Daslan Melo Lima
A voz pausada e as respostas dadas precedidas de um silêncio sábio caracterizam uma personalidade ícone da educação em Timbaúba, Pedrinho Matias de Oliveira, 91 anos de idade, timbaubense, professor aposentado, nascido no dia 03/07/ 1923.
Sua vida foi motivo de inspiração para que a garota Larissa Cassia da Silva, 13 anos, aluna da Escola Alaíde Muniz Dias, sob a orientação da professora Luciânia Andrade, produzisse “Recordações do meu passado”, obtendo o primeiro lugar na etapa municipal da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Foi numa tarde ensolarada, em Limoeirinho, zona rural, que ele revelou um pouco mais de si.
Pedrinho Matias ladeado por Larissa Costa e Luciânia Andrade
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"Aqui brilha a esrela que fundou a educação em Limoeirinho", diz o poster afixado na Escola Municipal São Sebastião.
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Cantores: Vicente Celestino e Maria Parísio.
Uma música: Adoro as clássicas e valsas, tais como Sobre as Ondas e Danúbio Azul. Gosto de Mozart, mas também aprecio muito Maria Bonita, uma música que Augustin Lara dedicou a Maria Félix.
Uma mulher bonita: Estelita Queiroz, filha de um antigo agente dos Correios.
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Pedrinho Matias ao lado da foto de Milton Luiz Martins
Um homem bonito: Milton Luiz Martins, ator que participou do filme “O Petróleo é nosso”. Trocamos correspondências durante anos e tenho uma foto autografada por ele.
O segredo de uma vida longa e saudável: Sou católico, tomei muito leite de cabra, nunca bebi e nunca fumei.
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Uma saudade: Maria de Oliveira, minha mãe, que morreu quando eu tinha apenas seis anos de idade. Guardo uma bolsa e um sapato que foram usados por ela. Quando olho para a bolsa e o sapato sinto aquele vazio e chegam as lembranças, as recordações. Enrolado em meus pensamentos as lágrimas traçam caminhos tristes em minha face.
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Devido à visão deficiente, Pedrinho Matias precisa de apoio para se locomover. Na foto, em frente da capela de São Sebastião, em Limoeirinho.
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No quintal de sua casa, em Limoeirinho, um belo coqueiro é testemunha do carinho de Pedrinho Matias para com a terra que lhe viu nascer.
Aos 91 anos de idade, não guarda mágoa, não tem motivo de arrependimento e entende que viver é uma experiência excelente, desde que se saiba aproveitar bem a vida. “Morrer nada mais é do que ter cumprido uma missão, mas a alma , essa sim, não morre nunca”, confessa com um sorriso de quem vive de bem com a vida que Deus lhe deu.
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Era uma vez um garoto, filho único, inteligente, simpático e esforçado que construiu muitos amigos; que casou com Renata Cavalcanti, a namorada que sonhou; que se tornou pai; que concluiu um curso superior; que conseguiu um emprego no Bradesco e que queria mais, muito mais... Foi aprovado no concurso da Polícia Militar de Pernambuco, mas quando se submetia na quinta-feira aos testes seletivos de atividade física, o coração, inexplicavelmente, resolveu deixar de bater.
Quem me dera que o final indesejado desse conto fosse ficção. Timbaúba chora a morte de Wanderson Marcolino Cavalcanti, 27 anos de idade, enquanto as nuvens cinzas também choram.
Perdoe-me, Senhor do Universo, mas acho que ninguém deveria morrer nesta época do ano. Ainda bem que escuto anjos invisíveis gritando em silêncio que a morte não existe, semeando a magia do encanto, amenizando o amargo do desencanto.
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- Daslan Melo Lima.
