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SEJA BEM-VINDO ! SEJA BEM-VINDA! VOCÊ ESTÁ NO BLOG PASSARELA CULTURAL, cujas postagens, na maioria das vezes, são postadas aos sábados e domingos. Nossa trajetória começou em 02/07/2004, com o nome de Timbaconexão, como coluna sociocultural do extinto site de entretenimento Timbafest. Em 12/10/2007, Timbaconexão migrou para blog com o nome de PASSARELA CULTURAL, quando teve início a contagem de visitas. ***** Editor: DASLAN MELO LIMA - Timbaúba, Pernambuco, Brasil. ***** Contatos : (81) 9-9612.0904 (Tim / WhatsApp). E-mail: daslanlima@gmail.com

sexta-feira, 15 de abril de 2011

DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO



ADÉLIA, 0S 100 ANOS DE UMA DAMA 



               Tranqüila, lúcida, bem cuidada, educada... Assim é a matriarca Adélia Leitão de Souza, cem anos de idade. Adélia, nome que significa “de origem nobre”, nasceu no Engenho Cana Brava, em São Vicente Ferrer-PE, na época distrito de Timbaúba, no dia 16/04/1911, filha primogênita de Ignes e Ivo Vieira de Mello Leitão. Foi educada no tradicional educandário recifense Colégio Damas da Instrução Cristã, onde foi aluna exemplar e desenvolveu suas aptidões para a poesia, o piano, a pintura e o idioma francês. Foi casada com João Gonçalves de Souza, uma união harmoniosa que durou meio século e que lhe deu quatro filhos (Ivanise, Ivan, Inalda e Ismar), treze netos, quinze bisnetos e três trinetas (com uma a caminho). Radicada há muitos anos em Timbaúba, Adélia Leitão de Souza goza de boa saúde; dorme bem; alimenta-se bem (come de tudo, moderadamente); não toma remédio algum, a não ser um comprimido de complexo vitamínico por dia. A única queixa é a de não poder andar, desde que levou uma queda e machucou a perna direita. Isso faz um ano. Chegou a fazer várias sessões de fisioterapia, mas preferiu abandonar o tratamento.
 
Quatro membros de uma família numerosa que tem orgulho de sua matriarca. O neto Fábio de Albuquerque Regis, a  esposa Dannieli d'Almeida Lins Regis e os filhos Maria Eduarda e Pedro Henrique.
            Com sua voz mansa e firme, D. Adélia abriu sua alma para PASSARELA CULTURAL. Vamos conferir.
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Um motivo de orgulho: Ter chegado com saúde aos 100 anos /// Religião: Católica Apostólica Romana /// Uma canção inesquecível: Emoções, de Roberto Carlos /// Um cantor e uma cantora: Roberto Carlos e Dalva de Oliveira /// Um programa de TV: Todos da Canção Nova /// Uma cor: Verde-claro  /// Um filme: ... E O Vento Levou ///  Um livro: "Menino de Engenho", de José Lins do Rego /// Uma cidade: Recife /// Um motivo de alegria: O nascimento de Vânia Regis, minha primeira neta /// Um prato: Feijoada /// Uma bebida: Guaraná /// Viver é... Conviver em harmonia com as pessoas que nos cercam /// Morrer é...  Passar para uma vida melhor ///

Adélia aos 15 anos - Álbum da Família
Um motivo de saudade: Tenho muitas saudades. Saudades das viagens de charrete e carro de boi de São Vicente Ferrer para Macaparana;  do   tempo de internato no Colégio das Damas da Instrução Crista; dos banhos de mar em Itamaracá; da Madre Loyolla; das minhas amigas Antonieta Cavalcante e Emília Xavier /// Frevo ou Samba? Eu adorava carnaval e qualquer coisa que batesse eu estava dançando /// Um político: Moura Cavalcanti /// Uma mulher bonita: A baiana Martha Rocha, Miss Brasil, vice-Miss Universo 1954 /// Um motivo de arrependimento: Não posso revelar a ninguém, só a Deus /// Uma tristeza: A lembrança da morte dos meus pais /// A melhor invenção do homem:  O telefone //// A pior invenção do homem: As armas /// Acredita em vidas passadas? Não, mas pode ser que acredite um dia /// O que mudou nestes 100 anos? O mundo é o mesmo. O povo é que mudou e está cheio de maldade. Eu me preocupo com o futuro dos meus descendentes.

Adélia tem uma agenda onde quase todos os dias, com sua letra bonita, escreve inspirados textos. Acima, ela iniciou a página escrevendo a seguinte frase: "Até o fim de nossa existência podemos aprender bastante."
Adélia Leitão de Souza chegou aos 100 anos de idade com o coração transbordando de Amor. Traz no rosto sereno um sorriso doce e a consciência de que a Vida é um dom de  DEUS.


