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domingo, 24 de março de 2019

SESSÃO NOSTALGIA – Adalgisa Colombo, Miss Brasil 1958, irreverências e borbulhas de champanhe


Daslan Melo Lima

Adalgisa Colombo 

Está prevista para o próximo mês, na Globo e no Gloplay, a estreia da minissérie Se  eu Fechar os Olhos Agora, escrita por Ricardo Linhares, com direção artística de Carlos Manga Jr, inspirada no livro homônimo de Edney Silvestre. A atriz Mariana Ximenes viverá o papel de Adalgisa Colombo (1940-2013), Miss Distrito Federal, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1958.


                            Adalgisa Colombo, Miss Brasil 1958

         No livro “Feliz 1958 – O Ano Que Não Devia Terminar”, de Joaquim Ferreira dos Santos, Editora Record – Rio de Janeiro – 1997, há  várias revelações que dizem muito da personalidade irreverente da carioca Adalgisa Colombo, a manequim da Casa Canadá que se tornou um ícone da beleza brasileira.


       “Fui a primeira miss produzida em laboratório da história. Eu sabia que não tinha os olhos azul-turquesa da Marta Rocha: precisava inventar um diferencial, uma armação que superasse as outras. ”
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        “O maquiador oficial do concurso enchia de pancake as pernas de todas as candidatas, para esconder imperfeições. Aquilo dava um tom horrível à pele, morto. Deixei que o maquiador fizesse o trabalho, mas antes de desfilar fui ao banheiro e tirei tudo, no lugar coloquei óleo Johnson. Deu brilho, sensualidade, um aspecto mais saudável e atraente. ”
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    “Para que as pernas ficassem mais compridas ainda dei uma cavadinha no saiotezinho do maiô. Não era uma peça inteiriça como as de hoje. Vinha com um meio saiote para não deixar muito definido o desenho do sexo da mulher. Com a cavada, a sexualidade também ficou mais evidente e agressiva. ”
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     “As misses adoravam o cabelão nos ombros porque dava um clima mais romântico. Eu desfilei de coque. Era a maneira de valorizar o pescoço, uma parte muito sensual do corpo, e também os ombros. ”
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     “Um dos momentos mais tensos do desfile é quando a candidata vai ao microfone. Desde o ano anterior eu já estava trabalhando na Rádio Globo, com um programa de entrevistas, que era uma maneira de me preparar para o concurso. Me saí bem no teste do microfone, embora tenha sido um pouco agressiva no discurso. Disse que cada um devia se comportar do jeito que a educação lhe recomendasse. ”
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      “Pela primeira vez o concurso tinha uma diretora de desfile, a Maria Augusta, da Socila, uma casa de curso de etiqueta que estava começando naquele ano. Só que eu era uma profissional de desfile, desfilava no estilo francês, e a Maria Augusta inventava umas coisas muito estranhas pras misses. Umas rodadinhas, uns pivôs, que faziam a arquibancada vibrar, mas muito cafonas. Me recusei a fazer as marcacões dela. Desfilei como se estivesse na Canadá.”
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         Adalgisa tinha 1,65m de altura, 56 quilos, 89cm de busto, 61cm de cintura, 21 de tornozelo e 89 de quadris, além de todos aqueles truques que já vimos, mas o concurso de Miss Brasil exigia mais. Exigia uma avaliação, digamos, intelectual das moças nos bastidores. Os juízes passavam por elas e faziam perguntas de conhecimentos e sagacidade gerais. Adalgisa ainda se lembra do momento em que foi sabatinada por Nazaré.
      - "Se o fecho-ecler do seu vestido abrisse no meio do desfile, o que você faria?" – perguntou o ilustre costureiro. Adalgisa de início boquiabriu-se, depois pasmou-se. Enfim respondeu: - "Deixaria aberto, Nazaré. Decotado ficaria bem melhor.''  
       Ouçam o discurso que ela    fez, em inglês, of course, para Robert Kealer, o prefeito de Long Beach, a quem acabara de entregar um chapéu de cangaceiro: “Dizem que este chapéu foi usado por um pistoleiro chamado Lampião, que nossa policia militar matou no interior do Brasil. Mas não tenha medo, senhor prefeito, como o senhor vê, a cabeça dele não foi alvejada, somente o corpo. Coitado! Parecia um paliteiro.”
     Depois das gargalhadas, Adalgisa pediu que Kealer desse uma voltinha. Por alguma associação de imagens, lembrou do prefeito carioca, Negrão de Lima, que usava uma piteira toda empertigada e um chapéu gelô. “O senhor é elegante como o prefeito da minha cidade”, encantou Adalgisa. Virando-se para  a plateia americana, ela encerrou no mesmo tom. “Colombo descobriu vocês. Espero que agora vocês descubram a Colombo."


      Os organizadores do Miss Universo levavam as misses para um tour por Hollywood, sempre uma boa oportunidade de fotos para as revistas e, quem sabe, um romance consagrador para alguma moça. Adalgisa já estava comprometida com um empresário e alto funcionário da embaixada americana. De repente, um dos atores, o mais paparicado de todos, virou-se incomodado para aquela moça blasê. 
- Você não vai me pedir um autógrafo?
- Quem é você?
- Eu sou Hugh O’Brien, o Wyat Earp. Todo mundo me conhece.
 - Nunca ouvi falar, mas escreve aqui.
      O rapaz, que só faria sucesso no Brasil a partir do ano seguinte, com a mesma série, subitamente animou-se e tascou lá o autógrafo no papelzinho. Acreditem no que vem em seguida, porque aconteceu e está sendo contado aqui por primeira vez – e pela própria autora da façanha. “Eu pequei o papelzinho e piquei tudo bem pequenininho na cara dele" – relembra Adalgisa gargalhando. - "Onde já se viu homem tão convencido!"

