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quinta-feira, 23 de abril de 2009

SESSÃO NOSTALGIA - MARIA RAQUEL DE ANDRADE, VALE A PENA SER MISS

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Daslan Melo Lima

Era abril de 1966 e faltavam dois meses para Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara e Miss Brasil 1965, passar as faixas para as suas sucessoras, quando a revista MANCHETE(Ano 13, Nº 730, 16/04/1966) circulou nas bancas de todo o país com uma reportagem de André Kallás, Maria Raquel de Andrade – Vale a pena ser Miss?

Maria Raquel responde: Sim, vale a pena ser Miss Brasil, desde que recebi a faixa, no ano passado, as alegrias que tive e continuo tendo são muito mais numerosas do que as decepções. Não me arrependo de ter representado o Brasil em Miami. Pelo contrário, sinto um orgulho imenso, por mim, pelos meus pais, pelos meus amigos e pelo Botafogo. E.se isso fosse possível gostaria de recomeçar tudo de novo. Até mesmo o título de Miss Marte me deixaria feliz.

Maria Raquel foi descoberta pela jornalista Nina Chaves, que publicou sua foto no suplemento feminino do jornal O Globo. A foto era sensacional, e a moça de cabelos louros, agitados pelo vento, teve que ser explicada com a seguinte legenda: Ela existe, sim senhores! E mora no Rio.


Maria Raquel de Andrade, Miss Guanabara 1965, ladeada pelo pai João Luís e pela mãe que também se chamava Raquel.(Foto: MANCHETE, 03/07/1965)

Então, de repente, Maria Raquel ficou viciada em bailes de debutantes. Depois do seu verdadeiro Baile das Debutantes, realizado em Florianópolis, ela foi procurada pelo Barão de Siqueira Júnior, especializado em promover esse tipo de festa juvenil. O Barão lhe disse:
- Você é simplesmente um sonho! Eu quero que você participe do Baile das Debutantes que vou dar no Rio, no Clube Monte Líbano.
Maria Raquel topou. A festa foi linda. Mas o Barão, ainda não satisfeito, exigiu que ela participasse de outro baile, o mais solene dos três, no Copacabana Palace e tendo por madrinha a senhora Sarah Kubitschek. Hoje ela comenta com um sorriso:
- Se dependesse do Barão, eu iria continuar debutando até hoje...


Em 1964, no Maracanãzinho, ela viu pela primeira vez a eleição de Miss Brasil.
- Fiquei deslumbrada com aquele movimento, o entusiasmo do público e tudo o mais. Aplaudi freneticamente Ângela Vasconcelos, no momento em que foi coroada. Mas nunca poderia pensar que no ano seguinte tudo aquilo aconteceria comigo mesma.

Maria Raquel fez um curso de recepcionista na Socila e a professora Maria Fernanda incentivou-a a se inscrever no Miss Guanabara. A mãe não apoiou, mas o pai disse sim. A família torcia pelo Botafogo e quando um diretor do clube perguntou se ela gostaria de representar o clube da estrela solitária no Miss Guanabara, Mara Raquel não teve dúvida em aceitar.


Maria Raquel de Andrade, Miss Brasil 1965, em anúncio de propaganda dos produtos de beleza Helena Rubinstein. (Foto: MANCHETE,17/07/1965)

Havia uma onde tremenda contra mim. Algumas candidatas diziam que se eu ganhasse era marmelada, e que em represália não cantariam em minha homenagem, conforme estava no programa. Não cantaram mesmo, mas não liguei. O importante foi o momento em que a linda Vera Lúcia Couto me passou a faixa. Foi o momento mais emocionante da minha vida, muito mais emocionante do que quando fui coroada Miss Brasil.

Ninguém pode imaginar o que é um camarim durante a eleição de Miss Brasil. Ouvem-se fofocas de arrepiar os cabelos. Aquela correria para lá e para cá, a demora em começar o desfile, a expectativa, tudo mexe com os nervos da gente. No entanto, na hora de colocar os pés na passarela, senti-me estranhamente calma. Estava tão serena que cheguei a observar a posição das diferentes torcidas, percebendo que a turma do Botafogo estava do lado esquerdo. Comecei a andar de cabeça erguida, sorrindo até o fim, indiferente às vaias, que foram muitas, e aos também numerosos aplausos. Se ganhasse, seria ótimo. Se perdesse, azar meu. Era assim que eu pensava. Ganhei. A reação brutal de uma parte do público não me impressionou. O que me interessava era a opinião do júri. Mesmo porque, se o público brasileiro fosse chamado para julgar concursos de beleza, haveria até guerra civil. Logo que Ângela Vasconcelos me passou a coroa, meu primeiro pensamento foi para mamãe e papai. Estava feliz por vê-los felizes e recompensados pelos dias de angústia que viveram juntos comigo. O resto, as vaias, o despeito, as fofocas, que se danassem.

A favorita do público ao título de Miss Brasil 1965 era Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, que ficou apenas em quarto lugar, motivo das vaias às quais Maria Raquel se refere, as maiores vaias da historia do Maracanãzinho.


Maria Raquel de Andrade - (Foto: MANCHETE,16/04/1966)

- Nenhuma vaia do mundo – diz ela, recordando a sua dramática noite de glória no Maracanãzinho – nenhuma vaia do mundo – repete - cobriria o som daquela serenata que fizeram para mim em Manaus, às margens do Rio Amazonas. E qualquer crítica se apagaria ante o sermão pronunciado pelo Padre Gustavo, em Curitiba, durante a missa celebrada em minha homenagem, quando passei por lá. Foi um sermão quase que exclusivamente sobre o significado do título que eu acabava de conquistar, e eram palavras tão sábias e comoventes que chorei um bocado.

Maria Raquel Helena de Andrade ficou entre as quinze semifinalistas do concurso Miss Universo 1965 e achou justa a vitória da tailandesa Apasra Hongsakula.
Na condição de Miss Brasil, ganhou em moeda da época cinco milhões de cruzeiros em espécie, um automóvel zero quilometro da marca Gordini, vestidos, sapatos e jóias e viajou pelo país inteiro.
Depois, casou e se tornou uma das grandes damas da sociedade carioca, figura obrigatória nos grandes eventos, com o nome citado nas mais prestigiadas colunas sociais.
Exteriorizando muita alegria, ela marcou presença na noite da eleição da Miss Brasil 2004, no quadro que rendeu um tributo às Misses Brasil dos anos anteriores, dentro das comemorações dos 50 anos do concurso Miss Brasil.

Quais foram as canções cantadas naquela serenata em Manaus, às margens do Rio Amazonas?
Quais foram as palavras sábias e comoventes daquele sermão do Padre Gustavo em Curitiba?
Foram todas revestidas de um tom especial de espiritualidade que marcou para sempre o universo de Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara e Miss Brasil 1965, uma Miss que se orgulha do seu passado de rainha da beleza e que não se cansa de dizer que valeu a pena ser Miss.

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3 comentários:

grupo unido de roda fogo disse...

Meus parabéns amigo pelo seu trabalho no seu blog. Um abraço de: Manoel Limoeiro de Roda de Fogo nos Torrões-Recife-PE.

Anônimo disse...

A achava linda!!!!!!!!Lembro de tantas histórias a respeito do Miss GB e Brasil daquele ano...Também acho que o título ficaria bem com MG ou ES.Abraços, Japão

Raphael disse...

Posso estar enganado mas se não me engano, a Raquel é uruguaia naturalizada brasileira. E atualmente ela assina o sobrenome de casada, “Carvalho”.