Na tarde do sábado, 16, um grupo de descendentes de Adélia Leitão de Souza reuniu-se na casa do casal Fábio-Dannieli para um almoço seguido do corte do bolo e do tradicional parabéns pra você. Apesar do calor, não foi servido cerveja e nenhum tipo de bebida alcóolica, uma recomendação da aniversariante que foi cumprida e aceita por todos.


Alguns membros da família não poderam comparecer por motivo de força maior, a exemplo de Sônia Regis, foto acima, que está passando uma longa temporada nos Estados Unidos, mas que enviou para a avó amada a sequinte mensagem:
 "Vovozinha querida, eu estou longe, mas meu coração está aí com você.  Eu lhe amo muito e oro por você todos o dias, pedindo a Deus para  lhe cobrir de bênçãos. Um grande abraço da neta querida que lhe ama muito. Sonia Regis."

 
Adélia e a trineta Ana Luiza, o inverno e a aurora de uma família timbaubense. 



Adélia e a neta Vânia Regis. 

Com sua voz firme, mas ao mesmo tempo lenta e suave, Adélia leu o discurso que escreveu com sua letra bonita numa folha de caderno:
"Senhor! Como é grande o teu amor por mim! Nasci do amor, vivo amando e recebo de Te só amor. Obrigada Senhor... O tempo ainda nada conta aos meus olhos; mas hoje, que estou completando os meus 100 anos de vida junto com a minha família, e os meus amigos, sinto uma vontade imensa e alegria, e só desejo mesmo é agradecer a todos vocês. ... Muito Obrigda..."

Uma chuva de rosas vermelhas marcou o momento do início do parabéns pra você. Antes, no entanto, a emoção tomou conta do ambiente quando todos cantaram a  música "Como é Grande o Meu amor por Você", de Roberto Carlos, o cantor preferido de Adélia Leitão de Souza. Nada mais significativo para louvar uma pessoa querida e iluminada que chegou aos 100 anos de idade. ***** Eu tenho tanto pra lhe falar / Mas com palavras não sei dizer / Como é grande o meu amor por você. /// E  não há nada pra comparar / Para poder lhe explicar / Como é  grande o meu amor por você. /// Nem mesmo o céu, nem as estrelas / Nem mesmo o mar e o infinito / Não é maior que o meu amor, nem mais bonito. /// Me desespero a procurar / Alguma forma de lhe falar / Como é grande o meu amor por você. /// Nunca se esqueça, nem um segundo / Que eu tenho o amor maior do mundo / Como é grande o meu amor por você.


   
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SESSÃO NOSTALGIA – MAIO DE 1985, AQUELE ALMOÇO COM 12 MISSES BRASIL

Daslan Melo Lima

PRÓLOGO
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               No dia 04 de maio de 1985, o publicitário goiano Waldir Viana organizou um encontro na casa de Adalgisa Colombo (Miss Distrito Federal, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1958), no bairro do Joá, Rio de Janeiro, que contou com a presença de 13 misses (doze Misses Brasil e uma Miss São Paulo), incluindo a anfitriã. Por ordem alfabética, as misses que almoçaram na casa de Adalgisa Colombo foram: Ana Cristina Ridzi (Miss Guanabara e Miss Brasil 1966); Carmem Sílvia (Miss São Paulo e Miss Brasil 1967); Gina Macpherson (Miss Guanabara e Miss Brasil 1960); Jussara Marques (Miss Goiás e Miss Brasil 1949); Lúcia Tavares Peterlle (Miss Guanabara, vice-Miss Brasil e Miss Mundo 1971); Márcia Brandão (Miss São Paulo 1975); Martha Rocha (Miss Bahia, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1954); Martha Vasconcellos (Miss Bahia, Miss Brasil e Miss Universo 1968); Rejane Goulart (Rejane Vieira, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1972); Sandra Guimarães (Miss São Paulo e Miss Brasil 1974); Vânia Pinto (Miss Distrito Federal e Miss Brasil 1939) e Yolanda Pereira (Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo 1930). O evento foi notícia em todas as emissoras de televisão e mereceu reportagens nas mais importantes publicações da imprensa nacional, tais como as revistas Veja , Manchete e  Jornal do Brasil

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ALMOÇO REÚNE 12 MISSES BRASIL PELA PRIMEIRA VEZ SEM AS MÃES  (Jornal do Brasil, 05/05/1985)
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Nas fotos menores, Yolanda Pereira, Jussara Marques, Martha Rocha e Gina Macpherson, no  tempo em que foram eleitas misses. Na foto maior, da esquerda para a direita, Yolanda, Jussara, Martha Rocha e Gina, naquele maio de 1985.
A reportagem do Jornal do Brasil mencionou a presença no almoço do fotógrafo Antonio Rudge,  Maria Augusta Nielsen... Abordou os problemas de saúde de Yolanda Pereira e Vânia Pinto... etc.