      Evidentemente, nem todos estavam preparados para tanta autossuficiência. Pelo menos um dos juízes do Miss Universo confessou que foi por aí, por causa dessa arrogância, que o júri preferiu dar o título à colombiana Luz Marina, deixando Adalgisa com o segundo lugar. Foi o desenhista Vargas, famoso pelos desenhos de falsas pin-ups no início da Playboy americana. "Adalgisa perdeu porque deixou a naturalidade de lado"admitiu Vargas. Marta Rocha já tinha perdido porque tentara imitar os gestos e o andar de Marilyn Monroe. Agora é a vez de Adalgisa. Ela desfilou como se fosse a Gisa, modelo internacional. Não pode. A Miss Colômbia era mais espontânea e acabou ficando mais bonita com isso.
     Vargas queria mulheres de papel. Adalgisa era difícil de dobrar.

A recomendação de Adalgisa Colombo para Sônia Maria Campos, 
Vice-Miss Brasil 1958

Sônia Maria Campos
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Sônia Maria Campos e Adalgisa Colombo
Fotos de Gervásio Batista Manchete, Ano 6, nº 325, 12/07/1958
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          Ainda do livro de Joaquim Ferreira dos Santos: Em 1958, segundo a reportagem de Luís Edgar de Andrade, texto, e Indalécio Vanderley, foto – uma das duplas de ouro do incrível escrete de O Cruzeiro - , a grande concorrente de Adalgisa foi a morena Sônia Maria Campos, Miss Pernambuco, dona de grandes predicados físicos e que ainda por cima, como se não bastasse tal glória, “lê Shakespeare no original”. Sua eleição em Recife tinha ganhado contornos antropológicos: as adversárias, apesar do sotaque arretado da gota, eram todas louras. Foi preciso que Gilberto Freyre, com seu zelo genético, saísse de Apipucos para discursar veemente contra a excentricidade.
         Sônia tirou o segundo lugar no Miss Brasil, o que lhe dava o direito de disputar o concurso Miss Mundo em Londres. Antes de viajar, está em O Cruzeiro, Adalgisa lhe fez uma recomendação muito catita: - "Não deixe de ir à Holanda. Lá tem as tulipas, e as vaquinhas no inverno vestem um casaquinho abotoado na cintura.”

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Mariana XimenesFoto: Maurício Fidalgo / TV Globo

          “Ela tem um humor ácido e preciso, tem uma sagacidade absurda, mas, ao mesmo tempo, tem uma amargura bem profunda, mas que ela não revela. Tem tiradas absolutamente inteligentes. É uma mulher irreverente e se expressa desta forma na hora de se vestir, no cabelo, na maquiagem, nas unhas e na própria atitude. A Adalgisa é como borbulhas de champanhe”, ressaltou Mariana Ximenes sobre sua personagem ao gshow.globo.com

        Espero que a minissérie Se eu fechar os Olhos Agora focalize com fidelidade a personalidade e a trajetória de Adalgisa Colombo, Miss Distrito Federal, Miss Brasil e Vice-Miss Universo 1958, entre irreverências e borbulhas de champanhe.

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3 comentários:

Anônimo disse...


Dsaslan,

Adalgisa Colombo só tinha, 1,65m ? Pensei que fosse mais alta. No mínimo 1,72m. Não gosto do biotipo da Mariana Ximenes para o papel.Acho que cairia melhor se a atriz escolhida tivesse sido a Juliana Paes que tem personalidade mais forte nos personagens que interpreta. Mas vamos aguardar pra ver onde isso vai dá.

Muciolo Ferreira


DASLAN MELO LIMA disse...

Olá, Muciolo, eu também pensava que Adalgisa Colombo fosse mais alta.

Unknown disse...

Me desculpem a sinceridade , mas sempre omitem verdades . Os concursos de miss Universo de 1957 e 1958 , foram na verdade influenciados por uma espécie de golpe de estado , liderados por Vargas , que queria um boicote latino americano ao concurso que até então não alegia latino americanas . Em 1957 , a verdadeira campeã foi miss Alemanha , não miss Peru , que levou o titulo ( que de tão magra , a coroa desceu à cabeça e foi parar na garganta ). E com isso Terezinha Morango , pegou um vácuo e abocanhou um injusto segundo lugar , pois a rigor nao merecia nem estar entre as 15 finalistas . Adalgisa também foi favorecida , ( aliás o Brasil ) , que emplacou no sistema de Vargas , e em 2 anos seguidos os países latinos americanos , pegaram os primeiros lugares . Quem perdeu com isso foi o Brasil , que acabou perdendo o miss Universo de Maria José Cardoso , por culpa desta política imbecil de Vargas , e que o Brasil foi cúmplice . Adalgisa era linda , porém lhe faltava muito carisma e humildade . jose vagner - cubatao - sp - 13 - 988595800