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sábado, 7 de março de 2015

SESSÃO NOSTALGIA - Zayra Pimentel, Miss Pernambuco 1957, para os íntimos

 Daslan Melo Lima
      
        “Zayra Pimentel para os íntimos”,  esse seria o título da Sessão Nostalgia desta semana, simplesmente “Zayra Pimentel para os íntimos”. Todavia, um título de Miss é para sempre. Eu não poderia omitir o nome Miss do título. Miss para sempre Miss. Não existe ex-Miss, a não ser que ela tenha renunciado ou sido destronada por  descumprimento do regulamento do certame.  Eu tinha de construir o título desta forma, “Zayra Pimentel, Miss Pernambuco 1957, para os íntimos”. Antes de revelar algumas confissões e imagens de Zayra, pouco conhecidas do público,  vale a pena situá-la num breve contexto de um tempo que se foi. Todas as imagens desta matéria são reproduções que fiz do vasto acervo da Miss PE 1957.


Primeira página do Diario de Pernambuco, 11/05/1957. Já era madrugada do domingo, 12 de maio, no Clube Português do Recife, quando foi anunciado o resultado do concurso Miss Pernambuco 1957:  Zayra Moreira Pimentel, Miss Clube Náutico Capibaribe, primeiro lugar.  

 Zayra Pimentel, Miss Clube Náutico Capibaribe. 

TOP 3 - Miss PE 1957. ***** Sônia Maria Campos, Miss Circulo Militar do Recife, segundo lugar; Zayra Pimentel, Miss Clube Náutico Capibaribe, primeira colocada; e Violeta Botelho, Miss Clube Português do Recife, terceiro lugar. ***** Detalhe: Sônia Maria Campos voltou a concorrer no ano seguinte representando o Santa Cruz Futebol Clube. Conquistou o primeiro lugar, foi eleita vice-Miss Brasil 1958 e primeira representante brasileira no Miss Mundo. 

Sônia, Zayra, Nelbe Souza (Miss Pernambuco 1956) e Violeta Botelho.

      A filha de Jair Pimentel, clarinetista e sargento da Polícia Militar, representou Pernambuco no Miss Brasil 1957, ano em que a vencedora foi Teresinha Morango, Miss Amazonas.  Em 1961, ostentou a faixa de Rainha do Carnaval do Recife e  fixou residência  no Rio de Janeiro, e aceitou convite para representar a AABB-Associação Atlética Banco do Brasil no Miss Guanabara.  


      A Miss PE 57 conquistou o coração de um rei, o da canção romântica, Francisco José (1924-1988), o maior cantor português de todos os tempos, pai de Adília, sua única filha. Compositor e intérprete da famosa canção "Teus Olhos Castanhos", Francisco José também foi o galã do filme homônimo. Zayra fez teatro, televisão e trabalhou nos filmes “O Último Cangaceiro”, de 1971, dirigido por Carlos Mergulhão; e “Café na Cama”, de 1973, de Alberto Pieralisi. Poderia ter prosseguido na carreira artística, mas ingressou no Serviço Público Federal e formou-se em Direito.
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       Por onde anda a diva? Aposentada, mora no bairro de Copacabana, Rio de Janeiro, na mesma rua onde residem sua filha Adília e a neta Dominic Carvalho.  Tive a satisfação de ser seu hóspede durante minha última estadia no Rio de Janeiro, e de ouvi-la falar demoradamente sobre sua vida.
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ZAYRA POR ZAYRA