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 BELEZAS ANTIGAS  -  (Revista Veja, 15/05/1985)
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A revista Veja iniciou a reportagem afirmando “Celebrou-se no último dia 4, no Rio de Janeiro, um ato de nostalgia, talvez o último do gênero...” Finalizou mencionando uma declaração de Adriana Alves de Oliveira (Miss Rio de Janeiro, Miss Brasil, terceira colocada no Miss Universo 1981): “Essas mulheres foram fenômenos”, referindo-se às Misses que estiveram no almoço na casa de Adalgisa Colombo. A Veja referiu-se à Martha Vasconcellos como "a mais deslumbrante das senhoras reunidas por Adalgisa." Na foto maior, sentada no chão, Maria Augusta Nielsen. Na última fila, Waldir Viana entre Jussara Marques e Carmem Sílvia.

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O REENCONTRO DAS BELEZAS ETERNAS -  (Manchete, 18/05/1985)
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A histórica reunião na casa de Adalgisa Colombo. Sentadas: Yolanda Pereira, Sandra Guimarães e Vânia Pinto. Na segunda fila: Rejane Goulart, Gina Macpherson, Lúcia Peterlle, Ana Cristina Ridizi , Martha Vasconcellos e Martha Rocha. Na terceira fila: Márcia Brandão, Jussara Marques, Carmem Sílvia e Adalgisa Colombo.
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EPÍLOGO 
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               O encontro foi mesmo de confraternização. Todas muito bem vestidas, maquiladas e lindas mostravam que não se esqueceram do reflexo condicionado dos tempos de misses. Ao clic das máquinas fotográficas lá estavam elas, empinadinhas, sorrisos  largos e poses de rainha. Maria Augusta, que ensinara às meninas marcha e postura, olhava com satisfação, como quem dissesse: “Não esqueceram meus ensinamentos.” (Manchete, 18/05/1985)
              Depois daquele almoço de 1985, três Misses partiram para outra dimensão: Yolanda Pereira, Vânia Pinto e Jussara Marques, assim como o publicitário Waldir  Viana.  Naqueles 1985, o concurso Miss Brasil vivia uma fase atípica da sua história. Desde 1981, quando  os Diários e Emissoras Associados tinham deixado de coordenar o certame, o Miss Brasil estava nas mãos do comunicador Sílvio Santos.
              “Representar um país através da beleza é tão importante quanto através da política ou do futebol. Tem que ter uma boa estrutura.” Declarou durante o encontro Lúcia Tavares Peterlle. Concordo plenamente.
               Vou encerrar esta crônica plagiando a expressão de Adriana Alves de Oliveira, ao se referir às Misses presentes naquele almoço de maio de 1985: “Aquelas Mulheres foram fenômenos”.
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sábado, 9 de abril de 2011

