humano fantástico.
Saúde e Paz!
com carinho,
Francisco Borges Neto

Anônimo disse...

A Miss Vera era muito mais bonita do que a
outra que foi eleita Miss Brasil 61.Também concordo: quem renuncia, não deve mais ser citada como titular.Seja qual for a condição,seja presidente ou Miss.Ficar dizendo que é uma Miss Brasil, quem renunciou o título para casar e, o casamento
só se realizou no fim do ano de 1963,não é correto, continuar dizendo que foi a Miss Brasil 61.Se renunciou e, talvez não estivesse preparada para isso. Ou também, foi usada como um objeto, de um desejo duvidoso. Parece até que teve "politicagem" e "picaretagem" nisso