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TÚNEL DO TEMPO – Naquele 1966, as gírias do movimento musical Jovem Guarda estavam na moda e uma delas dizia assim: “é uma brasa, mora!” Entre as músicas que mais tocavam nas rádios, destaques para Que vá tudo pro inferno (Roberto Carlos), Capri c’est fini (Hervé Vilard), Te Esperarei (Wanderley Cardoso), Aline (Cristophe) e Feche os Olhos (Renato e seus blue caps). Naquele 1966, as alunas da professora Nilza Simões, na Escola Santa Maria, nem se davam conta que um dia acessariam PASSARELA CULTURAL, enquanto a saudade e o vento cantariam Olê, Olá, de Chico Buarque de Holanda, outro sucesso musical daquele ano. “Não chore ainda não, que eu tenho um violão / e nós vamos cantar. / Felicidade aqui pode passar e ouvir / e se ela for de samba há de querer ficar.../ Não chore ainda não, que eu tenho uma razão / pra você não chorar. / Amiga me perdoa se eu insisto à toa, / mas a vida é boa para quem cantar ”.
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Maria Laura Mouzinho,
a primeira doutora em Matemática do Brasil
Maria Laura Mouzinho nasceu em Timbaúba, em 18/01/1917, e morreu no Rio de Janeiro, em 20/06/ 2013, aos 94 anos. Filha de Laura Moura Mouzinho, formada no Curso Normal, e de um comerciante, Oscar Mouzinho que, tendo apenas formação primária, foi um autoditada, adquirindo grande cultura. Seus pais investiram na educação, cultura e formação dos filhos e Maria Laura, em 1927, iniciou sua vida escolar, no antigo primário, no Grupo Escolar João Barbalho, em Recife, tendo concluído em 1931.
Em 1932 ingressou na Escola Normal de Pernambuco, tendo ali permanecido até 1934, onde foi aluna do professor Luiz de Barros Freire, que segundo ela foi o responsável pela sua vocação em Matemática. Em 1935, a família Mouzinho chega à cidade do Rio de Janeiro. No ano de 1936, concluiu seu curso ginasial como aluna do Colégio Sion, em Petrópolis (RJ). Afinando-se cada vez mais com a Matemática, em 1937 matricula-se no Curso Pré - Vestibular ministrado pelo professor Luiz Caetano de Oliveira. Em 1939, é considerada apta para fazer parte do corpo discente do Curso de Matemática da Universidade do Distrito Federal (UDF), pelo Decano da Escola de Ciências, o professor Luiz de Barros Freire. No ano de 1941, Maria Laura se formou ‘Bacharel em Matemática’, e em seguida, no ano de 1942, conclui a “Licenciatura em Matemática”. Engendrando nos seis anos seguintes em seu trabalho de “LIVRE DOCÊNCIA” intitulado “ESPAÇOS PROJETIVOS - RETICULADO DE SEUS SUB – ESPAÇOS”, orientado pelo matemático português Professor António Aniceto Ribeiro Monteiro, que em 24 de setembro de 1949 lhe rendeu o titulo de PRIMEIRA DOUTORA EM CIÊNCIA - MATEMÁTICA no Brasil.
Neste mesmo ano viaja para os Estados Unidos, trabalhando por um ano no Departament of Mathematics da The University of Chicago. No ano de 1951, participou da criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 1956, casa-se com o renomado físico e professor José Leite Lopes. No ano de 1961, foi nomeada professora da Educação Técnico Profissional do Estado da Guanabara. No ano de 1967, Maria Laura assume o cargo de Chefe de Departamento de Matemática da FNFi, até o mesmo se tornar Instituto de Matemática da UFRJ. No ano de 1969, com o professor Leite Lopes, é exilada, banida do país pelo Atos Institucional nº 5 (A.I.5). Partindo primeiro para Pittsburgh, EUA, e em seguida para Estrasburgo, na França, onde começa a desenvolver pesquisa na área de Educação Matemática no Institute de Recherche en Enseignement de Mathematiques. Em 1974, Maria Laura volta para o Brasil com toda a experiência adquirida do IREM e vai exercer o cargo de coordenadora de Matemática na Escola Israelita Brasileira Eliezer Eistenbarg, bem como, participar na orientação do ensino da Matemática no Centro Educacional de Niterói.