1 - Morei num apartamento aqui no Rio, com doze pessoas. Os tempos eram muito difíceis. Televisão era um luxo e todas as noites, para distrair as crianças da casa, eu lia os capítulos do romance “As chaves do Reino”, de Cronin.  Tenho todos os livros de Cronin e a obra completa de Dostoiévski.
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2 - Terezinha Morango foi recepcionada por mim e pelo prefeito do Recife quando desembarcou no Aeroporto Internacional dos Guararapes, após ter sido a segunda colocada no Miss Universo 1957, realizado em Long Beach. Desfilamos em carro aberto até à rua da Aurora, no centro da cidade. Depois viajamos para João Pessoa, PB, onde desfilamos novamente e fomos alvo de muito carinho. Terezinha era linda, mas entre as minhas concorrentes ao Miss Brasil, eu gostava mais do tipo de Karin Japp, Miss Paraná, quinta colocada.
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3 - Fui a primeira mulher a andar de lambreta no Recife. Ganhei uma como pagamento de um comercial que fiz para a televisão.
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4 - Eu adorava meu pai. Ele tocava clarinete e gravou discos pela Mocambo, o selo da fábrica de discos Rozemblit. De vez em quando tinha crises de impaciência. Como sargento da Polícia Militar, ganhava pouco para sustentar a família numerosa. Fiquei com raiva quando pedi uma boneca que chorasse e ele me deu uma com cabeça de porcelana e corpo de pano. Neuza, minha mãe, era uma mulher linda e morreu de câncer três meses antes do concurso Miss Pernambuco.  
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5 - Eu era apontada como forte candidata ao título de Miss Guanabara 1961.  Saiu até uma reportagem no Diario de Notícias com este título “Se Zayra vencer haverá três pernambucanas na disputa do Miss Brasil".  As outras eram Maria Lúcia Santa Cruz, Miss Pernambuco, e Carmem Aurélia Rodrigues de Lima, Miss Rio Grande do Norte, que tinha ficado em segundo lugar no Miss Pernambuco. Isso deve ter me prejudicado. Levei uma bronca de Maria Augusta da Socila quando um membro da comissão julgadora fez um gesto positivo para mim, no final do meu desfile, e eu acenei para ele. Maria Augusta gritou : "Isso não pode!". Chateada, respondi que todo mundo já sabia que aquilo era um jogo de cartas marcadas.
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6 - Éramos quatro irmãos, Zanoni, Zoroastro, Zenaide e eu. Lembro-me da casa simples da Vila dos Remédios, rua Alcedo Marrocos, nº 81, na Estrada dos Remédios, no bairro de Afogados, Recife. Fomos morar depois em Olinda, na Manoel Borba, nº 458. Eu adorava meu irmão Zanoni, lindo, atlético, que chegou a me acompanhar em alguns compromissos como Miss Pernambuco. Ele morreu jovem, aos 37 anos de idade, assassinado com um golpe de facão na frente do filho, ao apaziguar uma briga em Brasília.   
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7 - Quando cheguei ao Rio para disputar o Miss Brasil, a colônia pernambucana ofereceu um coquetel em minha homenagem. Entre os convidados estavam Aderbal Jurema, deputado federal (segundo da esquerda para a direita);  Abelardo Jurema, ministro da Justiça (terceiro da esquerda para a direita);  e Barros Carvalho, senador, na extrema direita.

Quem também marcou presença no  coquetel foi Maria do Socorro Gurgel, Miss Rio Grande do Norte, e Beatriz Souza, na esquerda da foto acima, mãe de Nelbe Souza, Miss Pernambuco 1956.



No centro da foto, eu e Nelbe Souza, ladeadas pelos convidados.
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8 - Eu não pensei que ia fazer tanto sucesso no carnaval carioca de 1972. Meu traje era simples, mas o corpo estava em forma e acabei nas páginas das revistas O Cruzeiro, Manchete e Fatos & Fotos.


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9 - Eu não casei de papel passado com Francisco José, mas aquela reportagem da Revista do Rádio, em 1965, falando sobre nosso casamento, foi bom para ambos. Eu estava grávida e nossas famílias eram conservadoras.
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10 - Já estudei pintura. Minhas primeiras telas retratam o clarinete do meu pai e um casario de Olinda. Também fiz alguns autorretratos.