DE ALAGOAS PARA O MUNDO


CARLOS EUGÊNIO DE ALBUQUERQUE LYRA,  UM ALAGOANO EM TIMBAÚBA

Daslan Melo Lima
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               Carlos Eugênio de Albuquerque Lyra nasceu na cidade de União dos Palmares-AL  e tem fortes raízes na vizinha São José da Laje, também em Alagoas, onde viveu parte da infância e onde nasceram seus pais Eugênio Fabrício  Lyra e Josenilda Albuquerque.  Seu avô paterno, o poeta João Pinheiro de Andrade Lyra  (1912-1955)  nasceu em Timbaúba-PE, mas foi em São José da Laje que passou a maior parte de sua vida, e onde repousam seus restos mortais. 
O casal alagoano Carlos Eugênio e Maria Hermínia, Ana Alice Rosendo (primeira dama timbaubense) e Marinaldo Rosendo de Albuquerque (prefeito de Timbaúba), no lançamento da revista comemorativa dos 132 anos da "Princesa Serrana".
Carlos Eugênio e Hermínia posam ao lado do monumento ao jornalista Jader de Andrade, o maior ícone cultural timbaubense de todos os tempos.
                 Há uma relação mística e mágica entre São José da Laje, a "Princesa das Fronteiras", minha terra natal, e Timbaúba, a "Princesa Serrana", minha terra adotiva. Resgatar para Timbaúba a história de João Pinheiro de Andrade Lyra tem sido uma das missões de PASSARELA CULTURAL. E não poderia ser diferente, pois João Pinheiro é um ícone cultural em São José da Laje, cidade beneficiada pelo Coronel Carlos Lyra, também timbaubense, criador da Usina Serra Grande, avô do poeta João Pinheiro.
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Carlos Eugênio posa ao lado da esposa na frente da casa que pertenceu ao seu tio Hugo de Andrade (1885-1958), irmão de Jader de Andrade.
                Na última sexta-feira, 08 de abril, Timbaúba completou 132 anos de emancipação política. Tive a satisfação de colaborar com a edição de uma revista comemorativa, editada por DJ Publicidade, onde focalizei a vida e a obra de João Pinheiro de Andrade Lyra. Comuniquei o fato aos seus filhos, meus conterrâneos-contemporâneos, e aos seus netos. Um deles, o Carlos Eugênio, que há 10 anos mora em Sirinhaém-PE,  esteve presente nas solenidades do aniversário de Timbaúba e do lançamento da revista.  Acompanhado de sua esposa Maria Hermínia Fonseca Lyra, alagoana de Ibateguara, Carlos Eugênio fez parte do palanque das autoridades, ocasião onde o mestre-de-cerimônias  registrou sua presença, citando-o como neto de João Pinheiro e sobrinho-bisneto do jornalista Jáder de Andrade, o maior ícone cultural de Timbaúba. Após, a cerimônia,  o casal participou de uma sessão de fotos  ao lado de Marinaldo Rosendo de Albuquerque, prefeito de Timbaúba, e de Ana Alice Rosendo, primeira  dama. Depois do almoço no Restaurante Ikiban, Carlos e Hermínia fizeram um city-tour que incluiu a estátua de Jader de Andrade, a casa de Hugo de Andrade (palacete hoje pertencente ao Dr. Luismar Melo) e ao Cine Teatro Recreyos Benjamin.
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O Cine-Teatro Recreyos Benjamin, fundado por Jader de Andrade (1886-1931), não poderia jamais faltar no roteiro de Carlos Eugênio. Que esta imagem sensibilize o governador de Pernambuco Eduardo Campos para dar início às obras de restauração desse patrimônio cultural timbaubense.
            Carlos Eugênio prometeu retornar à Timbaúba em outra ocasião, a fim de visitar o Alto da Independência e de lá apreciar a bela vista da  amada terra natal do grande poeta João Pinheiro de Andrade Lyra. A "Princesa Serrana" e PASSARELA CULTURAL estarão de braços abertos para recebê-lo.
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SESSÃO NOSTALGIA - “VÁ LÁ EM CIMA E TRAGA A MANCHETE DE IEDA MARIA VARGAS”, UMA SENHA PARA O PARAÍSO

Daslan Melo Lima
 
 
                 - “Vá lá em cima e traga a Manchete de Ieda Maria Vargas.” Era quase meio-dia de uma cinzenta manhã dominical de agosto de 1963, em São José da Laje, a cidadezinha alagoana onde nasci. 
      Eu era ainda um menino, mas já trabalhava aos domingos, dia de feira livre, na Loja São José, a grande casa comercial de José Francisco da Silva, conhecido como Galego, esposo de Maria da Soledade Lima e Silva, a Tia Dade, irmã da minha mãe. Eu atendia no balcão, onde vendia coisas diversas, inclusive vidros de perfumes e de brilhantina. Abria os vidros, passava um pouco da essência em meus braços ou nos dos matutos e matutas, aspirava o cheiro e dizia com um sorriso que o produto era ótimo. Também subia e descia uma escada várias vezes, a fim de apanhar nas prateleiras mais altas as caixas de chapéus que as vendedoras ofereciam aos clientes. Por conta da escada e dos aromas, no final da tarde eu estava extenuado, com dores nas pernas e dor de cabeça. Como pagamento, recebia três por cento de comissão sobre as vendas efetuadas. O que ganhava, repassava para minha mãe comprar alimentos. O nome da moeda brasileira e o seu valor aquisitivo mudaram tanto ao longo do tempo que não tenho idéia alguma de quanto seria hoje o que eu recebia, mas era pouco. O preço de um exemplar das revistas Manchete e O Cruzeiro era muito caro, Cr$ 100,00 (cem cruzeiros), praticamente o total das minhas baixas comissões. Dinheiro curto, mas bem-vindo para ajudar nas despesas de casa, até que a esperança de ganhar um pouco mais voltasse no domingo seguinte.