Após 65 anos de vida acadêmica na UFRJ a professora Maria Laura é agraciada, em 1º de julho de 1996, com o título de “Professora Emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro” e no ano de 2001 é condecorada com o título de “Professora Honorária da SBEM”.
Neste mesmo ano viaja para os Estados Unidos, trabalhando por um ano no Departament of Mathematics da The University of Chicago. No ano de 1951, participou da criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 1956, casa-se com o renomado físico e professor José Leite Lopes. No ano de 1961, foi nomeada professora da Educação Técnico Profissional do Estado da Guanabara. No ano de 1967, Maria Laura assume o cargo de Chefe de Departamento de Matemática da FNFi, até o mesmo se tornar Instituto de Matemática da UFRJ. No ano de 1969, com o professor Leite Lopes, é exilada, banida do país pelo Atos Institucional nº 5 (A.I.5). Partindo primeiro para Pittsburgh, EUA, e em seguida para Estrasburgo, na França, onde começa a desenvolver pesquisa na área de Educação Matemática no Institute de Recherche en Enseignement de Mathematiques. Em 1974, Maria Laura volta para o Brasil com toda a experiência adquirida do IREM e vai exercer o cargo de coordenadora de Matemática na Escola Israelita Brasileira Eliezer Eistenbarg, bem como, participar na orientação do ensino da Matemática no Centro Educacional de Niterói.
Após 65 anos de vida acadêmica na UFRJ a professora Maria Laura é agraciada, em 1º de julho de 1996, com o título de “Professora Emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro” e no ano de 2001 é condecorada com o título de “Professora Honorária da SBEM”.
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Saiba mais sobre Maria Laura Mouzinho Leite Lopes clicando no link a seguir, de onde foi transcrito o resumo de sua biografia, http://www.cnpq.br/web/guest/pioneiras-view/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/1143932
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5 comentários:
Que trajetória maravilhosa dessa pernambucana de Timbaúba. Valeu Daslan, essa publicação!
Caro Daslan Melo Lima, as matérias com o Professor Pedrinho Matias e a nossa Doutora em Matemática Maria Laura Mouzinho são importantíssimas para a memória timbaubense! Parabéns!!!
Fiquei lendo as outras reportagens... Lamentei a morte do rapaz que faleceu ao fazer exame físico! A vida é um mistério!! No mesmo espaço, a longevidade do Professor Matias e prematuridade da morte de um jovem!!! E, de repente, não mais que de repente, a foto de minha primeira turma de uma longa docência, que recorda, de forma saborosa, as músicas que tocavam em nossos rádios e tocaram minha vida há 48 anos!
Muito obrigada, amigo!!!
Nilza Simões de Albuquerque
----via Facebook
Sr. Pedrinho tem uma história linda sobre Limoeirinho. Já incentivei o resgate, mas até agora não saiu. Infelizmente não disponho de tempo, contudo, gostaria muito de ver publicada essa história. Quem sabe um livro, um memorial.... sei lá, de alguma forma seria interessante este resgate antes que ele esqueça, uma vez que já está avançada a idade.
Ele fala do grande comércio existente em torno da estação, conta em detalhes. Da importância desta para a região. Dos coronéis e fazendeiros que circulavam esbanjando riqueza, luxo e ostentação. Enfim, do seu apogeu!! Vale a pena conferir.
Anelúcia Correia
(Comentário postado no Facebook)
A Anelúcia tem razão. É tempo de se efetuar o seu resgate. Meu tio Antônio Barboza de Lira, foi Chefe da Estação de Rosa e Silva nesses tempos áureos: conheceu essa época de apogeu e foi muito amigo do pai de Pedrinho Matias, o Sr. Pedro Matias.
Ele (meu tio), que conheceu Pedrino menino e rapaz, contou-me algumas histórias daquela época, as quais corroboram o que a professora fala no seu relato. A riqueza daquela área era destaque na Região.
Que bom seria que se pudesse realmente resgatar essas memórias antes que seja tarde!
