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sábado, 24 de junho de 2017

SESSÃO NOSTALGIA – Miss Beleza Internacional 1964, uma joia chamada Gemma Tereza Guerrero Cruz

Daslan Melo Lima

       "O primeiro dia de uma miss internacional ainda é pontilhado das emoções do sucesso acabado de acontecer. No caso de Gemma Tereza Guerrero Cruz, entretanto, essas emoções não perturbavam a sua maneira simples e quieta de conversar com os repórteres. Miss International Beauty Congress, Miss IBC para os íntimos, estava tranquila diante das perguntas. E disse o que tinha a dizer. Sem vacilar e sem tremer a voz."
         Assim começava o texto da reportagem Uma jóia chamada Gemma, publicada na revista O Cruzeiro, Ano XXXVI, nº 49, de 12/09/1964.


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Uma joia chamada Gemma

Uma jóia chamada Gemma - Ubiratan de Lemos entrevista Miss IBC em Long Beach. Fotos de Indalécio Wanderley. ***** Á esquerda, fotos de Gemma Tereza Guerrero Cruz, a "Mimi", nascida em 30/09/1943, Miss Filipinas, Miss Beleza Internacional 1964, e de Vera Lúcia Couto dos Santos, Miss Guanabara, vice-Miss Brasil e terceira colocada no Miss Beleza Internacional 1964. ***** Á direita, Gemma Tereza Guerrero Cruz na manhã do dia 15/08/1964, após ter conquistado na noite anterior, no Long Beach Auditorium, um dos mais cobiçados títulos de beleza do mundo.  
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- É verdade que você doou os 10 mil dólares do prêmio para as crianças americanas?
- Mandei dar o dinheiro às crianças, não às americanas, que não necessitam de contribuição financeira, mas às do meu país.
-  Você só fala inglês?
- Também uso o espanhol. Com Verinha, de quem me tornei amiga desde logo, só converso na língua de Cantinflas.
- Você tinha candidata a rainha do IBC?
- Sim, Verinha. Não estou dizendo isso agora. Verinha e as outras sabem que meu voto era dela. Para mim ela é a Miss IBC, e eu a sua amiga e fã.
- Por que você escolheu Verinha? Por que não Miss Alemanha, ou a loura da Argentina?
Simplesmente porque acho Verinha completa: tem plástica, personalidade, encanto de conversa, e uma coisa muito importante que eu não sei o nome em inglês.]
 - É borogodó.
- Que é borogodó?
- Borogodó é isso que Verinha tem e você não sabe dizer. Borogodó é magia mulata. Desculpe-nos. Um repórter é um sujeito às vezes profissionalmente mal educado. Você tem costume de ler? Ler páginas de longo curso, não apenas histórias de enredo certo?
 - Ler não é um hábito. Ler é um movimento da vida. É claro que leio coisas sérias e outras sem importância. Entre as primeiras nomeio os escritores franceses, que são os da minha preferência. Cito André Gide, Camus e Mauriac.
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      Já sabíamos da educação de fino trato da charmosa Gemma. Uma doçura em tudo, educação universitária americana, financiada pelo capitalismo de seus pais.   
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- Gemma, você é religiosa?
- Sou católica apostólica romana. O meu país é católico como o Brasil.
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  Deixamos de lado Gemma e tomamos Verinha pelo braço:
- Você está satisfeita com o 3º lugar?
 - Invente outra palavra. “Satisfeita” não satisfaz. Estou explodindo de alegria. Estou que não me aguento.
- Vimos você de conversinha com Arlene Dahl. Que era aquilo?
- Ela foi me dizer que tinha votado em mim. Disse também que gostaria de conhecer o Rio.
- Os americanos trataram bem de você, Verinha? Alguma queixa deles?
- Vou falar francamente. Vou dizer, talvez, o que não deveria dizer: os americanos me tratarem em Long Beach – o povo da rua e a  plateia do estádio – melhor do que fui tratada no Maracanãzinho. E nas ruas do Rio, depois que fui Miss Brasil número 2. Achei os louros do Pacífico adoráveis. Nem por um segundo senti a tal da discriminação. Não é para botar banca não, mais fui beliscada de olho por muito bonitão de olhos azuis.
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Gemma, agosto de 1964