                - “Vá lá em cima e traga a Manchete de Ieda Maria Vargas”, pediu-me Tia Dade com sua voz bonita. A ordem soou como uma senha para o paraíso. Obedeci com satisfação, pois ficaria livre por alguns momentos das tarefas cansativas. “Vá lá em cima” significava sair da loja e caminhar uma pequena distância até a casa da Tia Dade, pertinho da Igreja Matriz. 
      Minha paixão pelas Misses tinha começado um ano antes, quando vi a baiana Maria Olívia Rebouças Cavalcanti, Miss Brasil 1962, na capa de O Cruzeiro. A convivência com a Tia Dade despertou-me para o mundo das Misses. Ela era missóloga, um termo desconhecido naquele tempo. Sabia tudo sobre os concursos e na época do Miss Brasil ia dormir tarde, escutando pelo rádio as reportagens precárias, cheias de chiados, que as emissoras transmitiam direto, ao vivo, do Maracanãzinho, Rio de Janeiro. A televisão era algo ainda distante, um luxo, um fantástico sonho de consumo  que não tinha chegado em São José da Laje.  
       “Vá lá em cima e traga a Manchete de Ieda Maria Vargas”. Fui e peguei a revista como se pega um tesouro incalculável.  Corri para o oitão da Igreja e mergulhei naquelas páginas transbordantes de glamour, com fotos e mais fotos sobre a eleição da gaúcha Ieda Maria Vargas, Miss Brasil, como Miss Universo 1963. Na volta para a loja, algumas pessoas diziam: - “Este menino está com a Manchete de Ieda!” Quanto orgulho! Senti-me um menino-rei! Quando cheguei à loja, Tia Dade me aguardava ansiosa. Pessoas estavam esperando a Manchete como se estivessem na fila do Cine São José para verem um filme estrelado por Rock Hudson ou Elizabeth Taylor

O Top 3 do Miss Universo 1963. Aino Korwa, Miss Dinamarca, segundo lugar; Ieda Maria Vargas, Miss Brasil, primeiro; e Marlene MacKowen, Miss Irlanda, terceiro lugar.
             Anos e anos depois, já morando no Recife, encontrei num "sebo" um exemplar daquela Manchete de 1963, capa riscada e gasta pelo tempo. Feliz da vida, comprei a revista como se estivesse comprando uma senha para o paraíso.  Anos e anos depois, encontrei-me com Ieda Maria Vargas no Clube Português do Recife. Felicíssimo, pedi a ela que autografasse um velho álbum de recortes como se estivesse pedindo uma senha para o paraíso.  Em ambas as situações, o menino que um dia eu fui viveu uma realidade com sabor de sonho. 
 
Uma das relíquias dos meus álbuns de recortes sobre concursos de Misses. O autógrafo de Ieda Maria Vargas na página amarelada pelo tempo, ao lado de uma foto extraída de um exemplar da revista Manchete.
                Aquele tempo se foi, para sempre se foi, mas todas as vezes que pego na minha Manchete com Ieda Maria Vargas na capa, sorrindo com a coroa de Miss Universo 1963, agradeço a DEUS por tudo que vivi. Fecho os olhos e reencontro o menino sonhador que fui um dia, feliz por ter recebido da Tia Dade uma senha para o paraíso, “Vá lá em cima e traga a Manchete de Ieda Maria Vargas”.

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sábado, 2 de abril de 2011

DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO

INAUGURAÇÃO DO FORRÓ NO SÍTIO

Localizado em uma área imensa do Loteamento Juazeiro, no bairro Cézar Augusto, o mega empreendimento FORRÓ NO SÍTIO, com capacidade para 8 mil pessoas, administrado por PR-Produções, é um espaço fantástico que veio para ficar. ***** A inauguração aconteceu  no  sábado, 02, e foi prestigiadíssima por um público ansioso por um espaço de lazer no estilo do Forro no Sítio. ****  A festa começou às 22h30min com a prata da casa, a Quadrilha Vuco-Vuco, sob a supervisão de Edvaldo Melo, e o conjunto Forroriá. Outro valor local fez a juventude dourada delirar: o DJ Bolha. A grande atração convidada, Arreio de Ouro, excepcional, deu um show inesquecível. ***** Destaques: as brincadeiras de  Marcílio Montieux em um dos intervalos; o longue da boutique Kara Nova; os mimos da emprsa de telefonia Vivo; os arranjos das mesas (candeeiros encontrados nas feiras-livres)... ***** Muita gente importante, que raramente circula nas noites da região, marcou presença. ***** O apresentador Nivaldo Feliciano fez um anúncio que arrancou aplausos: O Forró no Sítio será palco do Baile de São Pedro e entre as atrações estarão Eliane e Mastruz Com Leite.  ***** Muitas pessoas simples da comunidade faturaram alguns reais extras, tomando conta dos veículos nos estacionamentos privativos, dirigindo mototaxis, vendendo chapéus de vaqueiros, etc. *****  A juventude dourada prestigiou o evento em grande estilo, um verdadeiro desfile de charme e elegância.       
Joaquim Francisco de Morais Andrade Filho (Quinquinha) e Maria Izabel Guedes Regis de Albuquerque,  traço de união entre Macaparana e São Vicente Ferrer, na extrema direita, liderando um grupo onde estavam Leonardo, Raniere e Manoel Neto, na grande noite timbaubense do Forró no Sítio.  ***** Abaixo, Wellington, Quinquinha e Maria Izabel.

