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sábado, 16 de maio de 2009

SESSÃO NOSTALGIA - Maria Olivia, vale a pena ser Miss

Daslan Melo Lima


      "Vale a pena ser Miss?" A reportagem de Ciro de Andrade, ilustrada com fotos de Maria Olívia Rebouças, Miss Bahia e Miss Brasil 1962, feitas por Geraldo Móri, no cenário bucólico da Fazenda Monte Alto, em Américo Brasiliense, São Paulo, trazia a resposta de um ícone dos anos 60 na revista Manchete, de 23/04/1966.


A história de Maria Olívia como rainha da beleza parece inverossímil, pois aos 15 anos, em Itabuna (Bahia), ela era tão magra e tão alta, para a sua idade, que todos a chamavam de Olívia Palito.
“Eu era a garota mais desengonçada do lugar”, confessa ela a sorrir.


Depois disso, foi estudar em Salvador, e, com o tempo, melhorou de tal maneira que as próprias colegas passaram a considerá-la a mais bela aluna do curso clássico.
Um dia, suas melhores amigas decidiram intimá-la a participar do concurso para a eleição da Miss Universitária.
- Mas vocês estão malucas? – disse Maria Olívia simplesmente aterrorizada. - Pois se eu fico vermelha de encabulamento quando percebo que algum rapaz está olhando insistentemente para mim!



Maria Olívia Rebouças Cavalcanti na capa da revista MANCHETE,30/06/1962


Entrou em cena seu tio, o Professor Mendonça filho, na época diretor da Escola de Belas Artes de Salvador. Ele incentivou a sobrinha, ela acabou perdendo o medo e inscreveu-se. O supervisor do desfile de Miss Universitária era Evandro de Castro Lima, campeão de fantasias do carnaval carioca. Evandro ensinou-lhe a arte de desfilar e, depois que Maria Olívia foi eleita rainha da beleza universitária, ele a foi cumprimentar e disse categoricamente:
- Você agora deve preparar-se para ser Miss Brasil. Garanto que vai ser eleita.


- Evandro, até hoje um bom amigo, nem sequer deu-se ao trabalho de falar em Miss Bahia – recorda Maria Olívia. - Foi logo pensando no Maracãnazinho. "Meu tio também concordou. Meus pais não viam a idéia com bons olhos, mas eu acabei decidindo, e eles não reclamaram. Mas foi principalmente por causa dos meus colegas universitários, que tanto haviam feito para a minha primeira eleição de beleza, que coloquei meu nome entre as candidatas ao título estadual."

Até o último momento esperava perder. E, quando recebeu a faixa,vendo a responsabilidade que assumia naquele instante, ficou morta de medo, pensando: “Meu Deus! Que é que eu vou fazer no Maracanãzinho?”



Maria Olívia em traje de gala na noite do Miss Brasil, vestido de seda branca pontilhado de águas marinhas. (MANCHETE, 30/06/1962)


A loura Christa Linder, Miss Áustria, semifinalista, candidata favorita de Maria Olívia, e a morena Norma Beatrice Nolan, Miss Argentina, eleita Miss Universo 1962.(O CRUZEIRO, 28/07/1962)

"O quinto lugar me deixou plenamente feliz, mas achei injusto, por parte dos jurados, o que fizeram com Miss Áustria deixando-a apenas entre as 15 semifinalistas, quando ela era infinitamente mais bela do que Miss Argentina, que afinal ganhou a cora de Miss Universo. Na posso afirmar nada, mas desconfio de que haja uma certa política determinando o julgamento em Miami."


Outra coisa que ela recorda é o rigor com que as candidatas são examinadas em Miami. 

"Todas ficam de maiô, e algumas senhoras tiram as medidas corporais. Qualquer artifício é logo descoberto. As européias, principalmente, costumam aumentar artificialmente o tamanho do busto, ficando encabuladas quando uma das examinadoras, sem lhes pedir para tirar a roupa, adverte: - I’m sorry... Estou desolada, senhorita, mas creio que a medida do seu busto não coincide com a realidade..."


Ao voltar dos Estados Unidos, Olívia aceitou o convite de uma fábrica paulista e rumou para a França como recepcionista brasileira no Salão do Automóvel. Nessa ocasião, conheceu o astro William Holden, que ia rodar um filme em Paris e a convidou para fazer uma boa ponta, ganhando bastante em dólares. Chegou a visitar o estúdio de filmagem e a experimentar o vestido que usaria. Mas desistiu por um motivo: havia lá uma porção de camaradas de cara esquisita, todos com um charutão na boca (certamente os chefões da produção), e que a olhavam dos pés á cabeça.

      No dia 22/06/1963, Maria Olívia passou a coroa para Ieda Maria Vargas, sua sucessora no trono de Miss Brasil. Na noite seguinte, ela e Ieda foram a uma festa e lá Maria Olívia conheceu o fazendeiro paulista Olavo de Almeida Pereira de Cordes, que estudava Direito no Rio de Janeiro. Foi amor à primeira vista. Ficaram noivos um mês depois e casaram no dia 04 /12/1963. Após o casamento, foram morar na fazenda Monte Alto, em Américo Brasiliense, a 18 km de Araraquara, São Paulo.

Confissão de Olavo de Almeida: "O destino quase me fazia perder aquele encontro supremo.Eu devia ter feito provas alguns dias antes, na Faculdade, e depois disso pretendia seguir para o Uruguai e a Argentina.. Já estava com a passagem marcada. Na última hora, a professora adiou o exame e fui obrigado a ficar no Rio. Se não fosse isso, não teria ido àquela festa. Bendita professora!"


Maria Olívia Rebouças e Olavo de Almeida Pereira de Cordes. (Foto: Geraldo Móri, Manchete, 23/04/1966)


Maria Olívia e os filhos Olavinho e Flavinho. (Foto: Geraldo Móri, Manchete, 23/04/1966)

Vale a pena ser Miss? Resposta de Maria Olívia:


"Vale a pena sim. Se o tempo voltasse atrás, eu gostaria de ser eleita novamente Miss Bahia, depois Miss Brasil, e finalmente quinta colocada em Miami. Não por vaidade, ou para ostentar estes títulos. O concurso serviu principalmente para que eu me tornasse mais desembaraçada, afirmando minha personalidade, pois sempre fui profundamente acanhada.

"Terei orgulho de contar aos meus filhos e netos que, um dia, fui Miss Brasil e quase cheguei a Miss Universo. Mas, se tiver a filha que ainda não veio, preferiria que não se candidatasse, pois estou de acordo com a opinião de meus pais no dia em que decidi concorrer a Miss Bahia: - Filha da gente em concurso de beleza - disseram eles - sempre dá preocupação. Não há nada de moralmente condenável nesses concursos, mas a preocupação dos pais é muito grande. Além do mais, já basta uma Miss Brasil na família, não acham?”


      Feliz, tranqüila, realizada, Maria Olívia Rebouças, minha Miss Brasil inesquecível, já contou repetidas vezes aos seus descendentes que um dia foi Miss Bahia, Miss Brasil e quase Miss Universo. Ela se orgulha do seu passado de rainha da beleza e não se cansa de dizer que valeu a pena ser Miss.

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