Jeová Barboza de Lira Ccavalcante
MARIA LAURA MOUZINHO LEITE LOPES, uma das primeiras doutoras em matemática do Brasil, defendeu tese em 25/09/1949, portanto, fazendo 65 anos, é um raro exemplar de pessoa, de matemática e educadora.
Anexo consta rascunho de poucas reflexões e abordagens de alguns temas em matemática que tão magistral personalidade suscita.
Solicito, se possível, vossa ajuda na disseminação, agradeço por crítica, sugestão ou contribuição outra e desde de já peço desculpas se houve algum incômodo.
Em nome de todos nós da UFPA desejamos Próspero Ano Novo
- Prof. João Batista do Nascimento - UFPA/ICEN/Matemática
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http://lattes.cnpq.br/5423496151598527
jbn@ufpa.br, joaobatistanascimento@yahoo.com.br
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SE QUISER CONHECER UM POUCO MAIS DESSE TRABALHO DE DIVULGAÇÃO ACESSE:
NOVO OLHAR SOBRE A MATEMÁTICA, Jornal Beira do Rio, UFPA, Abril 2011,
www.jornalbeiradorio.ufpa.br/novo/index.php/2011/124-edicao-93--abril/1189-novo-olhar-sobre-a-matematica
MÁRIO SERRA - ENGENHEIRO, MATEMÁTICO E AMAZÔNIDA, Jornal Beira do Rio, UFPA, Ano XXVIII Nº 120. Agosto e Setembro de 2014,
http://www.jornalbeiradorio.ufpa.br/novo/index.php/2014/152-2014-08-01-17-25-17/1618-2014-08-04-14-34-28
ALGUMAS MULHERES DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E QUESTÃO DE GÊNERO EM C & T.
http://opirata2.blogspot.com.br/2012/05/livro-algumas-mulheres-da-historia-da.html
http://sitiodascorujas.blogspot.com.br/2013/06/mulheres-na-matematica.html
CONSTANTINO MENEZES DE BARROS I - MATEMÁTICO QUE LIGA O PARÁ/BR AOS MAIORES CENTROS DO MUNDO E COMPARÁVEL AOS GRANDES ÍCONES DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA (II a V não publicados, disponível por e-mail), (Óbidos-Pa, 19/08/1931, Rio de Janeiro-RJ, 06/03/1983), Ex-Docente UFF e UFRJ,
www.chupaosso.com.br/index.php/obidos/educacao/2149-vida-e-obra-de-constantino-menezes-de-barros
JOAQUIM GOMES DE SOUZA, "O SOUZINHA" (1829-1864) E MARÍLIA CHAVES PEIXOTO (1921 - 1961): OS PAIS DA MEDALHA FIELDS BRASILEIRA (não publicado, disponível por e-mail)
PROFESSORA SANTANA: Candidata a Melhor Docente do Ensino Básico Paraense, Blog Chupa Osso, 23 Junho 2013, www.chupaosso.com.br/index.php/obidos/educacao/2453-proessora-santana-candidata-a-melhor-docente-do-ensino-basico-paraense
SABER MATEMÁTICO E CULTURA INDÍGENA, blogue da AICL, 20 de Setembro de 2011,
http://coloquioslusofonia.blogspot.com.br/2011/09/saber-matematico-e-cultura-indigena.html
PAIRÉ CAMETAENSE: UMA BELA OBRA EM MATEMÁTICA E ENGENHARIA (não publicado, disponível por e-mail
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E PATRIMÔNIO CULTURAL EM MATEMÁTICA (não publicado, disponível por e-mail)
NOTAS DE CÁLCULO I, SEGUNDO PRECEITOS DA FILOSOFIA ZENONISTA,
www.sobralmatematica.org/editora/notas_calculo_JBNascimento.pdf
GOLPE DE 64 & UNIVERSIDADE PÚBLICA & MATEMÁTICA,
http://livrandante.blogspot.com.br/2014/04/joao-batista-do-nascimento-educacao.html
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