A juventude dourada, o charme da noitada
Juca Queiroz, Mirelle Vieira, Valter, Polyne Arruda, Artur e Shirley entre as 4.000 pessoas que marcaram presença na inauguração do Forró no Sítio.
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O CINQUENTENÁRIO DE MARIA APARECIDA VIEIRA

Maria Aparecida Vieira (Cida), adora carnaval, mas jamais imaginou que um dia, ao completar 50 anos, ganharia de presente das filhas Milena e Mirelle uma festa privê com muito frevo. ***** O Bar do Bode recebeu uma decoração carnavalesca impecável. Uma orquestra afinada tocou das 23 horas do sábado, 26 de março, até às 04 horas da madrugada do domingo. ***** De parabéns a equipe de garçons supervisionada por Valdeci, assim como Bia Fest & Mazé Gonçalves, responsáveis pelas bebidas e petiscos da noitada, respectivamente.***** Detalhe: a celebração foi surpresa para a aniversariante. Suas filhas organizaram tudo em segredo.
Mirelle, Cida, Josivaldo Alexandre (Priminho) e Milena.
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DE ALAGOAS PARA O MUNDO - A POESIA DE JOÃO PINHEIRO DE ANDRADE LYRA


A POESIA DE JOÃO PINHEIRO DE ANDRADE LYRA

Daslan Melo Lima

               No próximo dia 08 de abril, quando da celebração dos  132 anos de emancipação política de Timbaúba, será lançada uma revista especial  que contou com a minha colaboração e pesquisa. Uma página da publicação foi dedicada ao poeta João Pinheiro de Andrade Lyra. Na reportagem, fiz um resumo da biografia dele, ilustrada com uma foto e com a transcrição de seis haicais do livro "Essencias do Brasil em Jarros do Japão". 

 
               Pouco conhecido em Timbaúba-PE, sua terra natal, o poeta João Pinheiro de Andrade Lyra, filho do jornalista, poeta e industrial Carlos Lyra Filho e Líbia de Andrade Lyra, nasceu em 03/11/1912, onde viveu até os oito anos de idade. Neto do Coronel Carlos Lyra e sobrinho do jornalista Jader de Andrade, estudou em Garanhuns-PE e  iniciou o curso ginasial no “Ginnasio de São Bento” em São Paulo.  Os cursos médio e superior foram concluídos nos Estados Unidos e Europa, respectivamente. Voltando ao Brasil, João Pinheiro era então identificado como poeta, jornalista, escultor, xilógrafo, pintor, professor, poliglota, músico, engenheiro e matemático. Fixou residência no município de São José da Laje-AL, onde seu avô havia fundado a Usina Serra Grande. Contraiu matrimônio com Josefa Vieira Lyra com a qual teve sete filhos: Ivan Gregório, Eugênio Fabrício, Maria Líbia, Maria Angélica, Maria Elisabete, João Pinheiro de Andrade Lyra Filho e José Carlos Lyra. João Pinheiro tinha orgulho de suas raízes timbaubenses e sempre que podia visitava Timbaúba com a esposa, hospedando-se na casa do seu tio Hugo de Andrade, localizada na Rua Dr. Alcebíades, imóvel hoje pertencente ao industrial Luismar Melo.
               Em 1951, João Pinheiro lançou o livro ”Essências do Brasil em Jarros do Japão”, um livro de haicais, com ilustrações a bico de pena feitas pelo autor, impresso na Tipografia São José, em São José da Laje-AL. Os versos abaixo são tidos como alguns dos mais belos da sua obra. 