Gemma é abraçada por Vera Lúcia Couto dos Santos. Foto: revista Manchete, 29/08/1964, Ano 12, nº 645.
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Gemma sendo coroada pelo ator Hugh O'Brian (1925-2016). ***** Imagem: web.
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Gemma e sua mãe, a escritora Carmen Guerrero Nakpil. Imagem: web.
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Vera Lucia Couto e Gemma Tereza na capa da revista Manchete, 29/08/1964, Ano 12, nº 645.
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"A beleza pura alegra para sempre os olhos - Miss Filipinas, agora Miss Beleza Internacional de 1964, nunca fora fotografada em maiô. E pediu que não mandasse tais fotos para seu país, onde é funcionária de um museu e escreve sobre história. Mas Verinha está habituada a posar assim, como uma estátua de ébano animada por um sopro de vida." - Texto e foto de Gervásio Batista, revista Manchete, 29/08/1964, Ano 12, nº 645.
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Gemma Cruz Araneta, um orgulho das Filipinas

Gemma Cruz Araneta - alchetron.com

    A herança ancestral da Gemma Tereza Guerrero Cruz, ou simplesmente Gemma Cruz Araneta, como é mais conhecida atualmente, inclui personalidades proeminentes na história filipina. Maria Rizal, irmã de José Rizal (1861-1896), herói nacional das Filipinas, é sua bisavó. Sua mãe, Carmen Guerrero Nakpil, foi casada com o capitão Ismael Argüelles Cruz, neto de Maria Rizal e Daniel Cruz. Ele foi torturado e morto por soldados japoneses, juntamente com seu pai, Mauricio Cruz (filho de Maria Rizal) durante a "Libertação de Manila" em fevereiro de 1945.
       Gemma tem muitos primos que também são descendentes das irmãs de Rizal. Uma tia se casou com um descendente da família Laurel, que deu ao país um presidente, um vice-presidente, um senador e um presidente da universidade.  Através de seu casamento com o Dr. Antonio Sebastian Araneta, pai da sua única filha Fatimah Araneta, está vinculada a quase todas as famílias que produziram líderes filipinos até o presente, bem como clãs aristocráticos de influências regionais. Outro membro do clã Araneta é  Jorge Araneta, que se casou com a primeira vencedora do concurso Miss Beleza Internacional, a colombiana Maria Stella Márquez Zawadzky, eleita em 1960.
            Em 1968, o presidente Ferdinand Marcos (1917-1989) nomeou a Miss Beleza Internacional 1964 diretora do Museu Nacional. Gemma foi membro do Instituto Nacional de História e Secretária do Departamento de Turismo.  Em 2003, foi eleita Diretora Administradora e Presidente da Heritage Conservation Society of Philippines (HCS) e reeleita em fevereiro de 2006. A HCS tem um projeto em andamento com o Departamento de Educação - Heritage Schoolhouses Restoration Program. Até agora, três casas escolares da época colonial americana foram restauradas, aumentando o inventário nacional de escolas.
         

       Gemma é autora de vários livros, entre eles a biografia de José Rizal, herói nacional das Filipinas. 
"Eu definitivamente quero cutucar a curiosidade intelectual dos estudantes filipinos, esperando que mergulhem mais fundo, mais sérios nos estudos da história das Filipinas. Os jovens devem aprender a amar a nossa pátria e estar preparados para defendê-la em todos os momentos." Gemma Cruz Araneta.
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 Fonte: sites das Filipinas 
          
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       Timbaúba, Pernambuco, Brasil, 24 de junho de 2017. Um forró toca ao longe. É noite de São João. Acredito que não há festas juninas nas Filipinas, pelo menos da forma como nós conhecemos no Brasil. O que sei é que os filipinos adoram concursos de misses. 
        Houve um tempo em que o Maracanãzinho atraía mais de 25 mil pessoas nas noites em que jovens sonhadoras de todos os estados brasileiros disputavam o título de Miss Brasil. Nos meses de junho, por essa época. já sabíamos quem iriam representar o País nos concursos de Miss Universo, Miss Beleza Internacional e Miss Mundo.  
        Se sonho com a volta de um Maracanãzinho repleto? Sim! Sonhar não é proibido. Paixões são paixões, simplesmente paixões, não se explicam.  

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Um comentário:

Vera Lúcia disse...

Como é bom ler e saber por onde estão as misses que fizeram história em concursos de beleza. Adorei a crônica.