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11 - Meu parto foi complicado, por fórceps, mas minha filha Adília cresceu linda e inteligente. Deu-me uma neta maravilhosa, Dominic Carvalho, estudante de museologia.

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12 - Fui convidada para aparecer nos maiores programas da televisão pernambucana. Acima, no "Você faz o Show", de Fernando Castelão, na TV Jornal do Commercio, Canal 2, com Marluce Laranjeira, Miss Clube Internacional do Recife. Abaixo, no mesmo programa, ladeada por Nelbe Souza, Miss Pernambuco 1956, e sua vice, Lieselotte Cornils, que morreu no último mês de janeiro.





Aqui estou no programa de José de Souza Alencar, o Alex, falecido no último mês de janeiro, dia 24. Eu; Sônia Maria Campos; a jovem madrinha do Clube Português, cujo nome não recordo; Violeta Botelho e Alex.

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13 - Sou formada em Direito e tenho carteira da OAB. Meu padrinho de formatura foi  Teotônio Vilela (1917-1983), o Menestrel das Alagoas. Quando comprei um Alfa Romeo, ele me disse que não entraria no meu carro e acrescentou: "Não é só no seu carro.  Eu não entro em nenhum Mercedes Benz de nenhum amigo meu. Porque num país onde setenta por cento da população ganha salário mínimo e passa fome, eu considero uma agressão.“ Teotônio era uma pessoa muito humana e um exemplo de ética na política.
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14 - Fui candidata à função de vereadora de Olinda nos anos 90, apoiada por Germano Coelho. Ele conseguiu se eleger para prefeito, mas os votos que ganhei foram insuficientes para assumir uma vaga na Câmara Municipal de Vereadores.
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       Orgulhosa de suas raízes, Zayra adorou o chapéu com a bandeira de Pernambuco que lhe dei de presente e não cansou de elogiar a carne de charque que tambem levei para ela, iguaria que rendeu saborosos pratos feitos por Sebá, um pernambucano da cidade de Escada que zela por sua casa há muitos anos. 
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        Zayra mantem afixado numa das portas de entrada do seu apartamento a capa do jornal CORREIO DE NOTÍCIAS, edição de julho de 2013, mostrando uma manifestação popular. "Achei a foto linda, lembra uma pintura épica!" 
        O jornal é editado pela empresa DJ Publicações, de Timbaúba, PE. Nessa edição consta uma matéria de página inteira que escrevi sobre ela. A referida reportagem foi emoldurada e decora uma das paredes da sala principal.


          Levei a página do jornal para ela autografar. Eis o que Zayra escreveu: "Por todo o carinho, apoio e esperança que você me deu. Zayra M. Pimentel, Miss Pernambuco 1957."
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      A Zayra Pimentel de hoje não dá muita importância à vaidade. Solteira e afastada de badalações, seu livro de cabeceira é O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec
      No entanto, basta colocar batom e pentear o cabelo para trás, num singelo rabo  de cavalo, que qualquer um percebe que está diante de uma diva, uma pessoa incomum, com aquele carisma que fez dela uma das mais famosas misses pernambucanas de todos os tempos.



        Determinada, raciocíno rápido, sensível, anfitriã generosa, Zayra Pimentel há quatro anos insistia para que eu fosse passar o carnaval no Rio de Janeiro. Além de ter me hospedado em seu apartamento, também hospedou o jornalista Muciolo Ferrreira (que me levou a vários pontos turísticos)  e o cerimonialista Wilton Condé, de 12 a 21 de fevereiro. 
          Na hora de retornarmos ao Recife, Zayra ficou muito emocionada. Quería que ficássemos mais tempo. Da calçada, olhei para o primeiro andar e acenei para ela com lágrimas nos olhos, enquanto agradecia em silêncio: 
Obrigado, meu DEUS! 
Obrigado, Zayra Pimentel! 
Obrigado, comissão julgadora do concurso Miss Pernambuco 1957! 
Obrigado, Muciolo Ferreira!