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Libertação - Borboletas são / Mil cores fugindo às dores / De um cárcere, o chão!
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Contraste - Luz...tanta no céu, / meu Deus! E, nos homens Teus, / quanto espesso véu!
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Ventania de InvernoSerras cachimbando... / Cabelos verdes são pelos... / De frio dançando...
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Antigo ElogioPena, és arma ousada / que, bem dirigida, tem / mais força que a espada!
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Fora de Qualquer DúvidaCerteza de amar-me... / somente de Mãe a gente / dirá sem alarme.
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À Saudade (Da seda do coração) - Saudade, és retrós / que liga a pessoa amiga, / que está longe, a nós!
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               Para João Pinheiro, todo cantar do coração, todo sentimento da alma, todo  fervor da inteligência era a poesia. Era o Belo a dominar, era a perfeição a preferir. E João Pinheiro cultuava a Perfeição com o amor puro de pai que fora, com o desvelo de esposo fiel ao seu único amor. Só não fora poeta em toda a extensão do termo, porque fora um homem organizado. João Pinheiro viveu encontrando-se sendo o que sempre foi, um poeta, em esteta, um sentimental, um homem simples. (Gazeta de Alagoas, 1955)
               João Pinheiro de Andrade Lyra faleceu em 05/10/1955, no Hospital Centenário do Recife. Seus restos mortais encontram-se hoje no mausoléu da família, em São José da Laje. Sobre o grande poeta timbaubense-lajense foi dito que “era uma inteligência rara, sempre a caminhar em busca do Belo, da Arte, do Sentimento. Era simples na aparência, grandioso na intimidade. Vestia-se como um simples, sem olhar para a indumentária. Selecionava os amigos procurando-os dentre os que não fossem maltrapilhos de espírito. Só o Cérebro era a sua Alma. Só a Arte era a sua razão. E só o coração dominava seus impulsos.”



Timbaúba-PE, 02/04/2011
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SESSÃO NOSTALGIA - Os primeiros trajes típicos do concurso Miss Brasil


Daslan Melo Lima


PRÓLOGO

              
          Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 22 de junho de 1963. Trinta mil pessoas estavam naquele ginásio de esportes para acompanhar os desfiles de vinte e quatro jovens que sonhavam com o título de Miss Brasil.  Além das apresentações em traje de gala e maiôs Catalina, pela primeira vez elas iriam se apresentar em trajes típicos. Todos os anos, nos concursos internacionais,  as brasileiras usavam como trajes típicos  os de “Baiana” , que remetiam às fantasias de Carmem Miranda (1909-1955). A partir de 1963, com a inclusão dos desfiles dessa categoria no concurso Miss Brasil, as vencedoras passaram a usar no exterior os mesmos trajes típicos usados durante a competição nacional.

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OS PRIMEIROS TRAJES TÍPICOS DO CONCURSO MISS BRASIL

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Miss Acre, Maria Cristina Laport “Xapuri”, traje típico da fronteira Brasil-Bolívia, composto de saia e blusa de diversas cores, lenço na cabeça.
Miss Alagoas, Terezinha Binas“Índia”, modelo depois trocado pela Miss, que preferiu “Gogó da Ema”, simbolizando as praias de Maceió. Na foto, apresentamos o modelo “Índia”, de penas brancas de ganso e colares. 
Miss Amapá,  Themis Kohler da Cunha  -  “Marabaixo”, dança e procissão de origem banto, modelo de blusa branca Saint-Tropez, saia de cetim branco e diadema do Divino Espírito Santo. 
Miss Amazonas,  Fátima das Neves Silva, oitava colocada no Miss Brasil  - “Índia do Rio-Mar”, reprodução de paramentos indígenas de um ritual bugre. Na cabeça, um cocar de penas de arara e gavião real, biquíni de “guias” de garça, conjunto de pulseiras, colar comprido de dentes de bichos, malha cor da pele e arco e flecha. 
Miss Bahia, Jerusa Sampaio“Baiana Autêntica”, modelo usado pelas mães-de-santo de Iansã, de três anáguas e uma saia bordada, além de bata e um pano da Costa, bordados. 
Miss Brasília, Denise Rocha de Almeida, quarta colocada no Miss Brasil“Bandeirante do Século XX”, autoria de Evandro de Castro Lima. Este traje compõe-se de casaca preta, camisa branca e short, cartola e bengalinha, malha cor de carne, sapatro pretos e gravatinha-borboleta. 
Miss Ceará,  Vera Maria Barros Maia “Iracema”, a tal dos lábios de mel, penas brancas, cocar colorido, arco e flecha. 
Miss Espírito Santo,  Sônia Marta Anders”Rainha do Mar”, traje de autoria da própria Miss, que desejou homenagear as praias de Vitória. O modelo é todo bordado em pedrarias verdes, cauda dourada, colares e pérolas, capa verde e azul, coroa e cetro – tudo isso custando 400 mil cruzeiros.
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Miss Estado do Rio, Miriam Montenegro da Fonseca - “Floricultura”, modelo de saia em algodão azul barrada com fita de gorgorão branco, blusa de organdi suíço branco, guarnecido de passamanaria, avental e lenço de cabeça em visnil estampado. 
Miss Guanabara, Vera Lúcia Maia, terceira colocada no Miss Brasil“Calçadas do Rio”, traje-cópia dos mosaicos cariocas, branco e preto, bordado em pedrarias. Uma estola, colares e sandálias completam o modelo. 
Miss Goiás, Solange Brockes Tayer“Anhanguera”, traje preto, cinturão e botas de couro de bezerro. 
Miss Maranhão,  Esther Ewerton Santos“Bumba-Meu-Boi”, festejo junino do Norte, modelo de calção de cetim vermelho, blusa branca, amplo peitilho de veludo negro, bordado em canutilhos e miçangas, chapéu florido  com fitas longas. 
Miss  Mato Grosso,  Terezinha Elizabeth Cruz Vadouski“Filha de Cacique”, modelo de garças reais, bordado de pedrarias. 
Miss Minas Gerais,  Edma Saraiva“Congada de Ouro Preto”. 
Miss Pará,  Nilda Rodrigues de Medeiros, sétimo lugar no Miss Brasil - ”Mulata”, vestido de saia estampada, bordada de fitas vermelhas, lacinhos, babados bordados. Um buquê nos cabelos; na mão, uma peneira de pétalas, sandálias altas, vermelhas, de galão bordado. 
Miss Paraíba, Kalina Ligia Duarte Nogueira“Cangaceira”, traje de saia verde-bandeira, blusa branca, cartucheira em couro cru, espingarda, chapéu de couro. 
 
