Permitam-me falar hoje de uma mulher linda que foi Miss. Suas fotos não saíram nas grandes revistas da época, O Cuzeiro, Manchete e Fatos & Fotos. Sua fama não ultrapassou as fronteiras do Estado onde nasceu, mas marcou toda uma geração da cidade onde ela e eu nascemos : São José da Laje, Alagoas. E tem mais: ela foi minha professora. Seu nome: Josenira de Albuquerque Silva, Miss São José da Laje 1965.
Ano de 1964, Ginásio São José. Quando a nova professora entrou na sala para dar aula, um silêncio imenso tomou conta do ambiente. Ela era linda, simpática , elegante e extrovertida. No início, era complicado prestar atenção ao que ensinava, pois sua beleza tirava a atenção de todos. Naquele ano, ela coordenou um belo espetáculo para o desfile escolar do dia 7 de Setembro. Meninas do Grupo Escolar Carlos Lyra se apresentaram nas ruas vestindo trajes típicos dos Estados brasileiros. Antes do desfile, Josenira posou para a foto acima, ao lado das garotas. Ela é a jovem sorridente que está na frente de uma vidraça quebrada.
Professores do Ginásio São José. Da esquerda para a direita:Maninho, Antônio Aquilino, Marcos Pino, Josenira de Albuquerque Silva, Amaury Vasconcelos de Andrade e Francisco de Assis Pereira. |
----------
Maria Conceição de Alencastro, Mary Grace Oiticica Bandeira, Josenira de Albuquerque Silva (na foto de baixo, primeira à esquerda) e Maria José Gomes na passarela do Jaraguá Tênis Clube, Maceió, AL, 12/06/1965. (Acervo de Barros Expedictus).
----------
Estamos agora em 1965. No dia 12 de junho, no Jaraguá Tênis Clube, em Maceió, quatro jovens lindas disputaram o título de Miss Alagoas. Entre elas, estava Nirinha, como era carinhosamente chamada. As outras aspirantes ao título máximo da beleza alagoana eram Mary Grace Oiticica Bandeira (Miss Iate Clube Pajuçara, primeira colocada ), Maria Conceição de Alencastro (Miss Jaraguá Tênis Clube, segundo lugar ) e Maria José Gomes ( Miss Rio Largo). Nirinha deu um show de simpatia e comunicação, foi aplaudidíssima na entrevista e voltou para São José da Laje com o terceiro lugar.
Vou deixar um pouco a minha professora de lado para falar de Mary Grace Oiticica Bandeira, Miss Alagoas 1965, foto à esquerda. Causou surpresa a sua não inclusão entre as oito finalistas do Miss Brasil 1965. Para a grega Kiriaki Tsopei, Miss Universo 1964, presente no Maracanãzinho, a moça mais bela era Miss Alagoas, depois Maria Raquel Helena de Andrade (Miss Guanabara, eleita Miss Brasil) e adiante Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, a preferida do público, que acabou em quarto lugar e foi o motivo da maior vaia da história do Maracanãzinho. Meses depois, quatro louras chegaram a se apresentar no programa "Você faz o Show", do Fernando Castelão, na TV Jornal do Commercio, Recife : Alda Maria Simonetti Maia, Miss Pernambuco 1965; Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Gunabara e Miss Brasil 1965; Solange Dutra Novelli, Rainha do IV Centenário do Rio de Janeiro, e Mary Grace Oiticica Bandeira, Miss Alagoas 1965.Vocês adivinharam qual delas colheu os maiores aplausos ? A loura das Alagoas, Mary Grace. Mas isso será assunto para uma outra Sessão Nostalgia.
Em 1965, o sonho de toda garota bonita era desfilar na passarela em forma de ferradura do Maracanãzinho, para um público estimado em 25 mil pessoas; ser coroada Miss Brasil, dar autógrafos e sair nas capas das revistas O Cruzeiro, Manchete e Fatos & Fotos. Elas não ambicionavam fazer do título um trampolim para uma carreira de modelo ou atriz. No máximo, durante o reinado, posavam para os comercias das empresas patrocinadoras do concurso e depois retomavam sua vida pacata de antes. Sem dúvida , para as jovens de origem mais modesta, havia o sonho de ascensão social através de um casamento com um rapaz rico, afinal, era 1965 e estávamos na metade dos românticos anos 60. E quase todas as garotas sabiam de cor a letra da música Canção das Misses, de Lourival Faissal, gravada por Ellen de Lima.
Os estados brasileiros se apresentam
nesta festa de alegria e esplendor.
Jovens misses seus estados representam
seus costumes, seus encantos, seu valor.
