*****

SEJA BEM-VINDO ! SEJA BEM-VINDA! VOCÊ ESTÁ NO BLOG PASSARELA CULTURAL, cujas postagens, na maioria das vezes, são postadas aos sábados e domingos. Nossa trajetória começou em 02/07/2004, com o nome de Timbaconexão, como coluna sociocultural do extinto site de entretenimento Timbafest. Em 12/10/2007, Timbaconexão migrou para blog com o nome de PASSARELA CULTURAL, quando teve início a contagem de visitas. ***** Editor: DASLAN MELO LIMA - Timbaúba, Pernambuco, Brasil. ***** Contatos : (81) 9-9612.0904 (Tim / WhatsApp). E-mail: daslanlima@gmail.com

sábado, 21 de abril de 2012

DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - Daniel Lima (1916-2012), "Viver é estar sempre dando adeus"


Daslan Melo Lima

 Daniel Lima (02/05/1916 - 15/04/2012)
 .....
    O padre e poeta Daniel Lima morreu no dia 14 de abril, no Recife, aos 95 anos de idade, por complicações decorrentes de uma pneumonia. Ele ganhou projeção nacional ao conquistar, em dezembro do ano passado, o prêmio literário da Fundação Biblioteca Nacional na categoria poesia, pela obra "Poemas", editado pela CEPE - Companhia Editora de Pernambuco, seu primeiro livro publicado.
            Nascido em Timbaúba, PE, em 02/05/1916, Daniel dos Santos Lima foi pároco em Nazaré da Mata, PE e depois de se mudar para o Recife lecionou Filosofia em instituições de ensino superior da capital. Ligado a correntes progressitas da Igreja, atuou nas Ligas Camponesas de Francisco Julião. Figura célebre em rodas acadêmicas e literárias pernambucanas, deixou mais de 20 obras inéditas. Escreveu durante toda a vida, mas nunca quis publicar seu trabalhos. "Poesias" só foi editado em 2011 por insistência da escritora e professora universitária Luzilá Ferreira, ex-aluna de Daniel Lima que "roubou" os originais e depois o convenceu a publicá-los.
          Abaixo, alguns dos seus sábios textos místicos-poéticos.   
-----

...Se a vida não se detém em momento algum, então viver é estar sempre dando adeus. 
     A alguém, a alguma coisa; e não só exteriores a nós - amizades, lugares, objetos - mas adeus a nós mesmos, sobretudo. 
          Pois se alguém nos deixa, ainda que só nos tenha encontrado em rápido instante, alguma coisa de nós, de nosso sentimento pessoal do mundo, de nosso ser, se perde quando esse se afasta. 
      Sem que o queira, ou pense, o mais futuroso homem vai, a cada momento, se desmanchando um pouco no que passa.
-----

Eu sou a metáfora de mim.
Por isso, quando eu morrer morrerá meu poema.
Restarão apenas palavras sem sentido,
formas tornadas vãs de um mistério
Cuja chave perdida para sempre
No silêncio de morte
Ninguém encontrará.
-----

Sou o intervalo
            entre a palavra e o gesto.
E amar a vida,
            senti-la e consenti-la
                        é meu protesto.

-----

                                                          Vale a pena ser eu, mesmo perdido.
                                                          Um dia, hei de encontrar-me não sei onde,
                                                          numa esquina talvez ou na soleira
                                                          da casa de um amigo ou num presídio.

                                                          Já muito chão andei, sempre à procura
                                                          do que, não sei; de quem, pior ainda.
                                                          O endereço perdi de toda gente:
                                                          será que vou saindo, ou vou chegando?

                                                          No leste nasce o sol, mas é ao oeste
                                                          que coração e pés me vão levando,
                                                          eu, tão norte que sou, que o sul quem há de?

                                                          Perdido estou, sem referência alguma
                                                          do espaço e tempo, mas confuso embora,
                                                          sei que sou o perdido. E vale a pena.

-----

Antes, vivia na certeza,
como uma águia aprisionada na gaiola.
                        A dúvida me libertou
deixando-me voar no espaço livre,
                        não mais certo de nada
senão da importância do voo.
   

*****

Um comentário:

Unknown disse...

"... só eu sei as eaquinas porque passei...so eu sei,os desertos que atravessei...sabe la o que é não ter e ter que ter pra dá..."
abração amigo,
Dydha Lyra