 

Miss Paraná,  Maria Tania Mara Franco de Souza, vice-Miss Brasil“Camponesa”, modelo inspirado na vestimenta dos colonizadores do Estado. Saia verde, ampla, da cor dos pinheiros, com barra e corpete dourados, bordados com algodão, café, madeiras e mate. Mangas fofas, chapéu e sapatos de palha natural. Colares de madeira tipo exportação. 
Miss Pernambuco, Vera Lúcia Bezerra “Frevo”, modelo composto de short prateado, blusa branca, fitas, casaquinho Saint-Tropez, sombrinha, descalça. 
Miss Piauí,  Maria da Consolação Teixeira e Silva “Vaqueiro do Nordeste”, traje confeccionado em pele de veado capoeiro, trabalhado em fios e em lâminas de ouro, chapéu, gibão peitoral, sapatos e rebenque. 
Miss Rio Grande do Norte,  Ísis Figueira de Melo“Apanhadora de Algodão”, modelo de calça comprida branca, blusão azul, representando as cores do Estado; sapatos e sacola em couro trabalhado em algodão “mocó”. 
Miss Rio Grande do Sul,  Ieda Maria Brutto Vargas, eleita Miss Brasil e depois Miss Universo  - “Exaltação dos Pampas”, estilização das antigas roupas gaúchas. Boleadeiras usadas para derrubar animais em carga (também servem de arma rural); faca para lutas e churrasco; chapéus e botas protetoras, que compunham o traje primitivo do gaúcho, hoje alterado pelas bombachas; cinturão para acompanhar o “xiripá”. O vermelho do lenço, o verde do “xiripá” e o amarelo das gregas formam as cores da bandeira gaúcha. Miss Santa Catarina,  Olga Mussi - "Camponesa da Boêmia", modelo estilizado, saia de veludo vermelho, ramos de café e espigas de trigo, simbolizando as riquezas do seu Estado; corpete preto de veludo, blusa de oganza branca, chapéus de renda. 
Miss São Paulo,  Dirce Augustus, quinta colocada no Miss Brasil – “Colhedora de Café”, de vestido de babado e faixa larga, chapéu de palha enfeitado de folhas e grãos de café e peneira também com os mesmos grãos. 
Miss Sergipe, Zelia Maria Mendonça Lopes, sexto lugar no Miss Brasil Maria Bonita”, modelo de saia havana e blusa turquesa, chapéu, cartucheira, sacola à tiracolo, botas e cintos em couro cru trabalhados em prata e pedrarias. Na mão, um rebenque, e um punhal atravessando o cinto. Um cangaceiro foi o assessor do traje.

Comentários extraídos da revista O CRUZEIRO, de 13/07/1963. As fotos  também são da mesma publicação. Os posters foram  elaborados por Evandro, redator do Misses na Passarela Blogger, evandrosilvabr.blogspot.com
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EPÍLOGO 
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               O traje típico usado por Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, eleita Miss Brasil e depois Miss Universo, conquistou o prêmio de o mais belo do Miss Brasil 1963. 
          Às vezes singelos, outras vezes parecendo alegorias carnavalescas, os trajes típicos dão sempre uma visão cultural das cidades, dos Estados e dos países que as Misses representam. E sobre o corpo  de mil jovens,  todos os anos, nas passarelas do mundo, os trajes típicos são molduras de sonhos envolvidos em glamour e fantasia.

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