Em desfile, nossa terra, nossa gente,
pela glória do auriverde em céu de anil.
Sempre unidos, leste, oeste, norte , sul,
Aposentada, feliz e realizada, a hoje Josenira Degroot (o Degroot por conta do seu casamento com um belga, falecido) mora em Maceió e continua irradiando carisma e simpatia. Sua presença era ansiosamente aguardada no dia 05 de janeiro, em São José da Laje, onde ela receberia o cobiçado troféu "Guerreiro Lajense". Um desencontro de informações, no entanto, adiou a homenagem, pois Nirinha tinha viajado dias antes à Bélgica.
Há 43 anos, a minha autoestima e a de todos os meus conterrâneos foi lá para o alto por conta da notoriedade de Josenira de Albuquerque Silva, minha professora Miss. E como um título de Miss é para toda a vida, nossa autoestima continua, quarenta e três anos depois.
*****
13 comentários:
Realmente, a Nirinha é e merece tudo que você relata, talvez muito mais, não por eu ser seu amigo, não por ser seu ex-aluno, não por ser seu admirador, mas pela pessoa super maravilhosa e atenciosa que ela foi, é, e com certeza continuará sendo
Daslan, fiquei emocionada ao ler teu texto sobre Nirinha, minha prima. Ainda hoje, é uma mulher linda, que nos encanta a cada sorriso que nos concede. Bom, sobretudo, saber que a Laje tem memória e uma história que cabe, a todos nós, escrever cada pedacinho. Obrigada pelo momento de agora com essa leitura. Parabéns.
Daslan, eu até entendo sua admiração por Josenira, o alter-ego de muitos lagenses. Mas além da suposta beleza, ela era simpática, comunicativa, daí o sucesso.
Por sinal, Josenira é um dos personagens do livro "SALMO & ZELMA", cuja ação se passa 80% em São José da Lage, de antes da cheia de 1969. Personagens ilustres estão neste livro de autoria do também lagense Joaquim Alves.
Minha gente fiquei emocionado de ler na net, comentários de uma pessoa como Josenira, que não tive ainda o prazer de conhecer, sou Lajense com muito orgulho e agora mais ainda; nasci em 1965 e estudei no Carlos Lyra e no Ginásio São José, fico feliz da Laje ter pessoas por quem temos orgulho, parabéns Nirinha, já sou seu fã. Deus lhe proteja!
Minha amiga Josenira, a quem chamo de "eterna musa lajense", povoou meu sonho de pré-adolescente na minha amada São José da Laje.Quantas e quantas histórias daquela menina-moça eu presenciei junto às fofoqueiras de plantão. A juventude, a beleza,a alegria e o espírito aventureiro de Josenira mexiam com os corações masculinos dos anos 50-60.Parabéns, amigo poeta, por trazer nossa musa de volta !
grande poeta e amigo conterraneo Daslan, aqui deixo meu agradecimento por ter postado minha humilde foto com as 4 finalistas do Miss Alagoas 1965....forte abraço e que Deus te dê bastante sabedoria para continuares nos deliciando com tuas grandes reportagens de temas variados...
Garota maravilhosa que não perdeu a simplicidade e o encanto.
M.C.C.
FORA DE BRINCADEIRA.
AGORA FOI PARA VALER.
ESTOU EMOCIONADA , NÃO POR ESSE PASSADO DISTANTE , MAS PELO CARINHO DE VOCÊS.
OBRIGADA DE TODO CORAÇÃO.
Somente hoje, tive ciência destas informações pertinentes a Josenira.Dar-se-ia o caso de silenciar, porem noblesse oblige, reconheço que sempre é tempo para se elogiar um passado tão lindo e por que não dizer, glamouroso. Meus sinceros parabens, Uriel Coutinho.
Lendo agora o comentário de Uriel Coutinho.
Fiquei lisongeada.
Ele filho do Dr. Aureliano e da mui querida Dona Emília.
A vida tem dessas coisas.
Muito obrigada Uriel.
Aqui , o meu agradecimento mais uma vez.
Em especial também a vocë Uriel Coutinho , filho do Dr. Aureliano e da gentil Dona Emília.
Te abraço.
Olá sou neto de uma das sua alunas de 1964 a 65 Maria edinaura Araújo, desfilei representando o estado de minas gerais se não me falhe a memória,para ser mas especificamente o estado que representa o ouro.Mas e com muita alegria que revejo os velhos e verdadeiramente bons tempos,um abraço minha queria eterna professora nirinha...Fui sua aluna no antigo grupo escolar Carlos lira.Um beijão
Oi
Postar um comentário