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Zayra Pimentel já foi homenageada duas vezes nesta secção:
24/07/2010, SESSÃO NOSTALGIA - Zayra Pimentel, Miss Pernambuco 1957 
31/07/2010, SESSÃO NOSTALGIA - Zayra Pimentel, a pernambucana que poderia ter sido Miss Guanabara 1961
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9 comentários:

Anônimo disse...

Ah Daslan!

Quantas saudades já sinto dos dias maravilhosos que passamos ao lado da Zayra. Não vejo a hora de voltarmos ao Rio e reencontrar essa pernambucana generosa, amiga, uma guerreira que nos enche de orgulho pelo ser humano notável que é. E você, como poucos, penetra no seu interior e revela na Sessão Nostalgia a essência da alma - o imponderável da beleza.

Muciolo Ferreira

Anônimo disse...

Linda reportagem!

É instigante ler mmatérias que revelam a intimidade de pessoas famosas.
Nuca pensei que Zayra tivesse sofrido perdas ainda tão jovem, como a da mãe.

Eterna Zayra, musa de Olinda, Pernambuco te adora!

J. Reis Velozo - Olinda

heluisa luisa sales disse...

Que trajeto lindo de vida, gostaria de conhecê -la pessoalmente e possível? Moro em copacabana também, figa que sim��

DASLAN MELO LIMA disse...

Recado para HELUISA LUISA SALES: mande-me uma mensagem por e-mail, a fim de que eu possa fazer a ponte entre você e Zayra Pimentel.

Anna Eduarda disse...

Olá, sou bisneta de Aderbal Jurema e quero lhe dizer que há erros quanto às suas legendas referentes ao meu bisavô nas fotos cima:

1) A foto legendada com ""Quando cheguei ao Rio para disputar o Miss Brasil, a colônia pernambucana ofereceu um coquetel em minha homenagem. Entre os convidados estavam Abelardo Jurema, ministro da Justiça, o segundo da esquerda para a direita; Aderbal Jurema, deputado federal, o quarto da esquerda para a direita; e Barros Carvalho, senador, na extrema direita."" está incorreta. Aderbal Jurema é o segundo homem em pé da esquerda para a direita.

2) A foto legendada com ""Aderbal Jurema, uma senhora que deveria ser sua esposa, não lembro bem, e eu."" NÃO corresponde ao meu bisavô Aderbal Jurema, nem a sua esposa Ivete Jurema, e não tenho idéia de quem seja.

Agradeço se a senhora puder corrigir!

Muito Obrigada

Anna Eduarda Falcão

Anônimo disse...

boa correção,Anna!Todos agradecemos.sou fã de Zayra,para mim, a MB,em 57.parab´ens,Daslan,pelo excelente trabalho!Abraços,Japão

Unknown disse...

Felicidades.Estudei com vc no Colégio Moderno e éramos muito amigas naquela época de ginásio.
Fiquei feliz em.saber de sua trajetória.linda miss Pernambuco

Unknown disse...

Foi minha vizinha na estrada dos remédios

Unknown disse...

Zaira Pimentel Foi um grande prazer ver voce deslumbrante como sempre, numa cachoeira de fotgrafias que te enaltecem como diva que es! Nao sei se ainda te lembras de mim, eu a conheci em 1986 quando eu era gerente de uma concessionaria Ford em recife, A CIDAR VEICULOS, quando voce levou seu veiculo com uma leve batida para conserto. Alguns dias depois passamos uma noite maravilhosa quando voce me recebeu em seu apartamento em Olinda proximo aohotel quatro rodas. Lembra-se?... Se quiser falar comigo pode ligar a qualquer hora, eu gostaria muito de ve-la novamente. Voce e maravilhosa. Voce me chamava de Galego . 62 99927 9535