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segunda-feira, 7 de março de 2016

DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - Jader de Andrade, um orgulho timbaubense

Jader de Andrade (1886-1931), jornalista, poeta, industrial, um ícone timbaubense.
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Jader de Andrade foi uma das mais impressionantes personagens políticas de Pernambuco entre 1900 e 1930. Fez carreira jornalística, política e empresarial em Timbaúba, onde fundou e editou um dos jornais mais longevos do interior do Brasil, A Serra, que circulou entre 1912 e 1930, além de ter se ligado fortemente à história do Diário de Pernambuco.
       Nasceu em Goiana, em 21 de abril de 1886, três anos antes da proclamação da república e já aos cinco anos foi morar em Timbaúba. Estudou no Ginásio Pernambucano e por volta dos 15 anos seguiu para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, curso interrompido por problemas de saúde, segundo notícias de jornais da época. De volta a Timbaúba, sempre esteve envolvido com a imprensa e a promoção de atividades culturais e literárias, enquanto debutava na política e na indústria. Entre 1910 e 1913, foi presidente do Clube Serradores, desenvolvendo atividades artísticas e literárias, eleito vereador, construiu uma tecelagem, o Cine Teatro Recreios Benjamin e fundou A Serra. Em 1914, começou a sua história com o Diário de Pernambuco.
         Em 1912, Pernambuco passou por momentos de muita agitação na eleição para governador, onde o general Dantas Barreto tentava derrubar o domínio que o conselheiro Rosa e Silva exercia sobre o estado desde a proclamação da república. Em Timbaúba, Jader de Andrade liderou o apoio regional ao partido de Dantas Barreto, conduzindo os meetings, organizando as passeatas e representando a região nas reuniões que ocorriam na capital. Rosa e Silva ganhou a eleição, muito apertada, mas Dantas Barreto não reconheceu os resultados, tomando o poder no estado em dezembro de 1911. 

                Um efeito colateral deu-se com o Diário de Pernambuco, cujo dono era até então, o conselheiro Rosa e Silva. O jornal foi empastelado e passou quase um ano sem circular, voltando a ser editado em 1914, sob novos donos, comprado que foi pelo coronel Carlos Benigno Pereira de Lira, de Timbaúba. Lira pôs o Diário sob a chefia de seu filho, Carlos Lira Filho e de Jader de Andrade, em um momento delicado para o restabelecimento da circulação e da normalidade da atividade do jornal. No Diário, escreveu editoriais e poemas, que eram ilustrados por Joaquim Cardoso, o futuro engenheiro calculista de Brasília, então em início de carreira. Sob a batuta de Jader e a colaboração de Cardoso, deu-se início à publicação de caricaturas políticas na imprensa pernambucana.
         Os negócios e a política levaram Jader de volta a Timbaúba. Foi eleito prefeito do município em 1919, deputado federal em 1922 e senador estadual em 1923 (até 1930, Pernambuco tinha duas casas legislativas, a exemplo do governo federal). Em 1926, Jader foi nomeado secretário de agricultura do governador Estácio de Albuquerque Coimbra, cargo que exerceu até a Revolução de 1930. A sequência de cargos políticos, entretanto, nunca o afastaram de sua principal paixão, o jornalismo. Esteve sempre à frente d’A Serra e nos dias difíceis que se seguiram à derrubada de Estácio Coimbra, sua história cruzou novamente com a do Diário de Pernambuco.
          O novo governo de Carlos de Lima Cavalcanti substituiu pela força dezenas de grupos políticos pelo interior de Pernambuco. Em Timbaúba, o governo local foi derrubado em cenas de bastante violência e Jader de Andrade foi obrigado a estabelecer-se em Recife. A redação d’A Serra, em circulação desde 1913, foi fechada e o jornal parou definitivamente de circular. 
            Em junho de 1931, Francisco de Assis Chateaubriand criou os Diários Associados e, reconhecendo as injustiças que se cometiam contra Jader de Andrade, prestou-lhe um reconhecimento pessoal, fazendo-o o primeiro presidente dos Diários em Pernambuco. Aos infortúnios políticos somou-se a perda dos pais, debilitando e agravando a sua saúde pessoal. Foi internado em agosto no hospital Português, convalesceu em fazenda de amigos em Floresta dos Leões (Carpina). Retornou ao Recife, onde ficou em casa de um parente e amigo na rua da Hora, mas não mais se recuperou, falecendo no dia 1º de outubro de 1931, aos 45 anos.

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Um comentário:

Jeová Barboza de Lira Cavalcanti disse...

A história de Jader de Andrade é cheia de nuances e dela tenho conhecimento de pouca coisa que a repasso agora: "
JADER DE ANDRADE nasceu na cidade de Goiana (PE), aos 21 de abril de 1886, muito jovem, ainda criança, com apenas cinco anos, com a mudança de seus pais, aporta em Timbaúba, terra que adotou como sua como se nela houvesse nascido. Foi político, empresário, jornalista e poeta; fundou empresas industrial e comercial, jornais e revistas, prédio para instalação da Escola Santa Maria, inaugurou a Usina Elétrica desta cidade, foi um dos sócios fundadores da Usina Cruangi, mas sua grande obra, a maior de todas, foi o “Cine Recreios Benjamim”, santuário da arte e da cultura em nossa terra. Foi nesta casa que Jader de Andrade demonstrou todo o seu talento artístico: como produtor, ator e diretor teatral. Como poeta, tem vários trabalhos e no livro “Musas e Troças” ele brinda-nos com esta relíquia:

“Parece troça, parece,// Mas eu digo, francamente//
Que a gente nunca esquece// De quem se esquece da gente!”

Derrotado politicamente na Revolução de 1930, Jader de Andrade retirou-se de Timbaúba e foi residir em Recife, onde veio a falecer em 01 de outubro de 1931, com apenas 45 anos de idade".
EM TEMPO: Ainda sobre o Recreios Benjamim, temos que lamentar que ao completar 100 anos esteja em pandarecos, justificando plenamente a alcunha "CACARECO......." QUE PENA! Timbaúba não merecia um descaso cultural com estes...
Jeová Barboza de Lira Cavalcanti